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EXCLUSIVO: Grupo Marista prepara fundo de R$ 30 mi para investir em startups de educação e saúde

O fundo investirá em rodadas seed e pré-seed com cheque entre R$ 250 mil e R$ 4,5 milhões

Maurício Zanforlin, CEO do Grupo Marista: "Nós entraremos em rodada seed e pré-seed e em negócios que já estejam validados" (Grupo Marista/Divulgação)

Maurício Zanforlin, CEO do Grupo Marista: "Nós entraremos em rodada seed e pré-seed e em negócios que já estejam validados" (Grupo Marista/Divulgação)

Marcos Bonfim
Marcos Bonfim

Repórter de Negócios

Publicado em 3 de setembro de 2024 às 08h01.

Dono da FTD Educação, da PUC-PR e dos hospitais Marcelino Champagnat e Universitário Cajuru, em Curitiba, no Paraná, o Grupo Marista está lançando o seu Corporate Venture Capital (CVC) com R$ 30 milhões para investimentos em startups. O fundo está previsto para sair do papel nos próximos dois meses e está nos processos finais tanto para a escolha do executivo para liderar o CVC quanto para a definição da casa que fará a gestão do fundo.

“Nós entraremos em rodada seed e pré-seed e em negócios que já estejam validados”, afirma Maurício Zanforlin, CEO do Grupo Marista desde abril de 2023. Esta é a segunda passagem do profissional pelo grupo liderado pelos irmãos Maristas, instituição religiosa criada em 1817 por Marcelino Champagnat, no vilarejo de La Valla, na França, e que chegou ao Brasil em 1897 com os colégios maristas.  

Antes, Zanforlin, por 8 anos, atuou como CFO. Ele deixou a companhia em 2021 rumo ao Hospital Sírio-Libanês, regressando dois anos depois para assumir a nova cadeira. A mudança de posição acompanhou também uma transformação na estrutura do grupo.

Qual é o momento do grupo

No ano passado, as escolas de educação básica foram separadas da operação e passaram a atuar sob outra administração, a Marista Brasil. A nova rede conta com 22 colégios da bandeira Marista, quatro da marca Champagnat e 18 escolas sociais e gratuitas para alunos de baixa renda.

Mais enxuta e com uma nova estrutura delineada, a companhia procura caminhos para ganhar mercado em suas três verticais. A FTD, criada em 1902 pelos irmãos Maristas, é a principal unidade de negócio do grupo, que fechou o ano fiscal em junho com receita total de R$ 2,8 bilhões.

A divisão gerou R$ 1,5 bilhão - a PUC-PR ficou com pouco mais de R$ 800 milhões e a área de saúde com R$ 450 milhões. O negócio da FTD, lembrado pelos millenials em grande parte pelos materiais didáticos, tem cerca de 80% da receita originada na comercialização dos sistemas de ensino, com plataformas de gestão e conteúdo.

“Nós temos 1,5 milhão de alunos no sistema de ensino, em escolas privadas, escolas de prefeituras e estaduais. Este é um mercado que tem crescido bastante”, diz Zanforlin.

No plano estratégico da operação da FTD, desenhado até 2030, o grupo projeta dobrar o tamanho do negócio. A relação com as startups é um dos caminhos para potencializar os novos números. Não só dela, mas também para as outras verticais.

“Nós pré-definimos que o nosso cheque irá de R$ 250 mil até R$ 4,5 milhões, até para poder gerar diversidade dos investimentos. A outra forma é alavancar o investimento via parcerias com outros fundos. Nós somos um parceiro estratégico”, diz Zanforlin.

O que o grupo Marista procura

Para o negócio da FTD, a intenção é aportar em tecnologias de aprendizado, inteligência artificial em aprendizagem adaptativa e ainda ferramentas que contribuam para a melhor gestão de leads e de matrículas. Na PUC-PR, os esforços serão focados em educação continuada (lifelong learning) e na jornada do aluno. 

Em saúde, área em que detém os hospitais Marcelino Champagnat e Universitário, ambos em Curitiba, o grupo Marista procura startups de banco de dados e produtos para auxiliar no cuidado na jornada dos pacientes e dos médicos.

A criação do CVC é o maior esforço da companhia em inovação aberta em seus mais de 127 anos de operação no Brasil e marca o reforço de um movimento de aproximação com o ecossistema de startups iniciado em 2020, a partir da FTD Educação.

No período, a operação comprou a edtech Pontue, IA para a correção de redações, e adquiriu participações de 20% na Diário Escola, ferramenta de gestão escolar, e de 40% na Estuda.com, plataforma de estudos para o ENEM e vestibulares. No total, a instituição desembolsou R$ 12,7 milhões.

“Nós temos consciência de que não damos conta da velocidade da inovação tecnológica. Ao mesmo tempo, a demanda do mercado e dos nossos clientes caminha na mesma velocidade do que uma Amazon e Spotify oferecem ao mercado. Investindo em startups, ganhamos em agilidade e, ao mesmo tempo, nos apropriamos de uma capacidade que não temos, sem ter que partir de um investimento do zero”, afirma Zanforlin. 

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