Klabin aplica R$ 1,5 bilhão em fábrica do Paraná
Investimento recorde vai aumentar capacidade total de produção da empresa em 400 000 toneladas ao ano. Empresa mira o mercado externo
Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h38.
A Klabin vai investir 1,5 bilhão de reais para ampliar a fábrica de Monte Alegre, instalada no município paranaense de Telêmaco Borba. Com os investimentos, a capacidade total de produção da Klabin, cujo parque fabril possui 17 unidades, aumentará de 1,6 milhão de tonelada anuais para 2 milhões de toneladas até 2008. Somente na unidade de Monte Alegre, a capacidade passará das atuais 700 000 toneladas para 1,1 milhão de toneladas.
Maior investimento da história da empresa desde sua fundação há 107 anos, a iniciativa colocará a unidade de Monte Alegre, atualmente a maior fábrica de papéis do Brasil, entre as 12 maiores fábricas de papel do mundo, e a Klabin entre os seis maiores fabricantes globais de papel-cartão à base de fibras virgens, afirma o diretor geral da companhia, Miguel Sampol. O principal foco do projeto será expandir a produção de papel-cartão. Os planos são elevar o volume fabricado em Monte Alegre de 330 000 toneladas ao ano para 680 000 toneladas nos próximos dois anos. Com o investimento, a empresa pretende elevar a participação das exportações, atualmente em 27% da receita da companhia, para 40% até 2009.
Dos 50 países para os quais exporta, destacam-se os Estados Unidos e nações da Ásia e da Europa, incluindo a Rússia. "Nosso investimento em papel-cartão indica que o Brasil não pode se fixar só na exportação de celulose, mas também na de produtos de maior valor agregado, com preços mais estáveis e mais altos no mercado internacional", diz Sampol. Os custos mais baixos de produção, da mão-de-obra, de distribuição e do capital são os principais benefícios da Klabin na conquista de novos negócios e na ampliação dos atuais, diz Sampol.
O investimento em papel-cartão, afirma Donald Mota, diretor comercial da Klabin, tem o objetivo de ampliar o fornecimento para seu principal cliente, a fabricante de embalagens Tetra Pak, e, ao mesmo tempo, pulverizar os negócios, tornando-se menos dependente de um comprador em particular. "Vamos conseguir as duas coisas: crescer na Tetra Pak e diluir o peso nos negócios com ela", diz Mota. Em 2005, esse cliente absorveu dois terços da produção de papel-cartão da Klabin.
Desde a reestruturação da empresa, em 2003, a Klabin centrou sua produção no mercado de embalagens. Segundo Sampol, o projeto de duplicação da produção de papel-cartão reflete "o comportamento consistente da Klabin com os compromissos fixados".
Início em 2008
Dos 1,5 bilhão de reais que serão investidos, 40% virão de recursos da própria companhia. A origem do restante ainda não foi definido, mas a empresa já enviou uma carta-consulta ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social solicitando financiamento. O valor pleiteado, 1,2 bilhão de reais, inclui o capital necessário para inteirar os investimentos, além de recursos para outras finalidades, como o pagamento de impostos.
As obras de implantação devem começar entre junho e julho deste ano, com o início das operações no primeiro trimestre de 2008. O projeto prevê, segundo Sampol, a criação de cerca de 1 000 empregos diretos, sendo 250 na operação da fábrica e 750 na área florestas, injetando cerca de 13 milhões de reais ao ano em salários na região de Telêmaco Borba. Durante sua implementação, outras 4 500 novas vagas deverão ser geradas.
O projeto apresentado pela Klabin também prevê a instalação de uma linha de produção de fibra de eucalipto com capacidade de 140 000 toneladas ao ano e também uma nova planta de co-geração de energia com base em biomassa. A capacidade da nova caldeira será de 250 toneladas de vapor por hora, reduzindo o consumo de óleo combustível em 20 000 toneladas ao ano. Também há previsão, segundo Sampol, da redução de índices de consumo de água e de emissão de efluentes líquidos e sólidos.