Veja as imagens tiradas pelo James Webb em 2023 (ESA/Webb, NASA, CSA, M. Barlow (University College London), N. Cox (ACRI-ST/Divulgação)
Repórter de POP
Publicado em 29 de dezembro de 2023 às 11h53.
Última atualização em 29 de dezembro de 2023 às 11h56.
O ano de 2023 foi, sem dúvidas, muito promissor para o setor de desenvolvimento espacial e a astronomia. Além de novos lançamentos de foguetes, missões iniciadas em vários países e descobertas intrigantes, agências espaciais como a Administração Nacional de Aeronáutica e Espaço (NASA) e a Agência Espacial Europeia (ESA) também registraram algumas das fotos mais bonitas do universo esse ano, com uso do telescópio espacial internacional James Webb.
De nebulosas, nascimento e morte de estrelas à imagens inéditas de alguns dos planetas mais remotos do Sistema Solar, James Webb esse ano capturou uma infinidade de recortes do universo que nos fez perceber a vastidão fora da atmosfera da Terra. Abaixo, separamos as 13 fotos mais bonitas tiradas pelo telescópio neste ano, confira:
*As informações foram retiradas diretamente do site da NASA dedicado ao telescópio James Webb.
Em busca de minúsculas estrelas-anãs marrons flutuantes, os astrônomos da NASA e da ESA apontaram as lentes do James Webb na porção central do aglomerado estelar IC 348. As anãs marrons da imagem são pequenos corpos celestes pequenos demais para serem considerados estrelas, mas grandes o suficiente para ultrapassar a área total de vários planetas.
Nessa foto, há três anãs marrons que têm menos de oito vezes a massa de Júpiter. A menor delas pesa apenas três a quatro vezes o peso do gigante gasoso, um fato curioso que desafia as teorias sobre a formação de estrelas. A parte roxa e rosa é feita de poeira estelar que reflete a luz das estrelas do aglomerado IC 348, conhecida como "nebulosa reflexiva".
Uma das áreas mais fotografadas do universo que esbanja beleza e mistério é a "Nebulosa da Águia" (M16), também conhecida como os "Pilares da Criação". Ela é formada por altas colunas de gás e poeira cinza, sobrepostas em uma névoa de poeira estelar laranja escura. Os pontos de luz roxos e rosas são estrelas gigantes — algumas das maiores já registradas —, que emitem uma quantidade massiva de raios X.
As imagens compostas aqui combinam dados dos telescópios Webb, Chandra, Hubble, Spitzer, XMM-Newton e ESO.
Com mais de 500 mil estrelas, a imagem revela um pedaço do coração da Via Láctea, um grande conglomerado de luz com 50 anos-luz de largura. Embora sejam bastante jovens, esses corpos celestes brilhantes são massivos. A parte azul ciano é uma densa nuvem de poeira estelar que é composta por hidrogênio ionizado. Logo no centro da foto, a estrela mais brilhante na coloração laranja tem mais de de 30 vezes a massa do Sol. Ela está localizada na região de Sagitário C (Sgr C).
Em conjunto dos "Pilares da Criação" está o aglomerado de estrelas NGC 346, que comporta as galáxias espirais NGC 1672 e Messier 74. Algumas das maiores estrelas já registradas estão nessa foto, espalhadas pelos "braços" das galáxias. O núcleo brilhoso ao centro é composto por várias estrelas e um buraco-negro supermassivo. Todo o sistema da foto mede cerca de 75 mil anos-luz.
A galáxia NGC 1672v foi descoberta em 1826 por James Dunlop. As imagens compostas aqui combinam dados dos telescópios Webb, Chandra, Hubble, Spitzer, XMM-Newton e ESO.
Conhecida como a Galáxia Catavento do Sul, a M83/NGC 5236 foi uma das imagens mais impressionantes capturadas pelo James Webb em 2023. A imagem mostra de perto a poeira estelar alaranjada, mesclada com pequenos pontinhos azuis — cada um deles representa uma estrela. Os braços amarelos são feitos de poeira estelar e, nesse caso, são também como "encubadoras" para a formação de novos corpos celestes.
O maior planeta do Sistema Solar também foi capturado pelo telescópio James Webb em 2023. Na imagem, Júpiter aparece com cores diferentes das já reconhecidas amareladas, porque os astrônomos investigavam os gases emitidos pelo planeta na estratosfera. Encontraram, com o telescópio, as camadas mais baixas e mais profundas do gigante gasoso, onde existem tempestades gigantescas e nuvens de gelo de amônia.
