Plataforma de petróleo: desempenho da economia é outro fator que também deve contribuir para o crescimento mais fraco do mercado de derivados (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 8 de outubro de 2013 às 16h49.
Rio - O consumo de derivados de petróleo no Brasil deve crescer um pouco mais de 3% neste ano, ligeiramente acima do Produto Interno Bruto (PIB), puxado pela expansão da demanda de diesel e óleo combustível.
O desempenho revela, porém, uma desaceleração no crescimento do mercado, que em 2012 aumentou 7,3% ante 2011, mesmo com a discreta alta de 0,9% do PIB.
"Isso não é uma condição de normalidade, e sim eventual que aconteceu esse descolamento. Este ano a gente deve crescer um pouco acima do PIB", afirmou o consultor sênior da Petrobras, Eduardo Correia, que participou de seminário da Grupo de Economia de Energia (GEE/UFRJ), nesta terça-feira, 08.
Segundo Correia, os fatores que puxarão o crescimento moderado do mercado este ano são as maiores vendas de diesel, em função do intenso despacho térmico e da forte safra agrícola, e de óleo combustível, também puxadas pela demanda do setor elétrico. Contudo, o especialista observou um enfraquecimento do segmento de querosene de aviação, cujas vendas devem cair, e um crescimento de praticamente zero na demanda por gasolina A (pura) - a projeção para a expansão do mercado desconsidera a gasolina C, por ser misturada com o etanol.
O consultor explicou que o descolamento da trajetória de avanço do mercado de derivados da curva do PIB desde 2010 se deveu ao crescimento da renda da população. "A mobilidade social levou a condição de novos demandantes de derivados de petróleo, que cresceram a uma taxa muito acelerada", afirmou. Isso beneficiou a demanda de uma série de produtos, como o gás liquefeito de petróleo (GLP ou gás de cozinha), a querosene de aviação e a gasolina (esse último por conta do aumento da frota de veículos).
"Essa classe emergente tinha a aspiração de se tornar motorizada, e essa demanda reprimida tem sido satisfeita, até com a política de incentivo governamental também do ponto de vista creditício e tributário", analisou. No entanto, esse modelo de crescimento tem dado sinais de esgotamento, o que é agravado pela desaceleração da economia. Nos cálculos do consultor da Petrobras, o PIB brasileiro deve crescer este ano em torno de 2,7%.
Nesse contexto, o especialista projetou que o mercado de derivados deva crescer abaixo do PIB em 2014. A explicação está na possível redução da demanda do setor elétrico, com a diminuição do despacho termoelétrico. "O despacho de usinas a óleo combustível e diesel já parou, e 2014 deve entrar sem essa necessidade. A não ser que tenha uma seca inesperada e leve a condições mais rigorosas do despacho", argumentou.
O desempenho da economia é outro fator que também deve contribuir para o crescimento mais fraco do mercado de derivados, sobretudo se isso se refletir na expansão da frota de automóveis.
Considerando o atual grau de endividamento das famílias, Correia afirmou que as vendas de veículos podem cair este ano se não houver uma retomada da economia brasileira. "O descolamento da evolução da frota em relação ao PIB não é sustentável no logo prazo. Então, mesmo que haja políticas como a isenção do IPI ou a tentativa de expansão do crédito, a tendência é de queda das vendas de veículos, se a economia não der sinais fortes de recuperação em 2014. Isso é inevitável."
Outro ponto citado como relevante para o mercado de derivados é a retomada da produção de etanol. Com os preços mais baixos do açúcar e a expansão da safra da cana-de-açúcar, Correia disse que a produção de etanol deve subir. Para este ano, deve alcançar 28 milhões de metros cúbicos, com espaço para novas expansões. "Isso evita que se tenha um crescimento forte do mercado de gasolina", justificou. No médio e longo prazos, o especialista afirmou que o mercado de derivados deve crescer abaixo da expansão do PIB, também pelo aumento da eficiência energética dos motores.