Shopee: plataforma aparece em 2º lugar no ranking de acessos em março (Edgar Su/Reuters)
Repórter de Negócios
Publicado em 17 de abril de 2023 às 06h27.
Em meio à discussão sobre a taxação de produtos importados via comércio eletrônico, as plataformas asiáticas Shoppe, AliExpress e Shein continuam entre as mais acessadas pelos brasileiros. Os dados são da edição de março do Relatório dos Setores do E-commerce, divulgado pela agência de SEO Conversion.
Três dos cinco e-commerces mais acessados no Brasil em março são asiáticos. Mercado Livre, Shopee, Shein, Ifood e AliExpress aprecem nas primeiras posições do ranking.
Os números mostram que as plataformas asiáticas estão abocanhando grande parte da participação no mercado online brasileiro.
A Shein, por exemplo, deve alcançar R$ 16 bilhões em vendas neste ano só no Brasil, o que — se confirmado — a tornará maior do que a Renner, líder no segmento de fast fashion com modelo de roupa por departamento. O volume estimado para 2023 é o dobro dos R$ 8 bilhões do faturamento de 2022 e oito vezes o que se acredita ter sido a receita de 2021. Vale destacar que a companhia não divulga números nem no Brasil nem na China. Os números de 2022 e 2021 são cálculos do BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da EXAME).
Empresários que atuam com o varejo nacional pressionam o governo para uma taxação mais severa em tais plataformas. A Receita Federal já anunciou que vai intensificar a fiscalização do pagamento de impostos de produtos importados via comércio eletrônico. Segundo o órgão, não haverá aumento de taxa, pois hoje já existe a tributação de 60% sobre o valor da encomenda, “mas que não tem sido efetiva”.
Atualmente, existe isenção de impostos sobre remessas internacionais até US$ 50, somente para transações feitas de pessoas físicas para pessoas físicas. Entretanto, o órgão está propondo mudanças no processamento de encomendas para evitar fraudes por grandes empresas estrangeiras.
O boom das plataformas asiáticas ocorreu principalmente entre 2020 e 2022, período que acelerou a migração dos consumidores para o mercado online. Na ocasião, estratégias agressivas de vendas foram adotadas por tais players. Para Diego Ivo, CEO da Conversion, o crescimento meteórico dos e-commerces asiáticos está, em grande parte, relacionado ao ticket baixo.
“As plataformas asiáticas perceberam uma grande brecha no e-commerce global, que é o ticket baixo. Nesse contexto, criaram grande senso de urgência por meio de suas promoções, oferecendo uma verdadeira experiência de busca de achados, o que acabou estimulando as pessoas a passarem cada vez mais tempo dentro do site e do app”
Entre outras estratégias adotadas para estimular o consumo dos brasileiros, os ‘jogos casuais’ foram uma das apostas certeiras dos e-commerces asiáticos. Por meio dessa funcionalidade, os consumidores interagem com minigames dentro dos apps das marcas, que oferecem prêmios, recompensas e cupons de desconto para atrair os usuários. A plataforma mais conhecida por essa estratégia é a Shopee, que fez uma parceria com a gigante dos games, Garena, e se tornou o aplicativo de compras mais baixado do Brasil no ano passado.
Outro filão do marketing que os e-commerces asiáticos enxergaram foram as lives commerces, vendas ao vivo por streamings que ganhou força na China e se popularizou no mercado eletrônico global. Segundo estudo realizado pela Research and Markets, as estimativas são de que sejam levantados US $600 bilhões até 2027 por meio desse modelo de vendas. E o Brasil é um mercado em potencial para essa estratégia.
Entregas rápidas e grande variedade de produtos são outros fatores que também corroboram para o grande sucesso das plataformas asiáticas no Brasil. Resta saber quais serão as próximas estratégias de vendas desses players - particularmente em meio a um cenário de tributação ainda incerto ao cross-border. A dúvida também se estende aos e-commerces nacionais: como irão reagir (e inovar) a maneira de vender seus produtos no país daqui pra frente.