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Londres ou Roterdã? Decisão da Unilever testa Brexit

Se a empresa optar por uma cotação exclusivamente inglesa, May poderá dizer que isso é um sinal de que os investidores estão otimistas

Unilever: estima-se que seus produtos, do Marmite e da Vaseline à maionese Hellmann’s, estão presentes em 98% dos lares britânicos (Karin Salomão/Site Exame)

Unilever: estima-se que seus produtos, do Marmite e da Vaseline à maionese Hellmann’s, estão presentes em 98% dos lares britânicos (Karin Salomão/Site Exame)

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Da Redação

Publicado em 7 de abril de 2017 às 19h01.

Londres - O anúncio da Unilever de que a empresa está avaliando abandonar sua dupla nacionalidade e estabelecer sua sede em Londres ou Roterdã significa que a estratégia de Theresa May para o Brexit receberá um grande apoio ou um golpe desde o começo.

Poucas empresas têm mais contato diário com o povo britânico do que a Unilever. Estima-se que seus produtos, do Marmite e da Vaseline à maionese Hellmann’s, estão presentes em 98 por cento dos lares britânicos.

Por isso, mesmo se o impacto em termos de emprego for limitado, a decisão de ir para os Países Baixos enviaria um sinal claro aos eleitores de que as empresas estariam preocupadas com o Brexit.

Por outro lado, se a empresa optar por uma cotação exclusivamente inglesa, May poderá dizer que isso é um sinal de que os investidores estão otimistas.

O Reino Unido se considera um local amigável para as corporações e May sugeriu que poderia reduzir ainda mais os impostos.

“A primeira-ministra britânica está extremamente ciente de que qualquer multinacional que sair de Londres seria uma publicidade ruim para o Reino Unido, particularmente no início do processo extremamente delicado de negociações do Brexit”, disse Randolph Bruno, professor sênior de Economia da University College London.

“Uma decisão a favor da Unilever Netherlands a colocaria no centro das atenções para cumprir suas promessas de manter um ‘Reino Unido Global’.”

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Para a Unilever, o problema foi colocado em pauta pela oferta não solicitada da Kraft Heinz em fevereiro. O presidente Paul Polman está estudando uma maneira de tornar sua empresa mais eficaz em rejeitar aquisições hostis.

Embora não tenha manifestado uma preferência clara entre o Reino Unido e os Países Baixos, ele já tinha apontado que uma aquisição como a que a Kraft tentou teria enfrentado mais obstáculos se a empresa fosse cotada exclusivamente em Roterdã.

O anúncio da Unilever devolve o foco para o impacto da separação entre o Reino Unido e a União Europeia.

“Isto não está acontecendo em um vácuo”, disse Mohan Sodhi, da Cass Business School na City University de Londres.

“O Brexit só impulsiona a Unilever para Roterdã, mas é importante entender que isso não significa que a Unilever deixará o Reino Unido. Ela ainda terá funcionários. Ela não vai desaparecer. Mas a sede não será aqui. Esse é um impacto emocional.”

"A decisão de uma empresa como a Unilever de deixar o país não é o principal", disse Bruno. "A verdadeira preocupação é que muitas outras podem seguir o exemplo."

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