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Startup que cria listas de compras com IA para o atacado vender ao varejo recebe primeiro aporte

Em primeira rodada de investimentos, empresa mineira captou 1 milhão de reais de dois fundos; valor será usado para aprimorar tecnologia e área comercial

Murillo Pires, da B2List: startup fornece inteligência artifical para atacados venderem ao varejo (B2List/Divulgação)
Daniel Giussani

Repórter de Negócios

Publicado em 16 de julho de 2023 às 09h00.

Última atualização em 16 de julho de 2023 às 10h23.

Facilitar a venda no e-commerce. Foi o que o empreendedor mineiro Murillo Pires quis fazer ao criar a B2List. A startup, nascida em 2020, vende uma ferramenta para que atacados e distribuidores possam oferecer listas inteligentes aos pequenos varejistas mostrando o que eles precisam comprar. E tudo isso por WhatsApp.

“A ideia é oferecer a venda mais simples possível”, afirma Pires. “Tudo acontece por WhatsApp, sem necessidade de se logar. A inteligência artificial identifica o que o varejista costuma comprar, em que momento do mês, e monta listas que chegam por mensagem. O pequeno comerciante só precisa autorizar ou editar a lista”.

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A inteligência artificial usada pela B2List foi desenvolvida pela própria empresa e usa o que a área chama de "modelagem estatística". Nessa tecnologia, os algoritmos vão aprendendo a partir de diversas bases de dados e do acúmulo de experiência. Por exemplo, se todo dia 10 o varejista compra pacotes de arroz, de feijão e de açúcar, o sistema vai entender isso e passar a oferecer automaticamente esses produtos na data. Mas, se o atacado registrar que o varejo só comprou o açúcar, o sistema também consegue identificar isso e oferecer o restante da mercadoria alguns dias depois.

Agora, três anos depois de ser lançada no mercado, a B2List recebe seu primeiro aporte. São 1 milhão de reais, divididos em duas frentes. Um deles é da BossaNova Investimentos, de 500.000 reais. Outro vem da gestora de venture capital Domo Invest, com o mesmo valor.

O montante será aplicado de maneira cautelosa, diz Pires. Parte dele será aplicado na melhoria do produto, contratando pessoas de tecnologia para ajudar no desenvolvimento da inteligência artificial. Outra parte será destinada à área comercial, para potencializar as vendas.

Em 12 meses, querem passar de 26 para 80 clientes. A expectativa é que sejam transacionados pela ferramenta 250 milhões de reais em vendas durante 2023. No ano passado, foram 140 milhões de reais. Outro objetivo é crescer o faturamento em quatro vezes até o ano que vem. A startup fechou 2022 com 1,5 milhão de reais em receita, e quer bater os 6 milhões de reais em 2024.

De onde surgiu a ideia de construir a B2List

Pires já tem uma longa experiência em atacado. Ele trabalhou por 10 anos na Martins Atacado, uma das maiores distribuidoras do país. Por lá, ele trabalhou desenvolvendo o sistema e-commerce do negócio.

“Eu queria empreender”, diz Pires. “Na Martins, tive uma experiência nesse sentido, porque construímos do zero o canal digital. Quando saí da empresa, eram 70 pessoas trabalhando comigo. Me deu musculatura para empreender”.

O empreendedor foi identificando as dores do setor. Uma das principais era a dificuldade para comprar no e-commerce. Isso porque muitos pequenos varejos não costumam acessar sistemas complexos para reabastecer seus negócios. Foi assim que quis desenvolver, na B2List, um modelo simplificado usando inteligência artificial.

Para quem a B2List vende

Os clientes da B2List são os atacados, distribuidoras e indústrias. Eles vendem a tecnologia como uma “white label”. Ou seja, não carrega a marca da B2List, mas do cliente que comprou o sistema. São esses atacados que aplicam a ferramenta aos pequenos varejistas. Além da plataforma em si, a startup também fornece treinamentos e consultorias.

“As mensagens são personalizadas para cada varejista, com imagens, preço e informações sobre os produtos, e enviadas via WhatsApp, com tecnologia automatizada de disparos em massa”, afirma Pires.

Simplicidade chamou atenção de venture

A simplicidade para vender foi o que chamou a atenção da Domo Invest. A gestora de venture capital investiu R$ 500 mil na startup por meio do seu Fundo Anjo, ancorado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e destinado a empresas em estágio inicial.

“Para investir em uma startup, buscamos alguém que já tenha experiência na dor que estava resolvendo, o que Pires já tinha”, diz Franco Portillo, gestor da DOMO Invest. “E ele mostrou tração, mostrou que as empresas já estavam usando. E era uma solução simples, mas eficiente, que alinha as expectativas do atacado e do varejo”.

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