Rainha Elizabeth II manteve sua rotina de registros até os últimos dias de vida, como revelado em novas biografias. (Max Mumby/Indigo/Getty Images)
Redator na Exame
Publicado em 12 de novembro de 2024 às 09h19.
As últimas palavras escritas pela Rainha Elizabeth II em seu diário vieram à tona em uma nova biografia que detalha seus últimos dias e seu compromisso com a rotina. A obra "Charles III: New King. New Court. The Inside Story", escrita pelo renomado biógrafo da realeza Robert Hardman, teve uma reedição lançada recentemente e revela que, até dois dias antes de sua morte, a rainha manteve suas atividades habituais, incluindo o hábito diário de escrever. As informações são da Revista Monet.
Elizabeth II faleceu em setembro de 2022, aos 96 anos, de causas naturais. Segundo Hardman, a monarca seguiu fiel à sua rotina até o fim, demonstrando serenidade e comprometimento com suas responsabilidades. Mesmo com a idade avançada, ela permaneceu focada em suas obrigações como chefe de Estado. Entre suas atividades, estava o costume de registrar em seu diário os acontecimentos de cada dia, sem reflexões pessoais profundas, mas como uma documentação objetiva e precisa para o futuro.
De acordo com Hardman, o último registro feito pela rainha em seu diário foi simples e direto, refletindo seu estilo prático. Escrito em Balmoral, onde Elizabeth passava os meses de verão desde junho de 2022, o trecho relatava um encontro com Sir Edward Young, seu secretário particular, que estava lá para auxiliar nos preparativos para o juramento dos novos ministros de Liz Truss, então recém-empossada primeira-ministra do Reino Unido. “Edward veio me ver”, escreveu Elizabeth, referindo-se ao encontro com seu secretário, demonstrando que, até seus últimos dias, estava atenta aos detalhes de sua função e ao cenário político de seu país.
Esse foi o último compromisso público de Elizabeth, que, dois dias antes de seu falecimento, havia recebido Liz Truss em Balmoral, em um evento amplamente divulgado pela imprensa britânica. O encontro com a nova primeira-ministra tornou-se um marco histórico, simbolizando sua dedicação até o último momento. Hardman comenta em seu livro que Elizabeth escreveu de forma factual, como sempre, “sem floreios ou emoções explícitas, mas com a objetividade que caracterizou sua vida e seu reinado”.
O estilo de escrita da rainha era único e fiel ao seu caráter reservado. Seu diário não era um espaço para confissões ou para expressar sentimentos pessoais; ao contrário, funcionava como um repositório de fatos. Em conversa com o jornalista Kenneth Rose, Elizabeth chegou a afirmar: “Não tenho tempo para registrar as conversas, somente os eventos”. A rainha sempre manteve essa postura ao longo de seus 70 anos de reinado, valorizando a precisão histórica e mantendo sua vida pessoal longe do escrutínio público.
Para a historiografia britânica, esse diário é um legado importante, oferecendo um olhar objetivo sobre o cotidiano da monarquia britânica. O registro dos eventos permite que os historiadores entendam os bastidores de decisões políticas e a vida de uma figura pública que, apesar de toda a notoriedade, optava pela discrição em assuntos pessoais. Hardman afirma que esses registros, ainda que simples, são parte de um arquivo que ajudará a compreender o legado de Elizabeth II no futuro, representando uma fonte valiosa de informações sobre o contexto de seu reinado.