Magazine Luiza: com envios de produtos a partir das lojas, cerca de 35% das entregas totais passaram a ser realizadas em até 24 horas. (Germano Lüders/Exame)
Karin Salomão
Publicado em 18 de agosto de 2020 às 09h00.
A pandemia e o aumento do comércio eletrônico pressionaram toda a cadeia logística - incluindo os trabalhadores dos Correios. Com aumento da demanda e sem medidas adequadas de proteção e higiene, cerca de 100.000 funcionários da estatal acabaram de decretar greve.
A greve deve afetar as entregas no comércio eletrônico, já que a estatal é uma das maiores operadoras logísticas para as compras virtuais. As gigantes varejistas, no entanto, desenvolveram nos últimos anos sua própria estrutura logística, com integração com suas lojas físicas, dezenas de centros de distribuição em vários estados e até suas próprias startups e transportadoras. Como as empresas migraram para outras categorias de produtos além dos eletrodomésticos, como moda e alimentos e bebidas, ter uma estrutura ágil é essencial.
Mais recentemente, passaram a realizar essa logística também para seus parceiros de marketplace, serviço que se intensificou com a pandemia - afinal, dezenas de milhares de pequenos lojistas se voltaram às grandes plataformas para vender, com o fechamento temporário de suas lojas físicas. Essa estrutura aumenta a eficiência das varejistas e permite realizar entregas em uma fração do tempo.
Em função dos novos hábitos de consumo durante a pandemia, o comércio eletrônico formal brasileiro cresceu 70,4% no segundo trimestre, segundo o E-bit. No Magazine Luiza, o comércio eletrônico cresceu 182%, atingindo 6,7 bilhões de reais e 78% das vendas totais no trimestre.
Com o fechamento do comércio, o Magazine Luiza reforçou sua estratégia de envios de produtos a partir das lojas. Com essa modalidade, cerca de 35% das entregas totais passaram a ser realizadas em até 24 horas. Para entregar os produtos de mercado, uma das categorias de maior destaque no trimestre, mais de 700 das 1.100 lojas físicas foram convertidas em pequenos estoques para essa categoria.
O parceiro de entrega, a startup Logbee adquirida há dois anos, recolhe então esses produtos nas lojas para levar às casas dos consumidores.A Malha Luiza cresceu e passou a reunir 4.000 micro transportadores e motoristas da Logbee.
O Mercado Livre, empresa mais valiosa da América Latina, chegou a 5 bilhões de dólares em produtos vendidos no segundo trimestre do ano. A rede gerenciada pela companhia em todos os países foi parte central para o crescimento do negócio de comércio eletrônico e para a capacidade de lidar com o aumento da demanda na pandemia, diz a empresa em sua divulgação de resultados. Dessa forma, o Mercado Envios enviou 157,5 milhões de itens no trimestre sem grandes problemas, alta de 124% em relação ao mesmo período do ano passado. No Brasil, a companhia abriu 18 centros de sortimento, totalizando mais de 35.
A maior parte dos itens são pagos pelo Mercado Envios, que tem uma ferramenta para cálculo e pagamento do frete e que no Brasil trabalha em parceria com os Correios. A participação do Envios é de 96% nas entregas por aqui - no total, a fatia é de 80%.
Mais do que fazer a logística de suas próprias entregas, as empresas estão oferecendo esse serviço também para os vendedores em suas plataformas de marketplace - gerenciando os estoques e envios a partir de seus próprios centros de distribuição. No Mercado Livre, empresa puramente voltada ao marketplace, esse serviço chegou a 17% do total de envios no Brasil - chegando a 20% até o final de junho. Como consequência, as entregas no mesmo dia e no dia seguinte melhoraram. Além das agências de Correio, o Mercado Livre tem 1.300 lugares em que os vendedores podem depositar as suas encomendas.
A Via Varejo chegou a 5,1 bilhões de reais em vendas totais no comércio eletrônico. No segundo trimestre, as vendas online foram responsáveis por 70% do faturamento total. Para realizar essas entregas, a empresa passou de 60 para mais de 380 mini centros de logística, que reduzem o tempo de entrega e cortaram mais de 50% no custo do último braço da logística. O plano é chegar a mais de 500 até o próximo trimestre, com presença em todas as cidades em que a Via Varejo tem presença física.
A empresa passou a lidar com mais de 70.000 pedidos por dia no trimestre - mais de duas vezes o total de pedidos processados por dia no quarto trimestre do ano passado, mesmo com a Black Friday e o Natal. A Asap Log, startup de logística adquirida recentemente, não opera apenas as entregas da Via Varejo - 10% de suas entregas são feitas para terceiros.
A Via Varejo realizou uma oferta de ações para captar 4,4 bilhões de reais - um terço desses recursos serão destinados à tecnologia e à logística.
A Lets, plataforma de entrega da B2W, faz 30% das entregas no mesmo dia e 58% das entregas em até 48 horas, tanto para vendas próprias quanto para parceiros do comércio eletrônico. A empresa é dona da Americanas.com e Submarino.com.
Para entregas ainda mais rápidas, a empresa tem o ship from store para produtos de vendedores locais, que entrega em até 2 horas produtos a partir de 4.000 Lojas Americanas ou lojas de vendedores parceiros.
O consumidor também pode pedir para retirar seus produtos em 9.075 pontos em todo o Brasil. Essas parcerias incluem postos de conveniência da BR Distribuidora, shoppings da BR Malls e Multiplan e 1.000 restaurantes do McDonald's.
A partir de sua divisão de logística, a Let's, a B2W tem 17 centros de fulfillment em oito estados. Cerca de 908 vendedores tem seus estoques operados pela plataforma, através da qual todo o processo logístico, do estoque ao transporte e atendimento, é operado pela B2W. A B2W também tem um serviço de entregas no estilo Uber: a Ame Flash tem 20.000 entregadores independentes cadastrados em 700 cidades.