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Presidente da Mercedes-Benz teme cenário eleitoral brasileiro

Com incerteza em torno da eleição, empresa tem pouca clareza sobre como o mercado deve se comportar no ano que vem

Presidente da Mercedes: "O importante é que o próximo presidente traga estabilidade e uma política econômica consistente", disse Philipp Schiemer em conversa com jornalistas, durante o Salão de Hannover (Germano Luders/Exame)

Presidente da Mercedes: "O importante é que o próximo presidente traga estabilidade e uma política econômica consistente", disse Philipp Schiemer em conversa com jornalistas, durante o Salão de Hannover (Germano Luders/Exame)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 19 de setembro de 2018 às 11h37.

Enviado Especial a Hannover - O presidente da Mercedes-Benz no Brasil, Philipp Schiemer, disse na terça-feira, 18, que está preocupado com os resultados das pesquisas eleitorais para presidente. Para ele, os candidatos que lideram as intenções de voto têm falado pouco sobre como pretendem adotar uma política econômica "consistente", enquanto aqueles que se mostram menos competitivos são mais claros em relação a isso.

"A Mercedes-Benz está há 61 anos no País e já viu muita coisa, como um regime militar e dois impeachments. O importante é que o próximo presidente traga estabilidade e uma política econômica consistente. Em relação a isso, pouco se sabe sobre os candidatos que lideram as pesquisas. Os candidatos que estão atrás têm programas mais claros. Estamos preocupados", disse o executivo, sem citar nomes, em conversa com jornalistas, durante o Salão de Hannover, a maior feira de veículos comerciais do mundo.

 

 

Com a incerteza em torno da eleição, a Mercedes-Benz, que no Brasil é uma das líderes em produção e venda de caminhões, tem pouca clareza sobre como o mercado deve se comportar no ano que vem. "Se não estivéssemos passando por uma disputa presidencial, certamente teríamos um crescimento sustentável no ano que vem, porque os juros estão baixos e a frota está envelhecida, precisando de uma renovação", disse.

A depender da política econômica do próximo presidente, o real pode se desvalorizar ainda mais, provocando inflação e juros mais altos, alertou Schiemer. Com isso, o custo de produção sobe e a demanda por caminhões cai. "Mas eu ainda acredito que a responsabilidade vai prevalecer. Eu aprendi no Brasil que a esperança é a última que morre", disse o executivo, que é alemão.

Na visão dele, se o próximo governo não tirar as reformais fiscais do papel, o Brasil perderá importância e credibilidade no cenário internacional, se tornando menos atrativo para investidores. "Os líderes das pesquisas são candidatos que estão nos extremos. No fundo, isso não é bom, porque dificulta a pacificação", disse.

Contratações

A fábrica da Mercedes-Benz em Juiz de Fora, Minas Gerais, está em processo de contratação de mais 150 funcionários, disse Schiemer. Com as vagas criadas, o número de trabalhadores na fábrica vai passar de 878 para 1.028.

Segundo Schiemer, as contratações se justificam pelo aumento da produção, de 22 caminhões para 28 caminhões por dia, impulsionado pela maior demanda do mercado. Com esse ritmo, a unidade opera em apenas um turno. Para chegar ao segundo turno, teria de subir para pelo menos 30 ou 32 caminhões por dia. No entanto, a incerteza em torno do próximo governo impede, por enquanto, esse avanço. "Estamos cautelosos por causa da eleição", disse o executivo.

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