Avião: Voopter é a primeira brasileira a fazer parte da lista (ipopba/Thinkstock)
Da Redação
Publicado em 29 de julho de 2019 às 06h00.
Última atualização em 29 de julho de 2019 às 09h10.
As viagens aéreas são cada vez mais um teste de resistência física. Os assentos encolheram, e o espaço para as pernas desapareceu - e as companhias aéreas não vão parar por aí.
A Cebu Air, maior operadora de baixo custo das Filipinas, disse no mês passado que iria mudar a posição de cozinhas e banheiros em alguns de seus novos jatos A330neo para encaixar um recorde de 460 lugares, 20 a mais do que o número máximo atual do avião. É parte de uma iniciativa mais ampla, particularmente na Ásia, de amontoar mais pessoas nos voos de rotas com maior demanda, segundo a Landrum & Brown, uma empresa de pesquisa do setor de aviação.
Em e-mail, o assessor executivo da Cebu, Mike Szucs, disse que “o conforto e a experiência do cliente serão uma consideração primordial”, mas as passagens aéreas “sempre são um aspecto” levado em consideração pelos consumidores. "É tudo questão de espremer os passageiros o máximo possível", disse Mathieu De Marchi, consultor da Landrum & Brown, que tem sede em Bangcoc. "Só vai piorar na próxima década."
Mesmo diante da insatisfação dos clientes, empacotá-los em cabines tem ajudado a recuperar os resultados do setor de aviação dos Estados Unidos nos últimos anos. Na Ásia, onde 100 milhões de pessoas voam pela primeira vez todos os anos, a estratégia é agora comum entre as aéreas de baixo custo, que atendem a uma classe média em forte expansão e que se preocupa mais com preço do que com conforto.
A demanda da Ásia levou a uma escassez de quase tudo no setor: pilotos, mecânicos, aeroportos e pistas de decolagem (para não falar do espaço para pernas). As companhias aéreas fazem de tudo para evitar comprar mais aviões e ter que pagar por direitos extras de pouso em aeroportos lotados.
A compra de aviões maiores é uma maneira de lidar com o problema, como faz a AirAsia. A companhia aérea malaia disse em junho que iria mudar um pedido de centenas de aeronaves para um modelo maior, que transporta 50 passageiros a mais e voa uma distância extra de 1.000 quilômetros.
Outra tática é simplesmente encaixar mais assentos. A companhia aérea de baixo custo europeia Ryanair liderou o movimento em 2014 ao encomendar jatos de alta densidade da Boeing com oito assentos a mais do que o normal. A Cathay Pacific Airways, antes uma marca de conforto, em 2017 começou a instalar um assento extra em cada fileira da classe econômica de seus Boeing 777-300s, tirando cerca de uma polegada de espaço de cada passageiro.
Menos espaço para as pernas é agora a norma do setor. No início dos anos 2000, as fileiras da classe econômica costumavam ter entre 34 polegadas (86 centímetros) a 35 polegadas de distância; agora, o normal é de 30 a 31 polegadas, embora um espaço de 28 polegadas possa ser encontrado em voos curtos, segundo a organização de defesa do consumidor Flyers Rights. Os assentos também diminuíram: de 18,5 polegadas para 17 polegadas, em média.
--Com a colaboração de Chloe Whiteaker.