Depois dos piores momentos da pandemia, a América Latina apresenta um amplo leque de oportunidades para um crescimento expressivo das healthtechs, startups que atuam no segmento da saúde (iStock/Exame)
Da Redação
Publicado em 1 de dezembro de 2022 às 19h44.
Última atualização em 5 de dezembro de 2022 às 17h05.
Depois dos piores momentos da pandemia, a América Latina apresenta um amplo leque de oportunidades para um crescimento expressivo das healthtechs, startups que atuam no segmento da saúde, indo além de setores consagrados durante a pandemia, como telemedicina e saúde mental.
Assine a newsletter EMPREENDA e receba, gratuitamente, conteúdos para impulsionar o seu negócio!
Historicamente, essa é uma região com acelerado incremento da população idosa e com ineficiências no setor público de saúde. Nos últimos anos, viu um rápido avanço não apenas em criação de startups de saúde, mas em investimento para essas empresas.
A análise é do estudo Latin America: Future of Healthtech, produzido pela plataforma de tecnologia para startups Latitud dentro de um relatório sobre sete indústrias chamado The LatAm Tech Report. Leia o estudo aqui.
LEIA TAMBÉM: Latitud: proptechs perderam valor em 2022, mas devem crescer com digitalização do mercado de imóveis
O estudo da Latitud evidencia que a pandemia da covid-19 de fato representou um divisor de águas para o fortalecimento das healthtechs, diante da urgência pela adoção de soluções tecnológicas como a telemedicina, em função das rígidas restrições de mobilidade e das medidas tomadas pelas autoridades sanitárias.
O estudo nota que, no cenário da pandemia, foram superadas as resistências das autoridades do setor em relação a algumas dessas soluções tecnológicas.
O estudo sinaliza uma tendência presente e de curto prazo de ampliação no uso de tecnologia na área da saúde, com o protagonismo das healthtechs.
No pós-pandemia, a tendência é de continuidade e mesmo de aprofundamento do uso de algumas das novas ferramentas tecnológicas em medicina, mesmo com eventuais revisões da sua utilização por parte dos responsáveis pelo setor.
LEIA TAMBÉM: Estudos Latitud: futuro do e-commerce se dará pela logística sustentável e fidelização
A tecnologia vai muito além da telemedicina e de soluções para saúde mental, muito presentes durante a pandemia, e inclui bem-estar, seguros de saúde, seguros dentais e benefícios para funcionários.
Além do impacto da pandemia, o estudo cita outros fatores que contribuem para o projetado crescimento expressivo das healthtechs no continente. Um deles é a crescente busca de grandes players em saúde, como empresas farmacêuticas e grupos hospitalares, por inovação e eficiência.
Ainda, o estudo de Latitud observa que em vários países do continente, como o Brasil, os empregadores são alguns dos maiores gastadores com assistência à saúde de seus colaboradores.
Diante da alta permanente dos custos com os planos de saúde, esses empregadores tendem a buscar novas soluções para o aprimoramento de suas análises e parcerias, visando a melhor tomada de decisão em relação às necessidades na área da saúde.
Há um dilatado horizonte de oportunidades de médio e longo prazo para as healthtechs na América Latina, sintetiza o estudo de Latitud.
Com o cenário das healthtechs latino-americanas se desenvolvendo, elas podem ir de um modelo regional de "focar em grandes problemas por meio de soluções simples" para um modelo global de "focar em soluções usando ferramentas complexas".
Algumas oportunidades nesse sentido são monitoramento remoto de pacientes, big data e inteligência artificial, internet das coisas, interoperabilidade de dados, dispositivos vestíveis e realidade virtual para cirurgias.
LEIA TAMBÉM: Estudos Latitud: depois do boom de investimentos, fintechs devem mirar nichos e falhas dos bancões
Porém, as healthtechs regionais terão de enfrentar desafios como ambiente regulatório, infraestrutura de dados, privacidade do usuário e competição global por talentos.
Algumas das principais estatísticas do tamanho do problema da saúde na América Latina são as seguintes:
Nesse cenário demográfico e de investimento em saúde, é de se esperar a continuidade de uma rápida expansão das healthtechs na região, em razão da demanda por novas soluções para suprir deficiências no setor, destaca o estudo de Latitud.
A pesquisa ressalta que esse crescimento já vem ocorrendo nos últimos anos, tendo a pandemia de covid-19 como um elemento alavancador.
Uma sinalização nesse sentido é o fato de que o investimento em healthtechs tem crescido nos últimos anos em porcentagens superiores ao conjunto das startups. Entre 2015 e 2021, o total captado pelas healthtechs cresceu em mais de 50 vezes, proporção muito acima da taxa de crescimento na captação pelas startups em geral.
Outro sinalizador é que as maiores rodadas de financiamento ao segmento estão ficando muito maiores na América Latina: de US$ 5,4 milhões em 2015 para US$ 125 milhões em 2022.
Existe, portanto, um inequívoco crescimento do interesse de investidores pelas healthtechs na região, acrescenta o estudo de Latitud.
O estudo nota que 2021 foi especialmente dinâmico para o setor, com recordes de investimento, tendo o Brasil na liderança em captação, com US$ 370 milhões, seguido do Chile, com US$ 209 milhões.
E, ainda que os investimentos neste ano estejam menores do que em 2021, as healthtechs devem ter um resultado superior a 2020 tanto no Brasil quanto globalmente.
LEIA TAMBÉM: Latitud: em 10 anos, as empresas SaaS do Brasil captaram só 1% das concorrentes dos EUA. Como mudar?