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O escritório sem cara do The Office: esta arquiteta busca na terapia ideias para layout de empresas

A arquiteta Giovanna Gogosz construiu um negócio ao mexer no layout de ambientes de trabalho e na psique de seus ocupantes

A arquiteta Giovanna Gogosz: ambientes corporativos como espaços de cura para quadros de depressão e ansiedade (Arquivo Pessoal/Divulgação)

A arquiteta Giovanna Gogosz: ambientes corporativos como espaços de cura para quadros de depressão e ansiedade (Arquivo Pessoal/Divulgação)

Daniel Giussani
Daniel Giussani

Repórter de Negócios

Publicado em 21 de dezembro de 2023 às 06h00.

A série americana The Office virou um hit perene no streaming com o dia a dia dos funcionários da empresa fictícia Dunder Mifflin, sempre às voltas com situações insólitas num escritório caótico. A arquiteta paulista Giovanna Gogosz entendeu a importância de um ambiente bacana para reduzir o risco de um negócio viver algo parecido com o que é motivo de risada em The Office

De origem humilde, Gogosz trabalhava numa construtora que faliu durante a grande recessão, iniciada em 2014. Para pagar as contas, o jeito foi virar chefe de si mesma, há seis anos. Por conta própria ela aprendeu coisas básicas na vida de um negócio: como encontrar clientes, cobrar o preço certo, cobrar os inadimplentes, e daí em diante.

Nos últimos anos, a empresa engrenou. Em 2023, faturou 3,4 milhões de reais, praticamente o mesmo do ano anterior, resultado equivalente a uma vitória para quem vive de casa e construção — o setor passa por uma ressaca depois de ter bombado na pandemia.

A resiliência do negócio de ­Gogosz tem a ver com uma frente de negócios criada a partir de ­hobbies dela para lidar com a pressão do dia a dia empreendedor. Para encontrar foco nos momentos mais difíceis dos primeiros anos com escritório próprio, ela praticava ioga e meditação.

Como funciona o Psicoarquitetura

O bom resultado dessas sessões levou Gogosz a uma pós-graduação em neurociência. Em 2021, ela lançou o Psicoarquitetura, um serviço para estudar a relação do indivíduo com o ambiente de trabalho.

“Podemos fazer espaços para pessoas que sofrem de ansiedade e depressão, por exemplo”, diz a arquiteta. “Vamos usar o ambiente para ser um espaço de cura. Cuidar da ergonomia, das cores, da parte estética do projeto, para que a pessoa se sinta bem e o mais confortável possível.”

A ciência já comprovou a relação entre as cores de um ambiente e o comportamento de quem o frequenta. O vermelho, por exemplo, atiça a competição entre colegas. O azul, por sua vez, favorece a colaboração.

Além de aplicar a teoria nos projetos que desenvolve, ­Gogosz oferece treinamentos para outros arquitetos — quase 60% da receita da empresa vem da Psicoarquitetura; e o restante, de projetos. A expansão da empresa deu a ela a chance de mudar algumas vezes de escritório — tudo isso para ganhar espaço.

“Toda vez que mudei de ambiente, mudei de vida”, diz. “Sempre que ia para um espaço maior, eu me enxergava maior. Dava mais valor para meu trabalho e, consequentemente, conseguia faturar mais.”

O ritual para a virada do ano

Para além de um zelo quase metafísico com os espaços de trabalho, Gogosz adota rituais para atrair sorte em momentos de repensar a vida, como costuma ser uma virada de ano. As resoluções dela para 2024 serão colocadas numa folha de papel chamada por ela de “mapa dos sonhos”.

“Escrevo meu nome no meio da folha, coloco o ano e vou puxando várias linhas”, diz. “Numa linha, coloco todos os meus sonhos pessoais. Noutra, meus sonhos profissionais. E assim vai indo. Isso me ajudou a definir no que apostar durante o ano.”

Ela costuma publicar os “mapas” nas redes sociais, onde tem 200.000 seguidores, muitos deles também adeptos do ritual. Para os próximos meses, entre os planos está levar a empresa dela para outros países — e ambientes.

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