A Intel nas cordas: o resultado do 3° tri trará respostas sobre o futuro?
Empresa vendeu divisão de memória e armazenamento recentemente e vê concorrentes se posicionando melhor no mercado
Thiago Lavado
Publicado em 22 de outubro de 2020 às 06h00.
Última atualização em 22 de outubro de 2020 às 18h12.
A Intel divulga nesta quinta-feira (22), o resultado do terceiro trimestre sob grande expectativa no mercado. Não porque há dúvidas no consenso dos analistas — é esperado que a empresa sofra uma queda no lucro no período e uma leve alta no faturamento, que deve vir em torno de 18,2 bilhões de dólares —, mas porque o anúncio pode trazer pistas sobre o futuro da Intel. A pandemia mexeu com a economia e os negócios no mundo todo. Venha aprender com quem conhece na EXAME Research .
Dias antes da divulgação dos resultados, a Intel anunciou a venda da divisão de armazenamento de dispositivos em flash (os SSD) para a coreana SK Hynix por 9 bilhões de dólares. O movimento marcou a quase completa saída da empresa do mercado de fabricação de armazenamento e memória.
Segundo o presidente da Intel, Bob Swan, a venda irá permitir à empresa “priorizar nossos investimentos em tecnologias diferenciadas, onde podemos desempenhar um papel maior no sucesso de nossos consumidores e entregar retornos atrativos aos acionistas”.
Com a venda, a Intel continua o movimento de focar em seu negócio principal, de fabricação de semicondutores e microchips, além do negócio de data centers — um mercado vencedor durante a pandemia de coronavírus, com empresas procurando se digitalizar e migrar processos para a nuvem. Apesar disso, o futuro da empresa é incerto.
A empresa ainda é a força dominante no mercado de chips para computadores pessoais e servidores, mas têm tido reveses nos últimos meses e anos. Em julho, anunciou que atrasaria o lançamento de novos chips com tecnologia de 7 nanômentros — ao passo que a Apple já lança processadores para smartphones com 5 nanometros entre os transistores. A fabricante do Mac inclusive afirmou, mais cedo este ano, que deixará a parceria histórica com a Intel e focará na fabricação de microprocessadores internamente.
A situação da Intel se complica quando se olha para o mercado. A venda da divisão de memória da empresa é apenas uma do movimentado ano de aquisições no setor de semicondutores. A Nvidia, fabricante de placas gráficas, anunciou em setembro a compra da fabricante ARM, um negócio de 40 bilhões de dólares. A imobilidade da empresa em desenvolver novas tecnologias e inovar nos processadores, inclusive, permitiu à concorrente AMD se aliar à taiwanesa TSMC e, juntas, as duas despontaram.
Há muitos desafios postos à frente da Intel. Talvez alguma resposta surja na divulgação de resultados desta quinta.