Telefônica cede dados de deslocamento de clientes para conter coronavírus
As informações vão permitir que o governo de São Paulo identifique se as regras de isolamento social vêm sendo cumpridas
Reuters
Publicado em 1 de abril de 2020 às 21h01.
Última atualização em 2 de abril de 2020 às 02h36.
A Telefônica Brasil , maior operadora de telefonia móvel do país, firmou acordo de cooperação com o governo do Estado de São Paulo para análise de dados sobre deslocamento populacional na região mais afetada pelo coronavírus , disse à Reuters um executivo.
A companhia, que opera sob a marca Vivo no Brasil, vai disponibilizar dados agregados e anônimos que permitirão às autoridades do Estado identificar se as regras de isolamento social vêm sendo cumpridas e em quais regiões há sobrecarga em atendimento médico, além de antecipar tendências de contaminação.
"Nos últimos cinco anos temos investido forte em big data e inteligência artificial para melhorar experiência do cliente e, quando surgiu a pandemia, construímos aplicações para ajudar no combate", contou o vice-presidente de dados e inteligência artificial da Vivo, Luiz Medici, em entrevista à Reuters por telefone na terça-feira.
"Temos um grande número de antenas espalhadas pela região que permitem agregar contagem de linhas telefônicas sem identificação dos usuários", explicou o executivo, minimizando preocupações sobre questões de privacidade dos clientes.
A operadora encerrou 2019 com uma base de 74,6 milhões de clientes em telefonia móvel no país, o equivalente a uma participação de mercado de 32,9% em todo o Brasil, de acordo com o balanço mais recente.
"É uma base estatisticamente relevante e atualizada em tempo real" afirmou Patricia Ellen, secretária de desenvolvimento econômico, ciência e tecnologia de São Paulo.
Segundo ela, o acordo de cooperação com a Vivo se respalda nos decretos de estado de calamidade em âmbito federal e estadual.
A parceria, que pode durar entre seis meses a um ano, é o primeiro resultado concreto de trabalhos desenvolvidos pelo núcleo de pesquisa, desenvolvimento e inovação dentro do comitê de crise formado pelo governador de São Paulo, João Doria.
"Temos conversado com outras operadoras também para desenvolver outras frentes de trabalho e diariamente analisamos plataformas de arquitetura aberta para ver se ferramentas podem ser combinadas para melhorar a assertividade dos dados e a resposta ao Covid-19", contou a secretária sem detalhar os outros projetos.
Doria, que constantemente defende medidas de isolamento social para conter o vírus, critica abertamente o presidente Jair Bolsonaro por minimizar a epidemia, que segundo o Ministério da Saúde matou 201 pessoas no Brasil, das quais 136 no Estado de São Paulo. O país ainda tem 5.717 casos confirmados até 31 de março.
O Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), administrado pelo governo do Estado de São Paulo, deve liderar a análise dos dados anônimos e agregados fornecidos pela Vivo, que serão apresentados na forma de "mapas de calor", segundo Medici.
Na semana passada, a concorrente TIM também anunciou parceria similar com a prefeitura do Rio de Janeiro para monitoramento de dados de geolocalização de seus clientes, a exemplo do que foi feito durante os Jogos Olímpicos de 2016.
As últimas notícias da pandemia do novo coronavírus:
- Mapa mostra como o Brasil e o mundo estão lidando com o novo coronavírus;
- As fake news sobre a epidemia que estão circulando pelo mundo;
- Prevenção contra coronavírus pode salvar 1 milhão de vidas no Brasil;
- Até 57%: os 100 fundos que mais perderam com a crise do coronavírus
- Os cuidados que as empresas precisam ter com funcionários;
- Vai fazer home office por causa do coronavírus? Confira as dicas