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Fundos preveem perdas de R$ 1 bilhão com a Eldorado

Fundos de Pensão de funcionários da Caixa e da Petrobras preveem perdas de R$ 1 bilhão devido a sociedade com a Eldorado Celulose

Eldorado: empresa terá que fazer reavaliação do balanço após operação Greenfield, o que vai causar rombo nas contas dos pensionistas (Dado Galdieri/Bloomberg/Bloomberg)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 10 de março de 2017 às 11h04.

São Paulo - Os fundos de pensão dos funcionários da Petrobras (Petros) e da Caixa Econômica Federal (Funcef) podem registrar perdas de R$ 1 bilhão cada um por causa da reavaliação do valor da Eldorado Celulose - empresa na qual são sócios e que é controlada pela J&F.

A nova estimativa deve levar a uma redução de 65% do valor da Eldorado no balanço referente a 2016. Com isso, os fundos de pensão também terão de abater em seus balanços o valor da participação na empresa.

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O resultado prático é um rombo nas contas das fundações que deverá ser coberto pelos beneficiários, ou seja, os empregados da Petrobras e da Caixa.

A Eldorado precisa fazer a reavaliação de seus ativos todos os anos, por causa das regras dos fundos de pensão e da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Funcef e Petros têm cada um 25% do FIP Florestal, fundo de investimentos que responde por 33% das ações da Eldorado.

Em 2015, a consultoria Deloitte apontou valorização de 186% na Eldorado, e o patrimônio do fundo foi a R$ 6,3 bilhões. Para o ano de 2016, a empresa Baker Tilly avaliou o FIP Florestal em R$ 2,8 bilhões.

Uma das justificativas para a valorização em 2015 foi a inclusão da segunda planta da Eldorado Celulose, que estava apenas nos planejamentos da empresa e dependia de encontrar quase R$ 11 bilhões para sair do papel.

Os planos foram adiados depois que vieram à tona as investigações envolvendo a Eldorado na Operação Greenfield.

Segundo as investigações, a empresa teria conseguido empréstimos da Caixa e do fundo de investimentos FI-FGTS (que usa recursos do FGTS e é gerido pela Caixa) mediante pagamento de propinas.

A pedido dos administradores do FIP Florestal, a Baker Tilly fez duas avaliações para o ano passado. Levando em consideração a segunda planta, o valor do fundo teria desvalorização de 65%.

Já considerando que não haverá uma segunda planta neste ano, a desvalorização é ainda maior, de 75%, deixando o fundo com patrimônio de apenas R$ 1,6 bilhão e ampliando ainda mais o déficit a ser registrado pelas fundações.

Cenário

O administrador do FIP, Artur Figueiredo, da Planner Corretora, diz que o fundo questionou as premissas usadas pela Baker Tilly para entender a desvalorização.

Ele diz que o cenário econômico e o dólar influenciaram na queda. O administrador é uma espécie de fiscalizador dos fundos - que também possuem um gestor, responsável por aplicar os recursos.

No caso do FIP Florestal, o gestor é o banco Brasil Plural. Em nota, o Brasil Plural se eximiu da responsabilidade da avaliação do valor das cotas do fundo.

Além disso, o banco pediu ao administrador uma nova avaliação. A Planner já contratou uma outra firma avaliadora para um novo laudo, que deve ficar pronto em 50 dias.

A avaliação da Eldorado Celulose tem impacto direto para os sócios. No caso dos fundos de pensão, pode significar um déficit expressivo. Para a Funcef, o rombo previsto para o balanço de 2016 já era estimado em R$ 3 bilhões. Com o resultado da Eldorado, subiria para R$ 4 bilhões.

A J&F tem interesse direto na avaliação. O número pode servir como referência no valor a ser pago pelo grupo na compra da participação dos fundos na Eldorado. A J&F fez acordo com o Ministério Público Federal, que investiga os investimentos das fundações no FIP Florestal, para comprar a participação dos fundos.

Do ponto de vista do Ministério Público Federal, a nova avaliação reforça o argumento de que há disparidade entre laudos de preço das participações. A linha de investigação aponta diferença de laudos de avaliação para entrada e saída dos fundos de pensão nos investimentos. Segundo os procuradores, há um certo padrão em que ao entrar, os investimentos são superavaliados. Ao sair, são subavaliados.

Este foi um dos pontos citados pelos procuradores no pedido enviado à Justiça para que seja cancelado o acordo feito com Joesley Batista, dono da J&F, e José Carlos Grubisich, presidente da Eldorado, que deram a empresa em garantia no processo judicial que havia bloqueado bens e afastado os executivos da administração das companhias.

A J&F informou que não pediu nenhuma nova avaliação e que quem contrata as firmas que fazem os laudos é o próprio FIP. Funcef, Petros, Deloitte e Baker Tilly não quiseram comentar. Algumas fontes ligadas às fundações, no entanto, lembram que já em 2015 os conselhos fiscais dos fundos questionaram se deviam contabilizar a Eldorado da forma proposta pela Deloitte. O argumento para que fosse registrado foi o de que o laudo de avaliação foi aceito pelos sócios do fundo, já que a Deloitte teria produzido uma outra avaliação sem levar em conta a segunda planta.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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