Yunus: banqueiro premiado nas Olimpíadas foi vencedor do Nobel da Paz em 2006 (Divulgação/Divulgação)
Carolina Riveira
Publicado em 23 de julho de 2021 às 09h31.
Última atualização em 23 de julho de 2021 às 16h20.
Em meio à cerimônia de abertura das Olimpíadas de Tóquio, um banqueiro esteve no centro das atenções.
É Muhammad Yunus, que aos 81 anos, é visto como "pai do empreendedorismo social" no mundo e vencedor do Nobel da Paz em 2006.
Na abertura das Olimpíadas nesta sexta-feira, 23, o banqueiro de Bangladesh recebeu do Comitê Olímpico Internacional (COI) um "louro olímpico", homenagem àqueles que "promoveram grandes realizações na educação, cultura, desenvolvimento e na paz através do esporte".
Yunus criou uma organização social chamada "Yunus Sports Hub", que busca promover o desenvolvimento através do esporte e usar a expertise do banqueiro em negócios sociais para ampliar as iniciativas esportivas às pessoas mais pobres pelo mundo.
O prêmio aos destaques na frente social do esporte é oferecido pelo Comitê Olímpico Internacional desde as Olimpíadas do Rio, em 2016.
Naquele ano, o ex-corredor e campeão olímpico queniano Kip Keino, hoje do Comitê Olímpico do país, foi o primeiro a receber a honraria por projetos que oferecem moradia, educação e acesso ao esporte para crianças do Quênia.
Ao longo da vida, Yunus ficou conhecido por ser um dos pioneiros do microcrédito e das microfinanças em seu Grameen Bank, que fundou em 1983 em Bangladesh.
Seu principal diferencial é oferecimento de financiamentos a juros mais competitivos para pequenos empreendedores em países pobres e que não conseguiriam, de outra forma, obter crédito para empreender.
O banco afirma ter 97% dos clientes sendo mulheres, e já emprestou mais de 12 bilhões de dólares.
Nos últimos anos, Yunus também expandiu a frente de empreendedorismo social para outros países, incluindo o Brasil. A empresa Yunus Negócios Sociais nasceu em 2011, com o objetivo de ampliar a oferta de crédito e assessoria a projetos pelo mundo.
A operação começou no Brasil em 2013, por meio de lideranças locais, e ajudou a assessorar projetos como a água AMA, da cervejaria Ambev, cujo lucro foi doado para combater a seca em regiões que sofrem com falta d'água.
Um dos lemas da organização é a crença no "poder dos negócios para acabar com a pobreza".
"Uma vez que a pobreza se vá, teremos de construir museus para mostrar seus horrores às futuras gerações", disse Yunus em uma de suas mais famosas frases.
No ano passado, o banqueiro fez diversos pronunciamentos sobre como via a pobreza decorrente do coronavírus, e defendeu uma transformação após a crise.
"Vamos fazer o mundo regredir para onde estava antes do novo coronavírus chegar, ou vamos redesenhá-lo?", questionou, em artigo publicado pela EXAME.
A estimativa é que o patrimônio de Yunus seja na casa dos 10 milhões de dólares.
Yunus também escreveu quatro livros: “Banker to the Poor” (2003) [Banco para os pobres], “A World Without Poverty: Social Business and the Future of Capitalism” (2008) [Um mundo sem pobreza: negócios sociais e o futuro do capitalismo], “Building Social Business” (2010) [Construindo negócios sociais] e “A World of Three Zeros” (2017) [Um mundo de três zeros].
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