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Explosão, morte e perdas milionárias: as tragédias da Usiminas

Explosão de gasômetro se soma à lista de problemas de uma companhia que superou uma crise entre os sócios e parecia ter chegado à normalidade

OPERAÇÃO DA USIMINAS: cada dia de operação parada custa 40 milhões de reais à companhia / REUTERS/Alexandre Mota (Alexandre Mota/Reuters)
AJ

André Jankavski

Publicado em 10 de agosto de 2018 às 16h56.

Última atualização em 11 de agosto de 2018 às 16h32.

O chão de Ipatinga, em Minas Gerais, tremeu no início da tarde desta sexta-feira 10. Uma explosão em um dos gasômetros da usina da Usiminas , localizada na cidade do Vale do Aço, deixou 34 pessoas feridas. Gasômetro é uma estrutura usada para armazenar o gás usado na alimentação da siderúrgica.

Prédios nos arredores, como a Câmara dos Vereadores, tiveram janelas quebradas com o impacto. Não há registro de lesões graves e nem mortes, segundo a empresa. Logo após a explosão, a siderúrgica fez a evacuação de todos os funcionários da unidade.

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Segundo EXAME apurou, o acidente pode custar caro para a Usiminas. A explosão trouxe perdas imediatas: as ações da empresa chegaram a cair quase 11% na tarde de sexta-feira, depois de fechar o dia com recuo de 6%, algo como 700 milhões de reais.

Os prejuízos operacionais também serão relevantes. Um novo gasômetro pode custar até 60 milhões de reais. Como a usina foi evacuada e a produção parou temporariamente, os prejuízos podem aumentar. Um dia sem produção pode chegar a custar 40 milhões de reais à companhia. A Usiminas tem uma apólice de seguro que cobre prejuízos até 600 milhões de dólares.

“O acidente pode ter ocorrido por inúmeros motivos. Mas a manutenção do equipamento era uma necessidade conhecida”, diz um executivo próximo à empresa.  Em comunicado por escrito, a Usiminas afirma: "toda a manutenção preventiva dos gasômetros foi feita e segue rigorosos padrões internacionais. As causas do acidente já estão sendo investigadas pela empresa com apoio das autoridades competentes".

O acidente ocorre apenas dois dias depois de uma morte dentro da Usina de Ipatinga. Na última quarta, o funcionário terceirizado Luis Fernando Pereira sofreu um acidente durante a manutenção e limpeza em um equipamento da Aciaria, unidade da usina que transforma o ferro em aço. A ironia dos dois acidentes é que a Usiminas recebeu de terça a quinta-feira um workshop de segurança do trabalho realizado pela Associação Brasileira de Metalurgia, Materiais e Mineração.

Esses casos ainda precisam ser investigados. Mas evidenciam o momento conturbado que a Usiminas vem passando. No início do mês, a Justiça pediu o afastamento de Luiz Carlos de Miranda, representante dos empregados, do conselho de administração na companhia. A decisão ocorreu após o Ministério Público do Trabalho (MPT) alegar fraude na eleição de Miranda e ainda pedir uma multa de 100 milhões de reais por conta das irregularidades.

Segundo a denúncia do MPT, Miranda cometeu irregularidades nas duas últimas eleições. Na peça, o procurador do Trabalho, Adolfo Jacob, afirmou que há evidências de que as duas últimas eleições, ocorridas neste ano e em 2016, foram “dirigidas e viciadas por fraudes generalizadas que comprometeram a democracia, a transparência e a lisura nos processos eleitorais.”

Histórico de problemas

No início do ano, parecia que a temporada de más notícias da Usiminas poderia ter ficado para trás. Isso porque a empresa anunciou que a briga entre os seus controladores, os ítalo-argentinos da Ternium/Techint e os japoneses da Nippon, Steel tinha terminado. O confronto durava cinco anos, desde o afastamento do presidente Julián Eguren, ligado à Ternium. Ele e outros diretores foram acusados de terem recebidos remunerações e benefícios acima do permitido pelo estatuto da Usiminas.

Desde então, os dois controladores passaram a não se bicar. Houve quatro afastamentos de presidentes entre setembro de 2014 e março de 2017 – sempre cercadas de decisões judiciais e acusações mútuas entre japoneses e ítalo-argentinos. Atualmente, Sérgio Leite é o presidente da empresa por indicação da Ternium.

Por isso, o cessar fogo anunciado em fevereiro parecia o início de um período de relativa tranquilidade da companhia. Analistas apostavam na recuperação da empresa, que quase foi à falência em 2016. Nos últimos doze meses, os papéis da companhia valorizaram 45%.

Isso antes do acidente. Agora, a missão da empresa é mostrar que o acidente e os problemas recentes não vão trazer velhos fantasmas para o dia a dia da Usiminas.

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