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Por que as agências de K-pop estão perdendo valor de mercado?

Mesmo com o crescimento da popularidade mundial do K-pop, ações das maiores empresas de entretenimento sul-coreanas caem até 56% em 2024

K-pop tem cada vez ganhado mais fãs ao redor do mundo, mas agências têm perdido valor de mercado. (JUNG YEON-JE/AFP/Getty Images)

K-pop tem cada vez ganhado mais fãs ao redor do mundo, mas agências têm perdido valor de mercado. (JUNG YEON-JE/AFP/Getty Images)

Fernando Olivieri
Fernando Olivieri

Redator na Exame

Publicado em 10 de setembro de 2024 às 06h02.

O K-pop tem se consolidado como um fenômeno global, com artistas como BTS e Blackpink quebrando recordes em plataformas como YouTube, Spotify e Billboard. No entanto, esse sucesso estrondoso não tem se refletido no desempenho das ações das principais agências de entretenimento da Coreia do Sul.

De acordo com a CNBC, as quatro maiores empresas do setor — Hybe Corporation, SM Entertainment, JYP Entertainment e YG Entertainment — tiveram quedas expressivas no valor de suas ações em 2024. Até o momento, as ações da Hybe caíram 29%, enquanto SM perdeu 36%, YG 37% e a JYP, maior perdedora, despencou 56% desde o início do ano.

Desempenho surpreendente, mas queda nas ações

A popularidade global do K-pop tem crescido exponencialmente nos últimos anos, especialmente com o sucesso de grupos como BTS e Blackpink. Esses artistas quebraram barreiras e estabeleceram marcos importantes na indústria musical, como o BTS se tornando o grupo mais vendido da história da Coreia do Sul e o Blackpink sendo o primeiro grupo sul-coreano a se apresentar no festival Coachella, em 2019.

O sucesso desses grupos também é refletido em plataformas digitais. De acordo com o Spotify, as transmissões de K-pop aumentaram mais de 180% nos Estados Unidos, 420% no Sudeste Asiático e 360% no mundo todo desde 2018.

No entanto, esse crescimento não tem sido suficiente para manter os investidores otimistas. A queda nas ações das quatro maiores agências de entretenimento sul-coreanas é atribuída a uma combinação de questões de governança e queda nos lucros. Recentemente, os lucros operacionais dessas empresas caíram drasticamente. O lucro da YG Entertainment, por exemplo, despencou 94,5% no segundo trimestre de 2024, enquanto o da JYP caiu 79,6%. Hybe e SM também sofreram perdas, com quedas de 37,4% e 30,7%, respectivamente.

A importância das vendas físicas

Uma das razões para essas perdas está ligada à queda nas vendas de álbuns físicos, que historicamente representam a maior parte da receita das agências. No primeiro semestre de 2024, as vendas de álbuns físicos caíram pela primeira vez em nove anos, com uma queda de quase 17% em relação ao ano anterior.

Apesar da era do streaming, as vendas de álbuns físicos continuam sendo uma importante fonte de receita para as agências. Isso se deve em grande parte aos "fansigns", eventos nos quais os fãs compram álbuns para aumentar suas chances de participar de uma sessão de autógrafos com seus ídolos. Esses eventos incentivam a compra em massa de álbuns, tornando as vendas físicas uma métrica importante para medir o sucesso de um grupo.

No entanto, à medida que as vendas de álbuns físicos caem, analistas começam a questionar se o modelo de crescimento contínuo dessas empresas ainda é viável. Embora os serviços de streaming, como o Spotify, estejam gerando receita crescente para os artistas sul-coreanos, as vendas físicas ainda são de 2,5 a 4 vezes maiores do que as receitas digitais, dependendo da agência.

Apesar das dificuldades, analistas ainda se mostram otimistas em relação às ações das empresas de K-pop. Relatórios recentes de corretoras como Samsung Securities e Mirae Asset Securities mantêm recomendações de compra para as ações da Hybe, SM, JYP e YG, prevendo uma recuperação nas atividades dos artistas, incluindo shows e lançamentos de novos álbuns, no segundo semestre de 2024 e em 2025. A expectativa é de que a retomada dos shows ao vivo e os novos lançamentos impulsionem os lucros das agências e ajudem a reverter a tendência de queda no valor de suas ações.

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