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Imobiliária de SC usa startups para competir com gigantes e cresce 80%

Brognoli, de Florianópolis, viu o modelo de negócio ser ameaçado com a expansão nacional de proptechs como Loft e Quinto Andar. Ao apostar ela também em tecnologia, diversificou as receitas e virou fornecedora de outras imobiliárias

Eduardo Barbosa, da Brognoli: “Nosso objetivo é usar tecnologia para resolver problemas reais do mercado imobiliário e melhorar a experiência do cliente” (Divulgação/Divulgação)

Eduardo Barbosa, da Brognoli: “Nosso objetivo é usar tecnologia para resolver problemas reais do mercado imobiliário e melhorar a experiência do cliente” (Divulgação/Divulgação)

Leo Branco
Leo Branco

Editor de Negócios e Carreira

Publicado em 11 de dezembro de 2024 às 19h12.

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O mercado imobiliário brasileiro está num momento de transformação profunda. 

Empresas como Loft e Quinto Andar colocaram na mão dos clientes, na figura dos apps, um jeito muito mais simples de comprar, vender e alugar imóveis.

A disrupção colocou uma questão para as imobiliárias tradicionais. O consumidor passou a exigir processos mais rápidos e experiências personalizadas. 

Para acompanhar essa nova dinâmica, empresas tradicionais mudaram seus modelos de negócios e investiram em startups para manter a competitividade.

É nesse contexto que surge a história da Brognoli Imóveis, uma das mais tradicionais imobiliárias de Santa Catarina. 

A trajetória da empresa é exemplar de um negócio que está sabendo reinventar o negócio praticamente do zero — e está muito maior do que antes.

História da Brognoli 

Fundada em 1955, em Florianópolis, por Thales Brognoli, a imobiliária começou como uma administradora de imóveis familiares. Desse modo, foi uma das primeiras em Santa Catarina.

Com o tempo, diversificou a atuação para vendas, corretagem de seguros e gestão condominial. 

Em meio ao avanço das empresas de tecnologia no mercado imobiliário, muitas delas com apps descolados nos quais o cliente tem a possibilidade de resolver quase toda burocracia para mudar de imóvel, a Brognoli viu de perto a urgência da transformação digital.

O trabalho começou em 2016, com a chegada do CEO Eduardo Barbosa, um executivo com experiência na gestão de projetos em grandes empresas como o grupo de mídia gaúcho RBS.

Aposta em startups

O primeiro passo foi a criação de um braço de tecnologia para a Brognoli. Em parceria com organizações de fomento às startups em Floripa, a começar pela Acate, a associação catarinense de empresas de tecnologia, Barbosa começou a sondar empresas com soluções relevantes para o negócio.

O contato frequente com empreendedores levou a imobiliária a criar um programa de aceleração de startups a partir de desafios típicos da operação, como o atendimento a clientes e o cadastro de imóveis. 

Em oito anos, o programa ajudou centenas de empreendedores a testar ideias de negócio com base nas conversas com os diretores da imobiliária. Só em 2023, foram 21 negócios, em áreas como automação e análise de dados.

Além disso, a empresa investiu em 13 startups para colocar de pé tecnologias como um Núcleo de Inteligência Artificial, chamado por ali de NIA.

“Nosso objetivo é usar tecnologia para resolver problemas reais do mercado imobiliário e melhorar a experiência do cliente”, diz Barbosa.

Em 2020, em plena pandemia, e com muita gente precisando rever contratos de aluguel, uma solução de chatbots criada pelo time do NIA automatizou o atendimento a clientes e boa parte do trabalho de assinatura da papelada típica num contrato imobiliário.

Graças ao projeto, foi possível negociar mais de 4.000 contratos de aluguel em tempo recorde, com 53% dos casos resolvidos em até 24 horas. Ao total foram 7,5 milhões de reais em transações feitas online.

“A nossa IA não apenas analisa sentimentos, qualifica leads e entrega uma experiência mais completa para o consumidor”, diz Barbosa. “Essas soluções permitiram à Brognoli automatizar tarefas, aumentar a eficiência e personalizar o atendimento.”

A diversificação de negócios também levou a empresa a explorar o land banking da cidade onde está o negócio.

Nos últimos anos, a empresa criou um fundo imobiliário criado em parceria com a Reag Investimentos, a empresa pretende captar 150 milhões de reais para investir em áreas estratégicas de Florianópolis.

Os resultados

O foco em tecnologia trouxe ganhos importantes. Em 2015, o faturamento da empresa girava em torno de 14 milhões de reais. Para 2024, a previsão é de 25 milhões, uma alta de quase 80% em menos de uma década.

Hoje, 20% do faturamento da Brognoli vem do braço de tecnologia que, além de investir em startups, cria soluções para outras imobiliárias como um sistema para a gestão do back office.

Um negócio de seguros conectado à Brognoli representa 45% do faturamento. Essa corretora atende 420 imobiliárias no Brasil, oferecendo serviços como gestão de seguros obrigatórios e personalização de apólices.

O restante do faturamento vem da venda de imóveis na Grande Florianópolis. Em meio à guinada digital, o Brognoli repassou sua carteira de imóveis à locação. Desde 2023, o negócio é tocado pela gaúcha Crédito Real.

Agora, de olho na experiência do cliente que quer comprar um imóvel em Florianópolis, a Brognoli fechou uma parceria com a companhia aérea Azul. 

A ideia é dar pontos no programa Azul Fidelidade para compradores de imóveis selecionados por algumas incorporadoras de alto padrão com estoque à venda pela imobiliária, como OAD, Grupo Lumis e Archia Empreendimentos, numa iniciativa semelhante ao que a companhia aérea já fez para outros destinos, como Orlando

“Com o slogan “Invista em Floripa e viaje pelo mundo”, a iniciativa busca agregar valor à compra, aproveitando o crescimento dos programas de pontos e cashback no pós-pandemia”, diz Barbosa.

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