Happn quer ser "número um" no Brasil, mas, para isso, precisa tirar a Geração Z de casa
Aplicativo que compete com o Tinder quer abandonar o "namoro" e ser plataforma de "social dating" num mercado que deve atingir US$ 11 bi até 2028
Repórter
Publicado em 25 de setembro de 2024 às 15h52.
Última atualização em 25 de setembro de 2024 às 16h57.
O mercado global de aplicativos de namoro deve atingirUS$ 11 bilhões até 2028. Ainda assim, aumentar a base de usuários mais jovens é um desafio para plataformas como o Happn , que completa uma década em 2024.
O app francês se diferencia pela forma 'não convencional' de apresentar perfis. Utilizando geolocalização, ele permite que pessoas se reencontrem (ou se conheçam pela primeira vez) após cruzarem fisicamente em algum local. Enquanto concorrentes focam em usuários que passam horas nas telas, o Happn busca incentivar conexões reais. Ainda assim, precisa garantir que o usuário solteiro ainda passe algum tempo online.
A empresa entendeu que precisa intensificar a aposta nas 'conexões da vida real' e, por isso, lançou uma nova ferramenta que permite o compartilhamento de locais favoritos. A ideia é ajudar os usuários a encontrar interesses comuns em pessoas que frequentam os mesmos espaços.
A ferramenta Spots foi lançada recentemente no Brasil, o segundo maior mercado da plataforma, com 29 milhões de usuários registrados. Globalmente, o Happn soma 159 milhões de usuários em países como França, Turquia e Índia. O público brasileiro é considerado essencial para o crescimento, segundo a CEO Karima Ben Abdelmalek.“Nosso objetivo é claro: ser o número um no Brasil”, afirma.
Uma aposta na vida real e na Geração Z
Como chamar atenção de uma geração queprefere conhecer pessoas pessoalmentee está abandonando os apps de namoro? Para o Happn, a solução está em um novo posicionamento de marca. A plataforma quer ser vista como um "social dating", mesclando rede social e aplicativo de encontros.
Karima afirma que a Geração Z valoriza experiências autênticas, com encontros que vão além do digital. “Eles estão focados em conexões com base em vivências reais”, explica. Pesquisas reforçam essa tendência: um estudo do Kinsey Institute de 2023 mostrou que jovens dessa geração preferem conhecer pessoas presencialmente. Outro levantamento revelou que79% dos universitários nos EUA estão deixando de lado os apps, optando por interações mais significativas no mundo offline.
Olhando para o mercado, competidores como Tinder e Bumble vêm enfrentando uma queda lenta e constante em números de download. Apps de namoro no geral tiveram 50 milhões de instalações a menos de 2020 para 2022, e o número de usuários ativos mensais também diminuiu. Foram 154 milhões em 2021 para 137 milhões no segundo trimestre de 2023, segundo dados da plataforma de monitoramento Sensor Tower.
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Por conta disso, eventos presenciais têm ganhado força. A startup americana Thursday, por exemplo, organiza encontros semanais em cidades como Londres e Nova York para promover a socialização fora das redes. A plataforma de venda de ingressos EventBrite registrou um aumento de 42% na demanda por "eventos voltados para solteiros" entre 2022 e 2023, logo após o fim do isolamento social.
Em São Paulo, lojas e restaurantes anunciam opções de "encontros perfeitos", misturando a degustação de comidas e bebidas com a pintura de um quadro. No último ano, o app Timeleft chegou no Brasil e passou a oferecer jantares, ao custo de R$ 40, nos quais os convidados dividem a mesa com desconhecidos que dividem interesses em comum.
Os números no Brasil sugerem que o Spots pode ser uma solução promissora. A ferramenta já oferece mais de 1 milhão de locais integrados, com São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte liderando a adesão.
Além de atrair a Geração Z, o Happn busca expandir seu modelo B2B. O Spots gera visibilidade para estabelecimentos locais e permite colaboração com marcas, além de oferecer anúncios mais direcionados. A expectativa édobrar as receitas B2B até 2025, embora os valores exatos ainda não tenham sido divulgados.
Karima visualiza o futuro do Happn como uma plataforma inclusiva, que não se limita a encontros amorosos e favorece conexões sociais. A aposta é que a integração entre vida online e offline sejaa chave para transformar a experiência de namoro digital, especialmente para as novas gerações.