Xi Jinping: meta de crescimento de 5% para 2023 (Kevin Frayer/Getty Images)
Repórter de Economia e Mundo
Publicado em 22 de março de 2023 às 06h00.
O governo chinês está comedido em 2023. Em 2022, a China não cumpriu sua meta de crescimento e o PIB subiu 3%, abaixo da meta de 5,5%. Neste ano, o Partido Comunista Chinês estabeleceu como objetivo crescer 5%.
“A meta pode facilmente ser excedida e deve ser vista muito mais como uma base — abaixo da qual as autoridades não querem cair”, disse em apresentação Carlos Casanova, economista sênior para a Ásia do banco UBP.
A confiança vem, sobretudo, da reabertura da economia após os lockdowns de 2022. Ainda assim, para crescer o planejado, o governo não deve aplicar incentivos na dimensão do pós-crise de 2008.
No mercado imobiliário, que responde indiretamente por quase um terço do PIB e é chave para a demanda global por minério de ferro, Pequim tenta evitar uma bolha e conter a escalada dos preços, um problema cuja crise da construtora Evergrande em 2021 se tornou o maior símbolo.
“O que parece é que, nos últimos dez anos, o governo chinês está tentando absorver todos os excessos criados justamente nesse período pós-2008”, diz Débora Nogueira, economista-chefe da Tenax Capital.
Para o Brasil, o tamanho da retomada chinesa será decisivo, uma vez que uma demanda aquecida ajuda a elevar os preços de commodities. Nos anos 2000, foi essa demanda que ajudou os primeiros governos Lula a ajustar as contas internas.
Seja qual for a rota, a China entra agora em uma etapa crucial: se cumprir o planejado, termina a década como maior economia do mundo. A transição de país de renda média para rico é turbulenta, e muitos costumam ficar pelo caminho (o Brasil que o diga). O mundo estará atento aos sinais de Pequim.
Esta reportagem faz parte da seção Visão Global, disponível na edição de março da EXAME. Leia também as outras notas da seção: