ESG

Startup que transforma carbono em ração animal recebe aporte da Total

A empresa britânica Deep Branch criou uma tecnologia que transforma CO2 em proteína, reduzindo a necessidade de extrair matérias-primas do meio ambiente; petroleira se une a investidores em aporte de US$ 8 milhões

Startup Deep Branch, que cria ração animal a partir de CO2, recebe aporte de US$ 8 milhões (Divulgação/Getty Images)

Startup Deep Branch, que cria ração animal a partir de CO2, recebe aporte de US$ 8 milhões (Divulgação/Getty Images)

A startup britânica Deep Branch garantiu fundos de investidores como a a gigante francesa de petróleo Total para seu plano de transformar emissões de dióxido de carbono em alimentos para galinhas, peixes e suínos.

A empresa usa um processo de fermentação semelhante à vinificação ou decapagem, mas os micróbios se alimentam de CO₂ e hidrogênio em vez de açúcares. O resultado é um produto com 70% de proteína chamado Proton, que pode substituir as rações convencionais para gado, como farinha de peixe e soja. A dependência da indústria agrícola dos dois ingredientes foi associada ao esgotamento dos estoques de peixes selvagens e causou o desmatamento em grande escala.

“Podemos ter preços competitivos com esses ingredientes sem prejudicar o planeta”, disse o diretor-presidente da Deep Branch, Peter Rowe, em entrevista. “Além de ser uma forma de produzir proteína sem precisar de terras agrícolas e desmatamento ou pesca excessiva, a pegada de carbono total disso também é extremamente pequena.”

A Deep Branch disse na terça-feira que levantou 8 milhões de euros (9,5 milhões de dólares) para um projeto piloto de expansão de sua tecnologia. O fundo de investimento Novo Holdings e a DSM Venturing lideraram a rodada de financiamento, que também incluiu o Barclays Sustainable Impact Capital. Isso eleva o financiamento da empresa para cerca de 13 milhões de euros.

A startup é uma das várias que usam tecnologia de fermentação para desenvolver proteínas mais sustentáveis. A Air Protein, dos EUA, e a Solar Foods, da Finlândia, trabalham na conversão de gases em alimentos, enquanto na Índia, a String Bio recicla metano em proteína para animais.

A Deep Branch diz que seu processo produz 90% menos emissões de carbono do que teria sido gerado por métodos agrícolas tradicionais. A maior parte de suas emissões se deve ao uso de amônia, que fornece o componente de nitrogênio de suas proteínas. Atualmente, a amônia é normalmente produzida a partir do gás natural em um processo intensivo em carbono, mas empresas buscam maneiras para fabricar o gás sem causar emissões.

A Deep Branch também desenvolve rações aquáticas com a Biomar Holding e rações para aves com a AB Agri. Uma fábrica em escala comercial está planejada na Europa para 2023.

Acompanhe tudo sobre:StartupsSustentabilidade

Mais de ESG

COP29: Países ricos propõem US$ 300 bi, mas negociações seguem sem prazo

A desigualdade de gênero e seus impactos socioeconômicos

Estúdio Clarice, de pesquisas sobre desafios das mulheres, recebe aporte internacional

"Sinto que sou a exceção", diz presidente da Bayer sobre cenário de diversidade racial nas empresas