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Sobra resiliência, falta comunicação: o potencial latino de atrair investimentos é debate na China

As oportunidades e os desafios da América Latina foram tema de uma tarde de debates na Beyond Expo, a maior feira tech da Ásia, em Macau

Asia Latam Tech Fórum, na Beyond Expo: painéis trataram de similaridades entre Brasil e China   ( Beyond Expo/Divulgação)

Asia Latam Tech Fórum, na Beyond Expo: painéis trataram de similaridades entre Brasil e China ( Beyond Expo/Divulgação)

Lucas Amorim
Lucas Amorim

Diretor de redação da Exame

Publicado em 24 de maio de 2024 às 09h20.

Última atualização em 25 de maio de 2024 às 09h00.

“O Brasil e a América Latina precisam se comunicar melhor e mostrar o enorme potencial de seu mercado”. A mensagem é de Ingrid Barth, CEO da Associação Brasileira de startups, e foi dada durante o Ásia Latam Tech Fórum, uma tarde de debates sobre os potenciais da região dentro da Beyond Expo, a maior feira tech da Ásia, em Macau.

“Somos uma região que vai além das commodities. Criamos um ecossistema empreendedor e seremos um polo global de investimentos nos próximos anos”, complementou Adriano Silva, diretor da plataforma de comércio digital Vtex.

“O ‘Sul Global’ é uma realidade e vai atrair muito investimento nos próximos anos”, disse Carlos Simonsen, da Upload Ventures.

O foco do “Asia Latam Tech Fórum” é conectar a América Latina à Ásia, e buscar pontos em comum entre as duas regiões. “Apesar de separados por 16 mil quilômetros e 11 horas de fuso, Ásia e Brasil têm muito em comum”, afirmou In Hsieh, organizador do fórum.

Na competição global por investimentos, a América Latina tem como um dos principais diferenciais competitivos uma geração de empreendedores experientes e que já superou perrengues em profusão. “Vimos um grande desenvolvimento do mercado empreendedor brasileiro nos últimos 10 anos”, disse William Pedroso, sócio da Monashees, fundo de investimento que tem 148 empresas latinas no portfólio.

“Quem pode construir um negócio de sucesso no Brasil tem muito potencial para ser um player regional e global”, afirmou Eduardo L’Hotellier, fundador da plataforma de serviços GetNinjas.

“Os últimos anos testaram a resiliência do empreendedor brasileiro e mostraram nossa competência”, completou Tallis Gomes, sócio da G4 Educação. “As empresas estão muito descontadas. Há uma oportunidade de uma década de investir no país”.

Entre as vantagens competitivas específicas do Brasil, os empreendedores citaram a inclusão digital e a abertura a inovações do Banco Central, que levou a uma geração de fintechs inovadoras.

A próxima onda para as fintechs, como apontou Oscar Ramos, da chinesa Orbit Startups, deve vir da digitalização de serviços B2B para pequenas e médias empresas. A Orbit tem uma estratégia de investimentos focada no Sul Global. A América Latina e o Sudeste da Ásia são prioridades. “Não há competição entre as regiões porque há recursos disponíveis para bons negócios. Mas há um desafio de reduzir as barreiras culturais para que o Brasil possa acessar mais recursos sobretudo da Ásia”.

Carlos Pessoa, sócio da GP Investimentos, destacou o inevitável crescimento no volume de investimentos. Comparativamente, o mercado brasileiro de venture capital ainda tem um quarto do tamanho do mercado chinês e um sexto do mercado americano. “O Brasil está dez anos atrás da China, mas está dez anos na frente de outros países latinos”, disse Pessoa. “A digitalização não tem volta, e o mercado de investimentos crescerá cada vez mais. Estou otimista”.

Com uma digitalização crescente, outro potencial para a região é importar soluções comuns na Ásia, como o social commerce. São plataformas que permitem a venda de produtos e serviços em tempo real, e podem ser usadas tanto por empresas como por influenciadores, como destacou Gil Bastos, sócia da Mynd Brands/Music2Mynd. “Brasil e China têm uma mentalidade parecida e precisam explorar novas oportunidades”, afirmou.

Kevin Tang, da Câmara de Comércio Brasil China (CCIBC), fechou o evento e destacou a necessidade de o Brasil investir mais pesado em infraestrutura, e apontou que este deve ser um terreno natural de atração de investimentos chineses. Mas afirmou, também, que não há só oportunidades para a China investir no Brasil, como também para empreendedores brasileiros investirem mais fora do país. "O Brasil tem potencial em startups do agro e de energia, mas também em campos como inteligência artificial, e precisa se conectar com a China e com o mundo em todas essas frentes”, afirmou.

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