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Prejuízo da JetBlue expõe os limites do modelo de tarifas baixas

Em geral, empresas aéreas do tipo low cost, low fare não têm caixa para suportar despesas imprevistas. No Brasil, a Gol optou por ter uma boa reserva financeira e, por isso, subiu suas tarifas

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h38.

As empresas aéreas que operam com baixa tarifa vêm revolucionando o mercado de aviação - mas a um duro preço. Com reservas de caixa muitas vezes apertadas, tais companhias têm mais dificuldade para desembolsos extras em um período de sufoco. A americana JetBlue é um caso. Uma das pioneiras do modelo "low-cost, low-fare" (baixo custo/baixa tarifa), a empresa anunciou ontem um forte prejuízo no último trimestre. E pior: provavelmente continuará no vermelho por todo o ano.

Demanda para esse tipo de companhia não falta. Em todo o mundo, empresas como a JetBlue, EasyJet e Ryanair, na Europa, e a Gol, no Brasil, para citar alguns exemplos, têm visto crescer seu número de passageiros. O problema está em fatores externos. O petróleo é, de longe, o pior deles. Ele tem impacto direto no preço do querosene, produto que consome até 30% dos custos de uma companhia aérea. Nos Estados Unidos, o cenário foi mais cruel no ano passado, em função de dois desastres naturais, os furacões Katrina e Wilma.

A Gol, por enquanto, parece estar mais bem preparada para eventuais sobressaltos. "Pode-se dizer que a Gol é uma empresa de baixo custo, mas não mais de baixa tarifa", diz o analista Alexandre Garcia, da Ágora Senior. Para manter-se sadia - ou seja, com solidez financeira -, a Gol acabou optando por elevar suas tarifas, segundo ele.

A empresa estreou em 2001 com tarifas até 50% mais baixas do que as da concorrência. Desde então, porém, veio aumentando gradativamente seus preços, que hoje são apenas cerca de 15% menores do que os da TAM, líder do mercado. Tudo indica que essa opção está dando certo, pelo menos no quesito contabilidade. Além de ter uma das maiores rentabilidades do mercado de aviação em todo o mundo, a Gol não perdeu passageiros com o aumento de suas tarifas. A crise da Varig também ajudou, e hoje a Gol é a segunda maior empresa aérea do país.

A analista Silvânia Godoi Ferreira, do Banco do Brasil, tem ainda uma outra explicação para o sucesso da estratégia da Gol. "Sim, a empresa vem aumentando seus preços, mas a concorrência também vem diminuindo suas tarifas", diz. Em outras palavras: o que houve foi uma convergência de preços, em vez de simplesmente uma elevação por parte da Gol.

"O ano de 2005 mostrou bem isso. Houve uma guerra de tarifas e o mercado como um todo foi obrigado a diminuir seus preços. No caso da Gol, eu diria que ela não é nem low fare nem tradicional. Está bem no meio", diz.

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