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Resiliência e risco são princípios de gestão na era digital

Joichi Ito, uma das personalidades mais influentes da Internet hoje, defende alguns atributos necessários para inovar. Segundo ele, as melhores ideias custam caro

Joichi Ito, em evento HSM Expo Management: as ideias muito boas são caras (Lola Estudio, cedido por HSM do Brasil/Divulgação)

Tatiana Vaz

Publicado em 5 de novembro de 2012 às 12h52.

São Paulo – Um dos especialistas mais reconhecidos no contexto 2.0, o japonês Joichi Ito é admirado por reunir duas raras habilidades: gerir e inovar empresas de grande porte; e por seu tino certeiro e nada temerário de investir em empresas de segmentos completamente novos – e por isso mesmo, arriscados.

Atual diretor geral do MIT Media Lab, um dos principais centros de inovação e pesquisa do mundo, Ito foi eleito pela Businessweek como uma das 25 pessoas mais influentes da Internet, muito pelo fato de ter sido um dos primeiros a investir em Twitter, Flickr, Six Apart e outras 40 empresas de negócios web nos últimos anos.

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E como ele conseguiu a proeza de investir em negócios como esses? Segundo ele, seguindo uma regra básica para a gestão de um negócio após a Internet: apostar em ter mais risco que segurança.

“Não há nada mais caro que comprar algo que não tenha risco. As ideias muito boas são caras. A questão é apenas quanto de dinheiro e energia precisa e pode ser reservado para cada uma dessas ideias”, afirmou Ito na manhã de hoje, durante o HSM ExpoManagement, que está acontecendo esta semana no Expo Transamérica, em São Paulo.

Para ele, a grande mudança advinda com a Internet está na forma de conectar as pessoas, de agregar as ideias. Hoje, a web reúne especialistas, usuários, capitalistas de risco e empresas de diversos portes e faz com que todos, conectados juntos, consigam inovar juntos. Com o tempo e a popularização dos sistemas, as redes de computação passaram a ter baixo custo se e tornaram iguais a uma maneira de inovar de baixo custo.

“O custo da tecnologia, dos computadores passou a cair, cair, cair – como ainda acontece – e o preço das ideias inovadoras, arrojadas, passou a ter um valor imensurável”, afirmou o mentor

Inovação no mundo 2.0

Aceitar o risco de maneira natural é uma das premissas que compõem o novo perfil de um negócio inovador. “Se antes da Internet o ritmo era outro, o jeito de lidar com as pessoas também era. O desafio agora é saber se tornar mais criativo, sem medo de errar, seja apostando em uma nova ideia como funcionário, empreendedor ou acionista”, disse ele.

As características desse novo gestor e empresa com foco em inovação, de acordo com ele, são:


Ter resiliência mais que força

É preciso discutir ideias, estar aberto a receber críticas, estar aberto a deixar que as pessoas que trabalham na empresa saibam que inovar é hoje o principal desafio delas.

Sistemas mais que objetos

Empresas convencionais têm diversas áreas, filiais, fábricas, cadeiras. Claro, em diversos ramos de negócios, não há como funcionar de outro jeito. Mas é preciso repensar a gestão e importância dada aos objetos e ter seu valor comparado ao da relevância dos sistemas nas companhias hoje.

Desobediência mais que observância

A desobediência de uma série pessoas inovadoras e de empresas de sucesso hoje se deu porque elas conseguiram colocar em prática seu negócio e, algumas vezes, até mudar a maneira das pessoas se relacionarem com seus amigos, ouvirem músicas, continuarem inovando mais.

“É preciso acreditar que algo novo possa sair do papel e conquistar o mundo e, às vezes, não há tempo para testar a nova ideia, elaborar a estratégia de como aplicá-la. Não ter medo de errar faz parte da desobediência, mas também do perfil inovador”, disse Ito.

Prática mais que teoria

Com a Internet, mudou também a capacidade das empresas e pessoas lidarem com as informações e, principalmente, de estruturá-las, planejá-las. Se antes um plano de negócios parecia essencial para qualquer empresa convencional, hoje não é indicado engessar ideias em projetos, mas sim adaptá-las de acordo com as novas regras de mercado, novas necessidades de consumidores, diz Joichi.

“Quando algo é muito novo, você às vezes não sabe onde ele vai dar, qual caminho seria melhor seguir. Você apenas confia que dá certo e se cerca de ferramentas para poder adaptar o negócio de acordo com o seu desenvolvimento”, disse Ito.

Aprendizado mais que educação

As pessoas precisam aprender a aprender, ler livros sobre algum assunto sempre, se manter informadas com jeitos novos de desenvolver habilidades, aplicar tudo o que foi retido. Para Joichi, apenas se pautar por um currículo acadêmico já não basta.

“Vejo muitas universidades com um conteúdo bom e extenso sendo passado aos alunos, mas sem nada muito prático. O fato é que é preciso mais prática para inovar, para gerir um negócio novo, que precisa ser testado, colocado na rua”, afirmou.

Risco mais que segurança

“É importante calcular o risco de deixar de investir em algo que você realmente acredita, ao passo em que também é preciso ser cauteloso quanto aos recursos e energias que serão empregados em novas empreitadas”, afirmou o especialista.

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