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Petrobras tem lucro de R$4,03 bi no 1º trimestre e queda na produção

Números representam queda de 42% ante o mesmo período do ano passado, mas aumento de 92% comparado ao trimestre anterior

Expectativa do mercado era de um lucro até menor, de R$ 1,7 bilhões, mas perspectivas para o restante do ano são boas (NurPhoto/Getty Images)

Expectativa do mercado era de um lucro até menor, de R$ 1,7 bilhões, mas perspectivas para o restante do ano são boas (NurPhoto/Getty Images)

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Reuters

Publicado em 7 de maio de 2019 às 20h14.

Última atualização em 7 de maio de 2019 às 21h26.

Rio de Janeiro — A Petrobras registrou lucro líquido de R$ 4,03 bilhões no primeiro trimestre, queda de 42% ante o mesmo período do ano passado, mas um aumento de 92% comparado ao trimestre anterior, informou a companhia nesta terça-feira, 7.

Segundo a empresa, na comparação com o trimestre imediatamente anterior, além das variações nas receitas, custos e despesas, o aumento decorreu principalmente do maior resultado de participação em investimentos no setor petroquímico e da redução de R$ 1,1 bilhão nas despesas com imposto de renda e contribuição social, em razão da baixa de créditos de prejuízos fiscais registrados no trimestre anterior. Questões cambiais também influenciaram os números.

Na comparação anual, entretanto, a redução "reflete as variações do lucro bruto, operacional e resultado financeiro, parcialmente compensada pela menor alíquota efetiva do imposto de renda e contribuição social", apontou a empresa.

O resultado financeiro da empresa no trimestre ficou em R$ 1,4 bilhão, queda de 63% na comparação trimestral, devido ao reconhecimento, no quarto trimestre de 2018, de ganhos em virtude dos acordos referentes aos recebíveis do setor elétrico do Sistema Eletrobras (R$ 2,1 bilhões). As despesas financeiras aumentaram para R$ 6,8 bilhões contra R$ 5 bilhões no trimestre anterior. Na comparação anual, houve aumento de R$ 900 milhões nas despesas financeiras líquidas em função da parcela de juros adicionada como consequência da adoção do IFRS 16, "compensados parcialmente pelos menores custos com recompra de títulos de dívidas no mercado de capitais".

Receita

A receita de vendas totalizou R$ 80 bilhões no 1º trimestre, 14% inferior aos R$ 92,7 bilhões do quarto trimestre de 2018. "Essa redução é explicada principalmente pela redução das cotações internacionais do petróleo, que na média ficaram 7% abaixo do trimestre anterior, acarretando menores preços de venda de diesel e gasolina (R$ 5,4 bilhões)", apontou a empresa, citando outros pontos. Na comparação anual, as receitas subiram 7%.

Enquanto isso, o Ebitda ajustado ficou em R$ 27,5 bilhões, queda de 6% na comparação com o trimestre imediatamente anterior, por causa das menores margens do petróleo e a consequente redução dos preços de venda de derivados, principalmente diesel e gasolina. "Além disso, houve menor volume de vendas de derivados no mercado interno, menor produção de petróleo no período e provisão referente à arbitragem da Sete Brasil", apontou a empresa. Excluindo os efeitos do IFRS 16 e dos itens especiais, o EBITDA ajustado seria de R$ 25,2 bilhões. Na comparação anual, o Ebitda ajustado avançou 7%.

A expectativa do mercado era de um lucro até menor, de R$ 1,7 bilhões, mas com boas perspectivas para o restante do ano.

Produção

A Petrobras produziu total de 2,460 milhões de barris por dia de petróleo e LGN no Brasil no primeiro trimestre, o que representa recuo de cerca de 5% em relação a igual intervalo do ano anterior. Na comparação aos três meses imediatamente anteriores, esse volume teve queda de 4%.

Apesar da diminuição da produção global, o volume extraído exclusivamente no pré-sal subiu 7% na comparação anual, para 1,036 milhão de barris por dia nessa área de produção. O volume mostrou ligeira redução de 1% na comparação com o fim de 2018.

A produção de gás natural, por sua vez, chegou a 489 mil barris por dia, com leve diminuição de 1% na relação anual e de 4% na comparação com os últimos três meses de 2018.

De acordo com a petroleira, a produção diminuiu na comparação anual especialmente "pela cessão de direitos de 25% da participação do Campo de Roncador e pela redução da participação da Petrobras em campos nos EUA, associados à maior concentração de manutenções em plataformas no primeiro trimestre de 2019.

Além disso, houve declínio natural de produção, tendo sido parcialmente compensadas pelo início de operação de sete novos sistemas nos últimos 12 meses, que ainda se encontram no processo de comissionamento e interligação de novos poços: P-74, P-75, P-76 e P-77, no campo de Búzios; FPSO Campos dos Goytacazes, no campo de Tartaruga Verde; P-69, no Extremo Sul de Lula; e P-67, na área norte de Lula".

Boas perspectivas

O novo ímpeto do processo de reestruturação da companhia neste ano está fazendo as más notícias de curto prazo perderem importância, porém. No final de abril, a Petrobras abriu um novo programa de demissão voluntária para economizar 4,1 bilhões de reais até 2023. Também anunciou um plano de vender oito refinarias e mais uma fatia na BR Distribuidora, arrecadando 20 bilhões de dólares em cerca de um ano e meio.

Com as medidas para cortar despesas e reforçar o caixa, o banco de investimentos Itaú BBA estima que o endividamento da empresa recue 26%, para 219,8 milhões de reais, entre 2018 e 2021. Mais leve, a Petrobras pode buscar novas oportunidades e se concentrar em aprimorar o seu negócio principal, que é a extração de petróleo, aumentando a rentabilidade para o investidor.

É essa aposta que também está ajudando o papel da estatal a se recuperar desde a atabalhoada tentativa do presidente Jair Bolsonaro de interferir na política de preços da Petrobras, em 12 de abril. Depois de cair mais de 8% em um dia, o papel preferencial da companhia já subiu 3%. Em 2019, a ação acumula alta de 16,3%, tendo terminado a segunda-feira cotada a 26,77 reais. No mesmo intervalo, o Ibovespa, principal índice da bolsa de valores local, avançou quase metade disso, 7,4%, para 95.088 pontos. Sinal de bons ventos para Petrobras – apesar dos problemas vindos de Brasília.

Dívida

A dívida líquida da Petrobras somou R$ 372,2 bilhões ao fim do primeiro trimestre, alta de 38% ou R$ 103,4 bilhões em relação ao trimestre anterior, devido aos efeitos de nova norma internacional contábil de arrendamentos mercantis (IFRS 16), informou a empresa ao mercado nesta terça-feira.

Desconsiderando os efeitos da norma, que passou a ser adotada pelas empresas abertas como a Petrobras neste ano, o endividamento líquido da petroleira seria de R$ 266,3 bilhões de reais, ante R$ 268,8 bilhões no último trimestre de 2018, informou a companhia.

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