Fernando Ribeiro, CEO da Sal e Brasa Grill Express: "É um canal promissor, com boa performance e sinergia operacional" (Sal e Brasa/Divulgação)
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Publicado em 5 de dezembro de 2025 às 11h35.
No Brasil, onde o food service é responsável por mais de R$ 65 bilhões no faturamento trimestral do setor de franquias, o crescimento médio gira em torno de 13,6%. Nesse cenário, uma rede nascida no Nordeste se destaca não só por acompanhar essa tendência, mas por superá-la com consistência. A Sal e Brasa Grill Express, braço de fast-food do grupo Sal e Brasa, registrou um avanço de 11,7% e alcançou um faturamento de R$ 57 milhões só no primeiro semestre.
A marca nasceu em Salvador, mas suas raízes estão no interior de São Paulo, onde o grupo original Sal e Brasa (formado por gaúchos) abriu sua primeira churrascaria há 32 anos. A mistura de regiões deu certo: hoje são 45 operações ativas e a rede quer ir mais longe, mirando nos mercados do Norte e do Centro-Oeste.
Após recuar durante a pandemia, inclusive fechando unidades em São Paulo, a Sal e Brasa também volta ao ponto de partida, São José do Rio Preto, com uma nova loja que será aberta no ano que vem.
“É um casamento perfeito. O franqueado já conhece a nossa operação, a negociação foi excelente e vamos voltar pela porta da frente ao mercado onde tudo começou”, afirma Fernando Ribeiro, CEO da Sal e Brasa Grill Express.
Ribeiro está no setor de alimentação há 33 anos. Iniciou como dono de pizzaria, passou pelo setor de eventos e foi cooptado para criar a unidade de fast-food do grupo Sal e Brasa. Depois de mais de uma década de trabalho, o executivo vê o momento atual como decisivo para destravar um novo ciclo de crescimento. A meta é manter entre quatro e seis inaugurações por ano e atingir um crescimento de 15% em 2025.
O grupo Sal e Brasa opera hoje com 45 unidades da Grill Express, todas franqueadas, espalhadas pelo Nordeste – em capitais como Salvador (BA), Recife (PE) e Fortaleza (CE) e em cidades do interior como Caruaru (PE), Feira de Santana (BA) e Itabuna (BA). Além disso, mantém 14 churrascarias próprias e duas operações internacionais no estado do Texas, nos Estados Unidos.
O foco agora está no Norte e Centro-Oeste, com atenção especial para praças como Pará, Amazonas, Tocantins, Goiás e Distrito Federal.
“Esses mercados têm espaço para o nosso modelo de negócio. Estamos olhando também para o legado da COP 30, que pode gerar efeitos positivos de consumo e infraestrutura nessas regiões”, explica o CEO.
Com presença em praças de alimentação e modelo voltado ao consumo rápido, a Sal e Brasa Grill Express aposta também na diversificação de formatos, incluindo operações dentro de postos de combustíveis, como a recém-inaugurada na BR-101 entre Recife e João Pessoa, que atingiu em dois meses a meta prevista para seis.
Segundo Ribeiro, esse tipo de parceria com empreendimentos rodoviários será uma nova frente de crescimento. “É um canal promissor, com boa performance e sinergia operacional. Vamos buscar mais projetos como esse em 2026”, afirma.
Apesar do otimismo, os desafios são claros. A taxa Selic ainda elevada dificulta o acesso a crédito, principalmente para novos franqueados que estão entrando no setor com recursos próprios. “O investidor está mais cauteloso. Ele pesquisa mais, espera o cenário clarear. Isso impacta no ritmo de expansão”, explica Ribeiro.
A mão de obra também é um ponto de atenção para o executivo. De acordo com ele, a dificuldade em recrutar e reter funcionários atinge todas as regiões.
“A falta de preparo técnico dificulta a contratação. Por isso, investimos em programas de capacitação para líderes operacionais em quatro estados”, afirma.
A estratégia é treinar diretamente os franqueados e suas equipes para reduzir a rotatividade e garantir o padrão de atendimento.
Mesmo com a expansão mais lenta que o planejado – a rede projetava inaugurar até seis lojas em 2025, mas deve fechar o ano com três –, o faturamento se manteve em linha com as expectativas. Para 2026, a meta é manter o crescimento de 15% e ampliar o número de lojas no ritmo planejado.
“Somos pé no chão. A reforma tributária, o cenário eleitoral e a economia ainda vão testar o varejo. Mas nosso modelo está maduro, e a rede está financeiramente saudável. Estamos prontos para crescer com consistência”, diz o CEO.