Alemanha proíbe comercialização de boneca por risco de espionagem
Apesar de não ter ornado o recolhimento dos modelos comprados, as autoridades assumem que os pais serão "responsáveis" e que desativarão a boneca
EFE
Publicado em 17 de fevereiro de 2017 às 10h01.
Berlim - A Agência Federal de Redes da Alemanha proibiu no país a boneca "Cayla", ao considerar que o microfone e a conexão via bluetooth integrados no brinquedo o transformam em um possível instrumento de espionagem não permitido por lei.
"Objetos que ocultam câmeras ou microfones e que podem transmitir dados de forma despercebida ameaçam a esfera privada das pessoas", manifestou em comunicado o presidente da Agência, Jochen Homann.
A entidade pediu aos comércios que retirem a boneca, mas deixou claro que não atuará contra os pais, embora a lei alemã de telecomunicações proíba a posse desse tipo de dispositivos, além de sua fabricação e distribuição.
A Agência especificou que sua missão é informar sobre o perigo que representa "Cayla", mas que não pediu às lojas de brinquedos nenhum dado para identificar os compradores; assume que os pais serão "responsáveis" e que desativarão a boneca.
O problema de "Cayla" radica em sua conexão via bluetooth, que permite que qualquer pessoa escute e grave a conversa que mantida com a boneca sem necessidade de estar presente.
A proibição foi publicada depois que o jornal "Saarbrücker Zeitung" informou do caso, impulsionado por um estudante de Direito da Universidade do Sarre que enviou um relatório à Agência denunciando que a boneca violava a legislação nacional.
Em dezembro, a Organização de Consumidores e Usuários (OCU) da Espanha também advertiu sobre "graves" erros de segurança para a privacidade em "Cayla", disponível em lojas de brinquedos e na internet.
A OCU se baseava em um estudo realizado pelo Conselho de Consumidores Norueguês (Forbrukerradet), que detectou "preocupantes erros em torno da segurança e da privacidade dos menores aos quais estão dirigidos".
A Agência alemã explicou que está analisando outros brinquedos: "Trata-se de proteger os mais frágeis da sociedade", recalcou seu presidente.