Melhores dos Negócios Internacionais 2025: prêmio recebeu mais de 350 inscrições, alta de 75% ante 2024 (Eduardo Frazão/Divulgação)
EXAME Solutions
Publicado em 18 de dezembro de 2025 às 11h10.
Tarifaço foi a palavra que guiou o comércio exterior brasileiro em 2025. Aplicada em agosto, a sobretaxa de 50% sobre produtos nacionais atingiu 36% das exportações para os Estados Unidos, pressionando margens de setores como o agronegócio e impondo renegociação de contratos.
Para Jorge Viana, presidente da ApexBrasil, a reação do setor mostrou capacidade de adaptação após anos de busca pela diversificação de mercados. “Não foi um ano simples, mas fizemos o ‘dever de casa’”, disse Viana. Ele afirma que o redesenho das rotas de exportação — com foco em Ásia, Oriente Médio e Europa — permitiu ao país amortecer parte dos efeitos do tarifaço.
A segunda edição do Prêmio Melhores dos Negócios Internacionais, promovida por ApexBrasil e EXAME, celebrou justamente essa resiliência. A cerimônia, realizada no Teatro B32 e com mais de 400 convidados, destacou 19 empresas brasileiras por desempenho global. As vencedoras funcionaram como termômetro da internacionalização em um ciclo de volatilidade regulatória.
A escolha do local, na região financeira de São Paulo, reforçou o gesto simbólico: manter o olhar para fora em tempos adversos. Lucas Amorim, diretor de redação da EXAME, afirmou que o empreendedor exportador combina hard e soft power para avançar mesmo em ambiente hostil.
Antes da entrega dos troféus — uma peça criada pela artista Christina Motta —, o evento contou com apresentação da Associação Fernanda Bianchini, formada por bailarinos com deficiência visual. O espetáculo ecoou o tema central da premiação: superação.
No campo econômico, o discurso também se apoiou em números. As exportações brasileiras cresceram 2,4% em novembro e somaram US$ 28,51 bilhões, mesmo sob o impacto das tarifas americanas.
Para Viana, o desempenho reflete ambiente internacional favorável ao Brasil em 2025, marcado por protagonismo diplomático: presidência do G20, dos BRICS e do Mercosul, além da preparação para a COP30.
Ele também destacou a iminência do acordo Mercosul-União Europeia, previsto para janeiro de 2026. Segundo Viana, o bloco formado após o pacto teria PIB combinado de US$ 22 trilhões — mais que o da China. A perspectiva amplia o horizonte de atuação das cerca de 21 mil empresas apoiadas pela ApexBrasil.
O prêmio recebeu mais de 350 inscrições, alta de 75% ante 2024. A comissão julgadora — formada por ApexBrasil, EXAME, Sebrae e representantes dos Ministérios do Desenvolvimento e das Relações Exteriores — avaliou estratégia internacional, inovação, impacto econômico, sustentabilidade e adaptação regulatória.
Ana Repezza, diretora de negócios da ApexBrasil, resumiu o resultado: o avanço internacional depende menos de improviso e mais de planejamento de longo prazo.
A Marfrig, uma das maiores produtoras globais de carne bovina, foi eleita Empresa Exportadora do Ano (Grandes Empresas). O setor foi um dos mais atingidos pelo tarifaço, dada a sensibilidade da proteína no mercado americano. Para preservar margens, empresas como a Marfrig redirecionaram volumes, reforçaram negociações com Oriente Médio e Sudeste Asiático e ampliaram produtos de maior valor agregado.
A estratégia de diversificação, aliada à ampliação de contratos com clientes premium e a investimentos em rastreabilidade, sustentou participação internacional mesmo sob pressão. O prêmio reconhece a capacidade da companhia de reagir rápido a mudanças regulatórias.
Vencedora entre Pequenas e Médias Empresas, a 100% Amazônia representa a nova economia da floresta. Instalada no Pará, transforma bioativos amazônicos em ingredientes de alto valor agregado — óleos essenciais, manteigas vegetais, polpas, farinhas e extratos — para setores de alimentos, cosméticos, bebidas e bem-estar.
A empresa atua há 15 anos em parceria com comunidades locais e se tornou referência de como biodiversidade pode gerar produtos demandados globalmente. “É a consagração do nosso trabalho”, afirmou Fernanda Stefani, CEO da 100% Amazônia.
