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Num mundo de selfies, esta empresa fatura R$ 20 milhões com imagens profissionais de esportistas

Plataforma criada pelo carioca Jonathas Guerra já vendeu cerca de 45 milhões de fotos desde a sua fundação em 2019

Jonathas e Maria Eduarda Guerra: para 2024, empresários querem quadruplicar faturamento vendendo fotos (Banlek/Divulgação)

Jonathas e Maria Eduarda Guerra: para 2024, empresários querem quadruplicar faturamento vendendo fotos (Banlek/Divulgação)

Daniel Giussani
Daniel Giussani

Repórter de Negócios

Publicado em 5 de fevereiro de 2024 às 17h45.

Última atualização em 5 de fevereiro de 2024 às 18h37.

Já pensou em ir para a praia, e, de lá, ter a ideia de um negócio que vai faturar R$ 20 milhões neste ano?

Foi o que aconteceu com o carioca Sérgio Illa. Aposentado da Aeronáutica, ele levou o filho à praia no Rio para tirar fotos. Por ali, algumas pessoas que estavam aproveitando o dia também pediram fotografias — e falaram que pagariam pelo trabalho. O ano era 2021.

Illa pensou então que poderia montar uma plataforma em que fotógrafos autônomos subissem fotos feitas na praia (ou em outros lugares, como na academia ou em maratonas) para vendê-las para os interessados. 

Com a ideia na cabeça, só faltava executar. Foi quando Jonathas Guerra, atual CEO da startup, entrou na jogada. Juntos, criaram a Banlek, uma plataforma que ajuda na gestão do fotógrafo e vende as fotografias para clientes interessados.

“Eu aparecia em primeiro lugar no Google quando buscava por programador no Rio de Janeiro”, diz Guerra. “Illa me chamou, entrei como sócio e resolvemos desenvolver o projeto”.

Hoje, o aposentado da Aeronáutica Illa já não está mais na operação. Ele vendeu a sua parte para Guerra em 2021, que ficou 100% responsável pelo negócio, hoje o administrando junto de sua esposa, Maria Eduarda.

De lá para cá, o negócio escalou. Hoje, são 120 milhões de fotos no banco de imagens da Banlek. Só ano passado, foram 6 milhões de fotografias vendidas. Na história toda da startup, já foram 45 milhões de comercializações. 

Para 2024, querem faturar R$ 20 milhões vendendo fotografias. Se der certo, será um crescimento de quase quatro vezes em relação a 2023. O crescimento está apoiado no lançamento de uma nova plataforma e na internacionalização das vendas, principalmente para a Europa.

Uma receita significativa para uma profissão que chegou a ser considerada extinta, num mundo dominado por selfies.

Como a Banlek funciona

De forma resumida, Guerra define a Banlek como um marketplace, assim como o Mercado Livre,  “para ajudar o fotógrafo a ganhar mais dinheiro”. 

Na prática, funciona assim: o fotógrafo pode ir até um evento ou espaço para fotografar as pessoas e disponibilizar essas imagens no site da Banlek. Depois, o fotografado pode acessar a plataforma e comprar a foto que o interessou.

Num campeonato de surfe, por exemplo, o fotógrafo pode tirar fotos de todos os competidores e colocar na plataforma. Depois, o surfista, se quiser alguma foto exclusiva, pode adquiri-la no site.

Hoje, 80% do público é da área esportiva. Os outros 20% vêm de casamentos, formaturas e atividades teatrais. 

Mas como achar uma imagem específica dentro do sistema que tem milhões de fotografias? A inteligência artificial ajuda. “Você pode colocar uma selfie, que nosso robô faz reconhecimento facial e mapeia em que fotos o cliente aparece”. 

Hoje, a Banlek fatura cobrando uma comissão de cerca de 12% em cima de cada venda, ou com um preço fechado de mensalidade. Nesta segunda opção, o fotógrafo paga à startup uma comissão de 9%. Segundo Guerra, há quem chegue a faturar R$ 75 mil por mês na plataforma. 

Veja alguns números da empresa:

  • 6 milhões de fotos vendidas em 2023
  • 45 milhões de fotos vendidas durante a história
  • 120 milhões de fotos disponibilizadas na plataforma
  • 4.100 fotógrafos ativos em dezembro de 2023
  • 6.900 fotógrafos ativos durante 2023
  • 1.000 assinantes
  • 1,5 milhão de clientes

Qual é a história de Jonathas Guerra

Jonathas é programador desde os 13 anos. Autodidata, aprendeu a criar programas em casa mesmo. Seu primeiro emprego foi em uma agência de publicidade, que o proporcionou um alavancamento na entrada do mercado. Entre 2008 e 2011, cuidou do MusicX, um aplicativo para pessoas ouvirem música gratuitamente pelo Facebook.”Mas como era música de graça, estava fadado a não dar certo”. 

Antes de fundar a Banlek, estava prestando serviço de tecnologia na WebDiet, um aplicativo de nutrição. 

Quando entrou na Banlek como sócio, enfrentou, logo nos primeiros meses de operação, a pandemia de covid-19. Com poucas pessoas na rua por causa das restrições sanitárias e, consequentemente, poucos clientes, tiveram de fechar por algum período.

“Retornamos somente em outubro do mesmo ano com uma plataforma totalmente nova”, diz. “Aproveitamos o período de quarentena para desenvolver tudo e entregar o produto mais sólido para os fotógrafos. No início, cobrávamos uma taxa, mas foi preciso baixar o valor por conta do pós-pandemia, isso impactou não só o sucesso da Banlek, mas todas as outras plataformas para fotógrafos que já existiam”. 

Em 2021, com a saída do Illa, Guerra puxou para o negócio sua esposa, a fisioterapeuta Maria Eduarda Guerra, que o ajudou na organização e na parte administrativa da plataforma. 

“Durante a época da covid, minha esposa trabalhava em dois hospitais na linha de frente como fisioterapeuta respiratória”, diz. “Quando o Sérgio saiu, senti que precisava de ajuda e convidei a Duda para se juntar a Banlek. Hoje, ela é nossa CFO e digo que é responsável por 90% do que é a Banlek, ela nos colocou no patamar que estamos atualmente, por sua organização”. 

Quais os próximos passos da Banlek

Para 2024, a meta é faturar R$ 20 milhões. Para isso, estão refazendo a plataforma para ficar ainda mais intuitiva e planejam a entrada com força na Europa, principalmente para Portugal, Espanha e França. 

“Fechamos uma parceria com Mercado Pago para aceitarmos pagamentos em outras moedas, principalmente o euro”, diz Guerra. “Nosso principal objetivo é a entrada no mercado internacional”.

Além disso, estão investindo em atendimento, para garantir que haja alguém para atender o cliente e o fotógrafo 24 horas por dia, e pretendem intensificar as campanhas de divulgação.

“Somos a plataforma mais acessada de fotografias da América Latina, mas a menos conhecida”, diz. “Queremos conseguir posicionar nossa marca no mercado, inclusive para além da bolha do esporte”. 

Para isso, Guerra e Maria Eduarda estão de volta de Santa Catarina para o Rio de Janeiro, onde abrem uma sede física da Banlek. Apostas altas para o que será, segundo Guerra, “o ano da fotografia”:

“Depois de 2019, as coisas arrefeceram um pouco, mas começaram a voltar com força no ano passado e não tenho dúvida que em 2024, com mais eventos e pessoas na rua, será o nosso ano. O ano da fotografia”. 

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