Marcia Neris, produtora de batata doce no interior de Sergipe.
EXAME Solutions
Publicado em 28 de novembro de 2024 às 10h05.
Quatro meses é o tempo entre o plantio e a colheita da batata-doce. A rapidez da produção foi o atrativo para a agricultora Márcia Neris investir no legume. Hoje, ela produz mais de 180 mil toneladas por safra e inspira outros produtores com um canal no Youtube.
Filha de agricultores, Márcia nasceu e foi criada em Moita Bonita, a 70 quilômetros de Aracaju, em Sergipe. Desde cedo, esteve envolvida com a lavoura, mas começou a trabalhar diretamente com a terra após o nascimento do primeiro filho, quando as dificuldades financeiras apertaram e seu marido, Acival Santana, trabalhava sozinho.
Márcia iniciou sua jornada plantando em uma terra arrendada, junto de uma amiga. Com o tempo, o aumento da produção trouxe melhorias para a família. “Começamos a investir em esterco, adubo, construção de poços artesianos, irrigação e testes com diferentes tipos de batata”, relata.
Preocupada com a gestão do negócio, ela buscou capacitação no Sebrae. Esse investimento resultou na compra de terras e na expansão do plantio, que hoje ocupa nove tarefas (2,7 hectares). Márcia também adota práticas sustentáveis, como o uso de energia solar, para reduzir impactos ambientais.
Além de impulsionar sua família, Márcia contribui para a renda de 12 famílias ao longo do ano. Seus filhos também se beneficiaram: José Vinícius Santana tornou-se produtor de batata-doce; Mércia e Marina cursam psicologia e fisioterapia, respectivamente. Apesar de não revelar o faturamento, Márcia afirma ter uma vida confortável. “Tem que ter um emprego muito bom para ganhar o que ganhamos”, comenta.
Há três anos, enfrentando um quadro de depressão, Márcia encontrou no Youtube uma forma de se ajudar e ajudar os outros. Seu canal, Márcia Neris Meu Recanto Feliz, tem quase oito mil inscritos e aborda temas como a rotina no campo e receitas da culinária sergipana.
Durante o ano, Márcia planta e colhe batata-doce branca e roxa, contando com dois funcionários fixos e colaboradores nas épocas mais intensas. Apesar do trabalho árduo, ela reforça a importância de fé e resiliência no campo: “A primeira ferramenta do agricultor é a fé. A gente trabalha, mas sabe que Deus vai fazer germinar aquela rama”.