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Algoritmo do Google pode estar decidindo em quem você vota

Quando buscaram pelo nome de um político, a ordem dos resultado influenciou em até 48% a decisão dos eleitores


	Google: pesquisadores mostram que a ordem em que os resultados aparecem pode estar influenciando sua opinião
 (Reuters/Peter Power/Exame)

Google: pesquisadores mostram que a ordem em que os resultados aparecem pode estar influenciando sua opinião (Reuters/Peter Power/Exame)

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Da Redação

Publicado em 18 de abril de 2016 às 14h12.

O Google se tornou o mecanismo de busca mais importante do mundo por causa do seu algoritmo.

Dentro da imensidão da internet, ele seleciona os links mais relevantes para aquilo que você buscou. Assim, a chance de encontrar o que procura é maior.

Buscar informações sobre políticos no Google é um bom jeito de saber fatos importantes sobre eles. Mas pesquisadores mostram que a ordem em que os resultados aparecem pode estar influenciando sua opinião.

Os pesquisadores Robert Epstein e Ronald Robertson analisaram o que eles chamam de "efeito de manipulação dos mecanismos de busca" em cinco eleições diferentes.

Nos experimentos, eles pediram que voluntários pesquisassem sobre candidatos em um mecanismo de busca que eles criaram.

O Google falso mostrava conteúdos reais, mas permitia que os pesquisadores decidissem em que ordem eles iriam aparecer.

Um dos grupos via, no topo, notícias positivas sobre um dos candidatos. Para o outro grupo, apareciam primeiro links favoráveis sobre o candidato oposto. Para servir de comparação, um terceiro grupo via os resultados distribuídos de forma aleatória.

Depois, todos votavam. E como resultado, os participantes tinham 48% mais chance de optar pelo candidato sobre quem o mecanismo de busca havia "falado bem".

Quando, entre os resultados, aparecia uma notícia crítica no top 4, o efeito era ainda mais intenso, porque os voluntários tinham uma sensação ainda maior de que a pesquisa estava sendo neutra e isenta.

Fora do laboratório, eles repetiram o experimento perto de uma eleição nacional em 2014 na Índia, com um número bem maior de participantes, que estavam indecisos sobre seu voto.

O efeito de manipulação foi alto de novo, 25% de influência sobre a decisão. O teste mostrou ainda que 99,5% dos voluntários não perceberam que os resultados da busca foram manipulados.

Nada disso quer dizer que o Google está conspirando para decidir o resultado de eleições ao redor do mundo.

Em primeiro lugar, a manipulação só funciona de fato para aqueles que não têm convicções políticas muito fortes - ou seja, têm maiores chances de mudar de ideia de acordo com as notícias lidas.

Em segundo lugar, são muitos os fatores que influenciam o algoritmo do Google e a ordem em que ele exibe os resultados  - quantos clicks aquela página recebeu, o quão confiável aquele site parece ser e se ele oferece links ou é linkado por outros sites confiáveis.

Não daria, então, para manipular conscientemente o ranking de resultados sem estragar a funcionalidade das buscas.

Outro ponto importante é que usuários de serviços do Google têm resultados de buscas personalizados, de acordo com o uso que fazem de apps como Gmail e Google Maps, além do seu histórico de navegação na internet.

Com isso, há o risco do algoritmo nos fechar em uma bolha, priorizando assuntos parecidos ao que já acessamos ao invés de conteúdos mais diversificados.

Assim, ele pode acabar mostrando aquilo que acha que queremos ver ao invés da informação que precisamos de fato.

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