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Gigantes de tecnologia decepcionam nos EUA

Ao contrário dos balanços dos grandes bancos, que bateram as previsões de Wall Street, companhias como Microsoft e Google tiveram números piores do que o previsto


	A Apple, apesar de ter lucro acima do esperado pelos analistas, viu seu ganho cair 21%, as vendas do iPad recuarem e seu faturamento ficar praticamente estagnado
 (David Paul Morris/Bloomberg)

A Apple, apesar de ter lucro acima do esperado pelos analistas, viu seu ganho cair 21%, as vendas do iPad recuarem e seu faturamento ficar praticamente estagnado (David Paul Morris/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 26 de julho de 2013 às 09h38.

Nova York - As grandes empresas de tecnologia e internet norte-americanas tiveram resultados decepcionantes no segundo trimestre. Ao contrário dos balanços dos grandes bancos, que bateram as previsões de Wall Street, companhias como Microsoft e Google tiveram números piores do que o previsto e crescimento modesto ou mesmo queda das receitas.

A Apple, apesar de ter lucro acima do esperado pelos analistas, viu seu ganho cair 21%, as vendas do iPad recuarem e seu faturamento ficar praticamente estagnado. Uma das poucas exceções no setor foi o Facebook, que surpreendeu o mercado com lucro e faturamento acima do esperado.

No geral, as companhias do setor de tecnologia tiveram queda de 8,6% no lucro no segundo trimestre na comparação com o mesmo período do ano passado, de acordo com um levantamento da consultoria FactSet feito a pedido do Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado.

Os especialistas falam que diversos fatores têm afetado cada empresa em particular. A queda das vendas de computadores pessoais, por exemplo, prejudicou os números da Microsoft e também de outras empresas do setor, como as fabricantes de chips Intel e da AMD. Já o Google não tem conseguido faturar mais em um mercado cada vez maior, o de celulares.

O crescimento ainda fraco da economia mundial este ano, sobretudo nos países desenvolvidos, é outro fator que leva à redução na procura por aparelhos tecnológicos, principalmente os mais caros, o que contribui para fazer a receita crescer menos ou ficar estável, de acordo com a equipe de analistas da Zacks Investment Research.

A Apple, por exemplo, relatou que as vendas de modelos anteriores de seu iPhone, que têm preço menor, aumentaram no segundo trimestre. Cálculos da consultoria mostram que o faturamento do setor de TI cresceu apenas 3% no segundo trimestre, nível menor do que no primeiro período do ano e em trimestres anteriores, avalia um estudo da empresa sobre os balanços do setor de tecnologia.


A forte concorrência, sobretudo no mercado de celulares e tablets, é outro fator que tem afetado negativamente os números de algumas gigantes de tecnologia dos EUA. A Apple tem enfrentado concorrência acirrada da Samsung, o que prejudicou as vendas sobretudo fora dos Estados Unidos.

No segundo trimestre, a empresa da Califórnia registrou recorde no comércio de iPhones, mas as compras maiores ocorreram principalmente no mercado norte-americano. Fora dos EUA, sobretudo na Ásia, as receitas da Apple têm caído. Na China, o faturamento recuou 4% no segundo trimestre.

A Microsoft também vem sendo afetada pela concorrência. As vendas de seu tablet, o Surface, decepcionaram no segundo trimestre e a companhia reconheceu uma despesa em seu balanço de US$ 900 milhões por causa dos altos volumes de estoques do aparelho.

A companhia conseguiu reverter prejuízo de US$ 492 milhões no segundo trimestre do ano passado e lucrou US$ 4,97 bilhões entre abril e junho deste ano, mas os números ficaram abaixo do previsto. Com isso, a empresa viu suas ações registrarem no dia do anúncio do balanço a maior queda diária desde 2000, perdendo mais de 12%.

O analista de tecnologia da Raymond James, Michael Turtis, não gostou dos números do segundo trimestre da Microsoft e está pessimista com os próximos resultados.

Para ele, as vendas de computadores pessoais vão continuar em queda. No segundo trimestre, as vendas mundiais desses equipamentos caíram 11% na comparação com o mesmo período de 2012, de acordo com dados da consultoria especializada em tecnologia IDC. Foi o quinto trimestre consecutivo de queda.


Facebook

A surpresa da temporada de balanços foi o Facebook, que até agora vinha tendo resultados fracos e aquém do esperado. A empresa foi uma das poucas grandes do setor a superar as previsões dos analistas, tanto em lucro como em receita.

O JPMorgan considerou os resultados "sólidos". No balanço, o destaque foi o crescimento de 53% no faturamento no segundo trimestre ante o mesmo período do ano passado, puxado pelo aumento dos ganhos com anúncios em celulares.

O presidente e fundador do Facebook, Mark Zuckerberg, destacou, em teleconferência para comentar os números, que "em breve" a empresa terá mais receitas vindas de suas operações com celulares do que com computadores pessoais.

Pelos dados divulgados na noite de quarta-feira, 24, o faturamento com telefones já representa 41% do total das receitas. Há um ano, praticamente 100% dos ganhos vinham dos desktops.

Google

Se o Facebook tem conseguido aumentar as receitas publicitárias com celular, o Google não tem tido o mesmo sucesso. Apesar de os produtos da empresa serem cada vez mais usados na telefonia móvel, como os mapas, o ganho com anúncios não tem acompanhado o crescimento, ressalta a Zacks Investment Research.


Este ponto, aliás, foi um dos que contribuiu para os resultados piores do que o esperado da empresa, que lucrou US$ 3,2 bilhões no segundo trimestre e mesmo assim decepcionou Wall Street.

Ao contrário das previsões mais pessimistas para a Microsoft, os analistas de tecnologia estão mais otimistas para o Google. Stephen Ju analista do Credit Suisse avalia que a empresa tem buscado formas para aumentar a publicidade e deve conseguir.

"O Google permanece como uma das empresas melhores posicionadas para ganhar benefícios da proliferação do uso de aparelhos móveis", afirma em relatório no qual mantém a recomendação de desempenho acima da média do mercado ("overweight) para a ação da empresa.

O presidente do Google, Larry Page, mencionou em um comunicado no balanço que os celulares representam uma "tremenda oportunidade" para a empresa.

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