Tripulantes em greve aprofundam a agonia da Avianca
Paralisação é um protesto contra os atrasos nos pagamentos de salários e benefícios; empresa teve plano de recuperação judicial aprovado em 5 de abril
Da Redação
Publicado em 17 de maio de 2019 às 06h27.
Última atualização em 17 de maio de 2019 às 09h20.
Pilotos, copilotos e comissários de bordo da Avianca Brasil entram em greve na manhã de hoje nos aeroportos de Congonhas, em São Paulo , e Santos Dumont, no Rio de Janeiro , aprofundando a agonia da quarta maior companhia aérea do país. O Tribunal Superior do Trabalho concedeu ontem uma liminar à empresa exigindo que 60% do serviço seja mantido.
A paralisação é um protesto contra os atrasos nos pagamentos de salários e benefícios pela Avianca, que teve o seu plano de recuperação judicial aprovado em 5 de abril, quatro meses após dar entrada no pedido. Desde segunda-feira, segundo o Sindicato Nacional dos Aeronautas, a companhia demitiu cerca de 200 pilotos e 700 comissários, ficando com 700 tripulantes.
A Avianca, que já teve 50 aeronaves, está operando atualmente com apenas seis, já que as empresas que lhe alugam os aviões têm conseguido na Justiça tomá-los de volta diante da falta de pagamento.
Por isso, especialistas do setor esperam que a companhia aérea controlada pelos irmãos Efromovich aceite a oferta feita pela concorrente Azul na segunda-feira de comprar por 145 milhões de dólares (585 milhões de reais) um conjunto de slots – horários de chegada e partida em aeroportos – da Avianca, incluindo os da ponte aérea Rio-São Paulo. Na terça, a 1ª. Vara de Falências e Recuperação Judicial de São Paulo deu 48 horas para a Avianca responder se aceita ou não a proposta. A ordem judicial ainda não foi publicada, então o prazo não começou a contar.
A Avianca está com pressa em conseguir passar para a frente os poucos bens que ainda possui antes que não sobre nada. Mas a venda dos slots está no centro de uma discussão jurídica. Na semana passada, a Justiça impediu um leilão de ativos que incluíam esses horários por entender que são apenas uma concessão da Agência Nacional de Aviação Civil à companhia, e não sua propriedade. Uma nova data ainda não foi marcada.
Mesmo que a proposta da Azul seja aceita, o drama da Avianca está longe do fim. O valor da eventual aquisição corresponde a apenas 20% dos 2,7 bilhões de reais que a empresa dos Efromovich deve. No desmonte da companhia, perdem os funcionários, os credores, os fornecedores e os consumidores, que já estão pagando mais pelas passagens aéreas por conta da diminuição da concorrência.