Kaszek começa a usar caixa de US$ 1 bilhão e diz estar aberta a negócios
Na percepção da gestora, investidora de startups como Nubank, Gympass, Loggi e QuintoAndar, o ambiente de negócios está melhorando e deve ter uma curva de crescimento
Repórter de Negócios
Publicado em 22 de abril de 2024 às 08h11.
Última atualização em 22 de abril de 2024 às 10h17.
RIO DE JANEIRO - Um dos fundos mais renomados da América Latina, a Kaszek começou a empregar os recursos captados no primeiro semestre do ano passado, um volume de quase 1 bilhão de dólares, dividido em dois fundos. Do total, US$ 540 milhões serão destinados à startups em estágios iniciais e US$ 435 milhões àquelas mais avançadas.
A escolhida foi uma brasileira - ainda mantida a sete chaves. Nos primeiros meses do ano, a gestora já investiu em quatro startups - as três primeiras usando capital do fundo antigo, entre elas a BrandLovrs , em rodada de R$ 35 milhões anunciada na semana passada. Os desembolsos da Kaszek ficaram entre US$ 5 milhões e US$ 15 milhões.
O volume mostra que a Kaszek está acelerando o ritmo em 2024 - em 2023, apenas 6 startups entraram para o portfólio, além de a gestora ter destinado recursos para follow-ons. No decorrer do ano, a estimativa é de que 10 sejam anunciadas.
“Nós estamos abertos para negócios”, disse Hernan Kazah, cofundador da Kaszek, em entrevista exclusiva à EXAME durante o Web Summit Rio . “E em todas as áreas, de seed e séries A até IPO e pós- IPO. Nós estamos olhando para companhias de todos os setores”.Com uma tese agnóstica, a casa tem no portfólio empresas como Nubank, Kavak, Gympass, Loggi e QuintoAndar.
Qual a percepção de mercado da Kaszek
Na nova safra, além de startups que usam IA generativa para aprimorar processos, chamam a atenção negócios com atuação de B2B fintech, modelos que investem em criar soluções financeiras e de infraestrutura para bancos e outras fintechs.
No mercado desde 2011, a Kaszek foi criada por Kazah ao lado Nicolas Szekasy, dois dos fundadores do Mercado Livre. Desde lá, investiu em mais de 120 startups da região a partir de nove fundos. Historicamente, o Brasil tem sido o destino de cerca de 60% dos aportes.
De acordo com o executivo, o ambiente está melhorando, e a gestora está “moderadamente otimista”. “Nós estamos olhando 2024, que é um ano que vai continuar evoluindo de maneira moderada, principalmente. 2025 será quando essas rodadas maiores acabarão acontecendo”, diz.
O que a gestora procura
Se engana, porém, quem acha que a retomada vai levar a momentos como o visto entre 2020 e 2021, quando o mercado foi inundado de recursos - acompanhando a queda na taxa de juros - e acabou por beneficiar negócios cuja tese e modelo de negócios não paravam de pé.
De acordo com a plataforma Distrito, as startups latino- americanas receberam aportes de US$ 3,1 bilhões em 2023, após um volume de US$ 7,9 bilhões um ano antes, redução que supera 60% no período.“Claramente, hoje tem menos capital disponível no mercado, mas acho que se conseguíssemos medir a qualidade deste capital, diria que é melhor. É um capital mais de longo prazo, de quem realmente acredita no potencial da região e está disposto a investir”, afirma Kazah sobre o novo momento.
Para fazer jus aos novos recursos, os fundadores das startups precisam demonstrar trabalho. Segundo o sócio da Kaszek, acabou a época de o empreendedor ficar no escritório esperando a ligação de um fundo de investimentos e do envio do memorando de intenções.
Ele lembra que no auge do mercado aquecido as gestoras mal tinham tempo para fazer o processo de diligências e os investidores precisavam decidir quase que na hora se havia interesse ou não em entrar na rodada de determinada startup.
“Agora, todo mundo faz due diligence, fala com a companhia, olha os números, fala com os clientes, faz um trabalho com profundidade na análise do produto”, afirma Hazah. “No negócio de tecnologia, você sempre está investindo para o futuro. E todo mundo está olhando com muito mais cuidado para saber quanto uma startup precisa de capital para chegar até esse futuro com sucesso”.
* O jornalista viajou ao Web Summit Rio a convite da Stone