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Mercedes-Benz vai cortar produção e pessoal

A empresa informou que tem 2 mil trabalhadores excedentes na fábrica de São Bernardo do Campo


	Linha de caminhões em São Bernardo: o problema é mais acentuado nesse setor, cujas vendas de todas as marcas caíram 11,8% 
 (CLAUDIO GATTI)

Linha de caminhões em São Bernardo: o problema é mais acentuado nesse setor, cujas vendas de todas as marcas caíram 11,8%  (CLAUDIO GATTI)

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Da Redação

Publicado em 4 de abril de 2014 às 08h03.

São Paulo - A Mercedes-Benz informou esta semana, em carta aos funcionários, que tem 2 mil trabalhadores excedentes na fábrica de São Bernardo do Campo, no ABC paulista, que emprega quase 12 mil pessoas.

O problema é mais acentuado no setor de caminhões, cujas vendas de todas as marcas caíram 11,8% no primeiro trimestre em relação ao mesmo período de 2013.

Nos próximos dias a empresa vai abrir um programa de demissão voluntária (PDV) dirigido aos funcionários de todos os setores. Também cortará um dos dois turnos de trabalho na linha de caminhões a partir de 5 maio.

A área emprega 2 mil operários e os que forem dispensados ficarão em licença remunerada. A montadora não definiu número de dispensas e período de licença porque negocia os detalhes com o sindicato.

Desde o início do ano, a área de caminhões opera apenas quatro dias por semana, também em razão da queda das exportações para a Argentina. Além de caminhões, a fábrica produz ônibus, motores e transmissões.

Parte dos 200 trabalhadores do setor de CKD (veículos desmontados para exportação) também vai entrar em férias coletivas. Na fábrica de Juiz de Fora (MG), onde são feitos apenas caminhões, os 450 trabalhadores terão férias de 20 dias a partir de 22 de abril.


A Ford dará seis dias de folga aos 900 operários da fábrica de caminhões em São Bernardo a partir de hoje. Em março, eles já foram dispensados por cinco dias. Outras montadoras, inclusive de automóveis, estão reduzindo a produção.

Negociações

"Estamos negociando com o governo medidas para evitar que o problema se aprofunde", disse o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Rafael Marques. Uma das propostas em discussão é a criação do Sistema Nacional de Proteção do Emprego, baseado em experiências da Alemanha.

Segundo Marques, a proposta tem apoio das montadoras e consiste em usar o dinheiro que seria pago como seguro desemprego para bancar parte dos salários dos funcionários que ficariam afastados do trabalho no período de baixa demanda.

Outra proposta é iniciar o programa de renovação da frota de caminhões antigos, que prevê incentivos na troca por modelos mais novos.

Vendas

No primeiro trimestre, as vendas de caminhões somaram 30.310 unidades, 11,8% a menos que em igual período de 2013. Só em março, os negócios caíram 25,9% em comparação a um ano atrás, para 9,1 mil unidades. Somando carros, comerciais leves e ônibus, a queda é de 2,1% em comparação ao primeiro trimestre de 2013.


O presidente da MAN Latin America, Roberto Cortes, disse que o setor de caminhões "é termômetro para a economia e vende quando a economia está em expansão e quando há confiança por parte dos investidores".

Ele lembrou que o setor estava a caminho da recuperação, depois de ter crescido 11% em 2013 em relação a 2012 - que havia caído quase 20% em relação ao ano anterior. "Estávamos preparados para continuar crescendo em 2014, mas a economia não está crescendo como esperávamos."

A MAN projetava alta de 4% a 5% para o mercado de caminhões neste ano, mas agora trabalha com números iguais ou até inferiores aos 154,5 mil vendidos em 2013.

Um alento para o setor foi anunciado nesta semana, com a decisão do BNDES de voltar a operar com o Finame PSI Simplificado, sistema que reduz para cerca de 30 dias o tempo de aprovação do crédito para a compra de caminhões, hoje em torno de 45 a 50 dias.

"Foi uma decisão muito importante. A mensagem não é só a de que o modelo será alterado, como também que existe 'funding' (recursos) para o mercado", disse o vice-presidente da Ford, Rogelio Golfarb. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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