Raio-X do fundador da Amil, Edson Bueno, explica negócio
Conheça a história de Edson Bueno, dono da Amil e hoje o 22º bilionário do país
Tatiana Vaz
Publicado em 9 de outubro de 2012 às 09h39.
São Paulo – A maneira surpreendente como os negócios da Amil cresceram no país, e que culminou com a venda do maior plano de saúde do país para a americana United Health hoje, está arraigada no jeito visionário de lidar com a empresa do seu fundador, Edson de Godoy Bueno.
Para criar uma empresa avaliada em mais de nove bilhões de reais, alicerçada em um setor de muita oportunidade e altos custos com tecnologia e sistemas, o empresário se valeu de ousadia aliado a um perfil pouco usual de encontrar oportunidades onde poucas pessoas enxergam. E uma história repleta de cenas dadas ao acaso – fatos adversos que o levaram hoje, aos 68 anos, a uma fortuna pessoal estimada em 2,2 bilhões de dólares, a 22ª maior entre os bilionários do país.
Nascido em Guarantã, uma pequena cidade próxima a Bauru, no interior paulista, Bueno perdeu o pai aos 5 anos e trabalhou de engraxate quando criança para ajudar nas contas domésticas. Sua história só mudou quando, aos 14 anos, ele desmaiou depois de um saco de algodão cair em sua cabeça, enquanto brincava em um armazém. Atendido pelo único médico da cidade, ele decidiu que queria fazer medicina.
Terminou os estudos em escola pública e, aos 28 anos, formou-se pela Faculdade de Medicina da Praia Vermelha, no Rio de Janeiro (depois incorporada pela UFRJ). Foi a partir dai, já recém-formado, que o primeiro acaso lhe daria a sorte de conhecer sua habilidade como visionário.
Bueno trabalhava em uma pequena casa de saúde em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, quando recebeu a proposta de assumir a operação – afundada em dívidas, sem dinheiro nem para pagar os médicos, diga-se de passagem. Para ajeitar as contas, passou a vender lanches de mortadela dos pacientes e acompanhantes e oferecer transporte de Kombi para transportá-los para casa. Deu certo e a casa de saúde, aos poucos, voltou a operar no azul.
Anos depois, já com quatro clínicas em sua direção, Bueno se entusiasmou ao olhar o balanço da Golden Cross e decidiu criar o embrião do que se tornaria o maior empresa de plano de saúde do país. A ideia, mais um telefone fácil de decorar, junto de serviços até então inovadores, como a de ter um helicóptero para resgate, fez com o que a empresa se tornasse um sucesso.
A ambição de fazer o negócio expandir também sempre esteve presente na maneira de Bueno gerir a Amil. Depois da abertura de capital, em outubro de 2007, uma das maiores decisões nesse sentido foi a compra da Medial, em dezembro de 2009, por 1,2 bilhão de reais. Em agosto de 2010, foi a vez de fechar com a Dasa um negócio que elevou o faturamento obtido pelas empresas com investimento da Amilpar em mais de 11 bilhões de reais.
Daqui para frente
Nesta segunda, a americana United Health comprou o controle da operadora de saúde Amil por 6,5 bilhões de reais, maior desembolso já feito pela operadora fora dos Estados Unidos. Agora, os planos são os de crescer em outros países, segundo o presidente Edson Bueno. "Estamos discutindo contratos em Portugal, será uma oportunidade única", disse Edson nesta segunda-feira, sem detalhar as negociações.
Ainda que a United passe a controlar os 22 hospitais que pertencem à empresa, Bueno não deixará de atuar na área de maneira independente. Seu plano é tocar a Total Care, holding que controla seus investimentos diretos em outros oito hospitais, incluindo o Samaritano, no Rio de Janeiro.
Ele também manterá participação ativa na United, com o investimento de cerca de 470 milhões de dólares na compra de ações da companhia americana – aporte que concede a ele o título de maior acionista individual da empresa, com uma fatia de 0,9% do negócio, além de uma cadeira no conselho da United, a primeira nas mãos de um estrangeiro. Nada mal para quem teve a ideia de ser médico pela necessidade de cuidar da própria saúde.