Elon Musk em entrega de um Model 3 na China: valor de mercado passou de 100 bilhões de dólares pela primeira vez (Aly Song/Reuters)
Carolina Riveira
Publicado em 23 de janeiro de 2020 às 06h00.
Última atualização em 3 de março de 2020 às 16h36.
A conta bancária do empresário Elon Musk pode estar perto de receber um incentivo bilionário. A fabricante de carros elétricos Tesla, fundada e presidida por ele, atingiu pela primeira vez 100 bilhões de dólares em valor de mercado nesta quarta-feira 22.
A empresa fechou o pregão valendo 102,3 bilhões de dólares, após alta de mais de 7% no preço da ação ao longo do dia.
Caso o valor da empresa permaneça acima dos 100 bilhões de dólares por seis meses, Musk pode ganhar cerca de 350 milhões de dólares em bônus. E seria o primeiro de muitos que ainda estão por vir: o pagamento faz parte de um pacote de incentivos desenhado para Musk, já que o executivo não recebe salários.
O pacote de benefícios vai sendo desbloqueado à medida que a empresa atingir determinados resultados, e a ideia é que Musk seja remunerado caso a Tesla tenha bom desempenho, conforme reportou o jornal britânico Financial Times.
A Tesla vive um dos melhores momentos de seus últimos anos. A empresa vem cumprindo a tarefa básica de entregar seus carros no prazo -- o que até então não vinha conseguindo --, animando os investidores.
A ação dobrou de valor nos últimos seis meses. Os papéis da empresa estão atualmente na casa dos 570 dólares, mas alguns analistas já colocam o preço-alvo em até 800 dólares.
Alguns investidores também têm a expectativa de que a divisão de carros da empresa torne-se lucrativa neste ano. No ano passado, a Tesla fechou o ano com prejuízo de 976 milhões de dólares. O faturamento foi de 21,5 bilhões de dólares.
Já o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização), considerado uma boa métrica sobre o potencial de lucro da empresa, foi positivo, fechando 2018 com 1,6 bilhão de dólares, após ter tido resultado negativo em 2017.
O mercado de carros elétricos, em que a Tesla é pioneira, também está mais aquecido do que nunca. As principais montadoras do mundo vêm apresentando suas versões de carros elétricos ou híbridos (que funcionam de ambas as formas, com baterias ou combustível). Mas, como essas companhias estão entrando no segmento agora, ainda terão trabalho para alcançar a expertise em baterias que a Tesla desenvolveu nos últimos anos. A empresa está no mercado desde 2008, quando foi fundada por Musk na Califórnia, nos Estados Unidos.
A Tesla ainda vem trabalhando em um plano de expansão, prometendo construir uma fábrica em Berlim, na Alemanha, além de um novo escritório em Shanghai, na China. A empresa também vai começar a entregar em meados deste ano seu primeiro modelo esportivo, o Model Y, e planeja lançar em breve veículos maiores, como picapes.
O bônus completo de Musk pode somar 50 bilhões de dólares até 2028, se a Tesla atingir as metas determinadas. O pacote existe porque Musk não ganha salário para presidir a Tesla. O fundador, além de presidir a companhia, tem atualmente 18,9% das ações da empresa, fatia que é avaliada hoje em mais de 18 bilhões de dólares.
As metas para desbloquear totalmente as recompensas incluem que a Tesla tenha faturamento anual de 175 bilhões de dólares (o de 2018 foi de 21,5 bilhões de dólares) e valor de mercado de 650 bilhões de dólares (o atual, atingido nesta semana, é de 100 bilhões). Outra meta é atingir Ebitda ajustado de 14 bilhões de dólares (ante os 1,6 bilhão de dólares).
Os números não são necessariamente fáceis de atingir. O faturamento estipulado de 175 bilhões de dólares, por exemplo, seria maior que o das montadoras americanas General Motors (147 bilhões de dólares em 2018) e Ford (160,3 bilhões de dólares), uma das maiores do mundo.
Pequenas partes do bônus também pode ser desbloqueada quando são alcançadas submetas, como é o caso do valor de mercado de 100 bilhões de dólares que a Tesla atingiu nesta semana, a primeira das pequenas metas. Depois, novos bônus são desbloqueados a cada novo aumento de 50 bilhões de dólares no valor de mercado.
O plano de compensação de Musk foi instalado em janeiro de 2018. Na ocasião, a empresa afirmou em comunicado que "Elon não receberá nenhuma compensação garantida de nenhum tipo -- nenhum salário, nenhum bônus em dinheiro e nenhuma recompensa que é desbloqueada simplesmente com a passagem do tempo", escreveu a Tesla. A empresa afirmou que, neste formato, Musk "só será recompensado se a Tesla e seus acionistas se saírem extremamente bem".