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Laboratórios racionam exames de coronavírus para evitar ficar sem material

Pacientes com sintomas leves de gripe são orientados a ficar em casa; preferência é para casos graves e idosos.

Coronavírus (Sasirin Pamai / EyeEm/Getty Images)

Mariana Desidério

Publicado em 18 de março de 2020 às 12h53.

Laboratórios de análise diagnóstica passaram a restringir os exames de coronavírus com o objetivo de garantir a disponibilidade de testes para os casos mais urgentes. Agora, a maioria dos laboratórios está atendendo apenas à demanda que vem de hospitais, com preferência para os casos de pacientes com sintomas mais agudos.

A mudança veio principalmente após uma nova diretriz do Ministério da Saúde. “A razão é simples: precisamos garantir que o paciente que precisa do exame consiga fazê-lo. Houve no começo do surto a prescrição indiscriminada do exame, e muitos foram feitos em paciente que não precisavam”, disse a EXAME Priscila Franklim Martins, diretora executiva da Abramed (Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica).

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Antes, pacientes que estivessem com algum sintoma de gripe, como coriza, procuravam o médico e ele solicitava um exame de coronavírus. Agora, a diretriz é que os pedidos de exame sejam feitos apenas para pacientes com febre, problemas respiratórios e tosse forte. Com isso, a meta é segurar a demanda por exames até que novos kits de testes cheguem ao Brasil.  “Os insumos para os exames são importados. Então precisamos primeiro garantir que eles cheguem ao Brasil. Em segundo lugar trabalhando junto à Anvisa para que ela priorize a liberação desses insumos nesse momento de crise”, afirma Martins.

O laboratório Diagnósticos do Brasil tem recebido demanda de 2 mil testes por dia. Com a nova restrição, tem feito cerca de 100 exames diários, com preferência para pedidos vindos de hospitais e pacientes com mais de 80 anos.  Os exames de coronavírus são feitos por uma unidade especializada em São Paulo.

“Há muitos pedidos indiscriminados, o que causou um desabastecimento no mercado”, afirma Nelson Gaburo, gerente-geral da unidade DB Molecular, responsável pelos exames de Covid-19. A expectativa do laboratório é que novos insumos já encomendados cheguem na semana que vem, e o laboratório amplie a oferta. A meta é chegar ao patamar de 1.000 a 2.000 testes por dia. O laboratório ampliou os turnos de trabalho durante a semana, com reforço do turno da noite, das 22h às 6h, e passou a funcionar também aos domingos.

Para Gaburo, a falta de material para exames pode agravar a disseminação da doença no Brasil. "O resultado rápido faz toda a diferença. Porque com ele, o paciente vai ficar em casa evitando passar a doença para outras pessoas", afirma.

Em nota, a Dasa, que reúne os laboratórios Delboni Auriemo (SP), Sergio Franco (RJ), Laboratório Exame (DF) e Frischmann Aisengart (PR), afirma que está priorizando os testes de Covid-19 para pacientes críticos. “Desde o início mais do que triplicamos nossa capacidade e estamos expandindo nas próximas semanas. Para isso estamos reforçando nosso estoque de materiais”, disse Emerson Gasparetto, vice-presidente da área médica da Dasa em comunicado.

A companhia tem entrado em contato com pacientes que tenham exames agendados para reforçar que o exame é indicado para quem atende a todos os critérios, ou seja: sintomas gripais, que tiveram contato com pessoas com confirmação da doença ou que retornaram da Europa, Ásia ou EUA há menos de 14 dias e que tenham indicação e pedido médico. A companhia criou um comitê para avaliar e priorizar os casos. Pacientes com sintomas leves de gripe são orientados a ficar em casa.

O Grupo Fleury afirmou que desde o início disponibiliza o teste apenas para seus hospitais parceiros, “para garantir a realização do exame para os pacientes elegíveis, segundo os critérios médicos”. O Grupo não oferece testes em suas unidades de atendimento. A companhia diz que está monitorando a disponibilidade de insumos com sua cadeia de fornecedores.

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