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Lemann vai voltar à caça? Wall Street aposta que sim

Analistas perceberam que o empresário "ataca" de dois em dois anos, nos anos ímpares

Lemann: controverso no mercado, mas protegido de Buffett (Scott Olson/Getty Images)

Lemann: controverso no mercado, mas protegido de Buffett (Scott Olson/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 30 de janeiro de 2017 às 13h48.

Última atualização em 30 de janeiro de 2017 às 14h25.

Chegou a hora de Jorge Paulo Lemann voltar à caça.

Esse é o boato que corre na indústria de alimentos, na qual o bilionário brasileiro vem fechando grandes negócios aproximadamente a cada dois anos.

Em 2013, ele convenceu Warren Buffett a unir-se a ele na H.J. Heinz. Depois, em 2015, a dupla orquestrou a fusão de US$ 55 bilhões entre Heinz e Kraft Foods.

“Pela lógica, este seria o ano”, disse David Palmer, analista do setor de alimentos do RBC Capital.

A especulação deixa os traders nervosos. No mês passado, uma reportagem de uma revista suíça pouco conhecida, que requentou a antiga especulação sobre o plano de Lemann de comprar a Mondelez junto com Buffett, provocou uma alta imediata das ações da gigante americana dos lanches (os papéis subiram 28 por cento em poucos minutos).

Até o momento, nenhum acordo foi anunciado. Independentemente disso, a dúvida sobre se Lemann poderia ir atrás do alvo em 2017 está fazendo com que praticamente todo mundo procure pistas.

Entre os demais nomes além da Mondelez estão General Mills, Kellogg e Campbell Soup.

Existe até mesmo uma especulação de que a adorada Coca-Cola de Buffett poderia entrar no páreo, uma perspectiva que alguns consideram fantasiosa.

Toda essa atenção mostra a que ponto Lemann, de 77 anos, reformulou e influenciou a indústria global de alimentos e bebidas.

Na última década, Lemann e seus sócios brasileiros da 3G Capital ganharam fama com uma série de aquisições chamativas, como Anheuser-Busch e Burger King, e a visão singular de eliminar todos os custos possíveis.

Modus Operandi

A equipe dele tem sido tão efetiva para aumentar os lucros que as empresas vêm sendo obrigadas a mudar suas formas de fazer negócios -- para não correrem o risco de virar alvo.

Alguns especialistas do setor criticam os métodos da 3G, chamando-os de draconianos e míopes, e sugerem que a constante necessidade de aquisições reflete o fato de que os cortes de custos, por si só, não são capazes de estimular as vendas.

Na Mondelez, a CEO Irene Rosenfeld afirma que uma abordagem mais equilibrada para melhorar as margens acabará gerando retornos maiores para os acionistas.

“Temos tentado assobiar e chupar cana ao mesmo tempo”, disse Rosenfeld. Ela preferiu não comentar se a fabricante das marcas Cadbury e Oreo, há tempos especulada como alvo da 3G, foi abordada para tratar de uma combinação com a Kraft Heinz.

No entanto, Lemann conseguiu conquistar Buffett, amplamente reconhecido como um dos investidores mais inteligentes e bem-sucedidos do mundo.

Com Buffett, que comanda uma fortuna de US$ 85 bilhões, a estratégia é simples. Buffett disponibiliza o dinheiro para ajudar a financiar as aquisições e a equipe de Lemann faz o trabalho sujo.

Invariavelmente, isso significa demitir empregados, fechar fábricas e cortar despesas desnecessárias.

Quando todos os cortes são realizados, a 3G procura o próximo alvo. E não faltam opções no setor de alimentos embalados, em dificuldades no momento porque os consumidores estão evitando produtos tradicionais de supermercados e buscando opções mais saudáveis.

A 3G preferiu não comentar essa reportagem, assim como as empresas Kraft Heinz, General Mills, Kellogg e Campbell. Buffett não respondeu aos pedidos de comentário.

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