Além dos gases, os cientistas encontraram ainda uma espécie de ciclone com 4.800 km de largura sobre o equador do planeta, acima das principais camadas de nuvens. Por lá, os ventos viajam a 515 km/h, duas vezes mais rápido do que os ventos de um furacão de categoria 5 na Terra.
Um dos mais bonitos planetas do Sistema Solar, Júpiter tem um padrão complexo e repetitivo de ventos e temperaturas em sua estratosfera.
Entre as nebulosas mais brilhantes está a Messier 42, conhecida como Nebulosa de Órion, localizada ao sul do cinturão de Órion. No seu núcleo está o jovem Aglomerado de estrelas Trapézio, o mais massivo da região, ilumina o gás e a poeira com a luz roxa.
Conhecida como fábrica de estrelas, essa nebulosa é muito estudada pelos astrônomos que desejam saber mais sobre os primeiros anos de vida desses corpos celestes, uma vez que a M42 tem fluxos e discos de formação de planetas em torno de estrelas jovens; protoestrelas incorporadas; anãs marrons; objetos de massa planetária flutuantes e regiões de fotodissociação – as regiões de interface onde a radiação das estrelas massivas aquece, molda e influencia a química do gás.
Penúltimo na ordem dos planetas do Sistema Solar, Urano havia sido fotografado pouquíssimas vezes por astrônomos, justamente pela distância da Terra, de 2,6 bilhões a 3,2 bilhões de quilômetros. Em 2023, no entanto, James Webb fez história: conseguiu captar a imagem mais nítida do planeta da história, que mostra até mesmo seus anéis — ao menos, 11 dos 13 que ele possui.
Urano é um gigante gelado, e é possível inclusive ver uma calota polar (área branca brilhante) no lado direito da imagem. Vale dizer que o planeta demora 84 anos terrestres para dar uma volta ao Sol, nos quais cada um de seus polos experimenta 42 anos sem a luz do centro do Sistema Solar.
E falando de lugares gelados no universo, aqui está um vislumbre de um dos locais com as menores temperaturas de todas. A região é conhecida por ter os gelos mais profundos do espaço, e abriga moléculas congeladas, como dióxido de carbono, amônia e metano. Com temperaturas mais quentes, poderão se tornar blocos de construção da vida. Mas o clima lá gira em torno dos -263ºC.
Para se ter ideia, essa nuvem molecular é tão fria e escura que as moléculas – e não apenas a água – congelaram nos grãos de poeira dentro da nuvem.
Combinando os poderes do James Webb aos do Observatório de Raios-X Chandra, a NASA conseguiu uma das imagens mais bonitas da Nebulosa Tarântula já registrada. Os raios X do Chandra, em azul royal e roxo escuro, revelam os gases ferventes da nebulosa, que também são restos de explosões de supernova. Já o James Webb mostra a formação de estrelas bebês.
Um fato interessante sobre a Nebulosa Tarântula é que, ao contrário da maioria as outras nebulosas, essa tem uma composição química semelhante à das condições da Via Láctea há milhares de milhões de anos. Ou seja, para os astrônomos, ela é a perfeita localização para estudar como as estrelas se formaram num passado distante.
Dentro da Nebulosa de Ônion há muito espaço para estudo. Em 2023, James Webb tirou uma belíssima porção de fotos do lugar, aprofundando detalhes. Um deles é justamente o da foto, que mostra a Barra de Órion no que, à primeira vista, parece uma pintura renascentista. Mas essa captura vai muito além da beleza.
A imagem mostra, pela primeira vez, a coleta de dados de um novo composto de carbono, conhecido como cátion metil (CH3+), que pode ser a base da vida como a conhecemos.
O nascimento de uma estrela supernova é sempre um deleite de explosões. Em 2023, o telescópio James Webb registrou "o que sobrou" da supernova Cassiopeia A (Cas A), que se assemelha a um ornamento brilhante. A imagem mostra também a presença de enxofre, oxigênio, argônio e gás néon da estrela, embutidos no gás deixado para trás.
Toda essa poeira e moléculas que ficaram eventualmente se tornarão parte de novas estrelas e planetas.
A imagem que mais chamou atenção feita por James Webb este ano foi a da Nebulosa do Anel (M57 ou NGC 6720), que se parece muito com um olho humano. O telescópio não só explorou ainda mais os compostos da nebulosa, como também revelou aos astrônomos que a estrela que figurava como centro desse corpo celeste pode, na verdade, ter uma companheira. As características físicas sugerem que pode haver uma outra estrela menos, escondida pela luz, ajudando a esculpir as camadas lançadas pela estrela moribunda.