João Hugo Silva e Pedro Cruz Morais, da MyCareforce: startup nasceu em Portugal em 2021
Repórter de Negócios
Publicado em 23 de agosto de 2023 às 08h00.
O economista João Hugo Silva é português, mas ama o Brasil - e as oportunidades que aqui estão, como ele diz. Não é de se surpreender, então, que escolhesse as terras brasileiras como as primeiras para serem o foco de expansão da Mycareforce. A plataforma é um marketplace criado em Portugal em 2021 que conecta enfermeiros com hospitais que precisam de plantonistas ou funcionários fixos.
A startup já conta com 13 mil enfermeiros, mil técnicos auxiliares de saúde, e mais de 150 empresas clientes somente em Portugal. No Brasil, a MyCareforce entra primeiro para a cidade de São Paulo, com o objetivo de chegar a 30 mil enfermeiros inscritos na plataforma e 70 mil horas trabalhadas até o final do ano.
Para entrarem por aqui, receberam um primeiro aporte recente de 6,3 milhões de reais, que acabou de passar por uma expansão de rodada de novos 4 milhões de reais. Ou seja, o valor total do cheque ficou em R$ 10,3 milhões.
“Entendemos a oportunidade de mercado quando analisamos os plantões excessivos e a burocracia, e no Brasil não se difere”, diz o cofundador e co-CEO João Hugo Silva.
A Mycareforce tem duas frentes de atuação: para os enfermeiros e para as instituições de saúde. Para o profissional, a plataforma é gratuita. Precisa entrar no site, cadastrar-se e inscrever-se nas vagas desejadas. O pagamento na conta acontece três dias após o profissional ter realizado o trabalho no hospital ou na instituição de saúde.
Já para o hospital, o processo é semelhante. O recrutador cadastra as informações necessárias e fala quais as vagas que estão disponíveis. Depois, seleciona a partir da lista de candidatos.
Além disso, a ferramenta apresenta outras funcionalidades, como um produto em que é possível favoritar profissionais que já realizaram plantões na sua unidade, para voltar a contratá-los. Além disso, todos os profissionais que estão na plataforma são validados, por meio da verificação do registro no COREN.
Para o funcionário, não há custo. Para as instituições de saúde, é cobrada uma taxa fixa sobre a hora contratada do enfermeiro. Conforme as horas forem aumentando, ou o tamanho da contratação, a taxa é redefinida.
Silva, de Coimbra, e seu sócio, Pedro Cruz Morais, se conheceram em uma incubadora de startups. Os dois economistas já tocavam outros projetos na área de tecnologia. Foi desse encontro que surgiu a amizade e a troca de ideias que resultou na criação da Mycareforce em 2021.
À época, em um dos auges da pandemia, os dois sócios perceberam que os hospitais estavam com dificuldade de contratar e de gerir as contratações de enfermeiros plantonistas em Portugal.
Tem um desafio e uma oportunidade de mercado no radar da decisão da Mycareforce de apostar no Brasil. Em Portugal, já contam com 13.000 enfermeiros cadastrados em um universo de 80.000 possíveis. Em solo brasileiro, por enquanto, são 3.000 enfermeiros cadastrados, mas as possibilidades são bem maiores: há 2 milhões de profissionais de enfermagem por aqui.
Não há toa, a meta de MyCareforce é que, em cinco anos, a operação brasileira represente 80% de toda receita da startup. No ano passado, a empresa faturou 4,8 milhões de reais. A ideia é que, neste ano, chegue a em torno de 14,4 milhões de reais.
Essa extensão de 4 milhões de reais em aporte, investidos por M4 Ventures, Caixa Capital e novos Business Angels. O valor será usado para marketing e para consolidação da entrada da empresa no Brasil. Hoje, já são 19 funcionários, mas a ideia é contratar mais nos próximos meses.
Para ajudar na expansão, Silva se mudou para o Brasil. E com isso, vem realizando um desejo pessoal também, porque, como dito no início da reportagem, sempre amou este país.