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Startup Rivian, de veículos elétricos, pode valer tanto quanto a Honda

Rivian, apoiada pela Amazon, quer levantar até 8,4 bilhões de dólares em IPO - mas vai conseguir cumprir entregas?

Picape elétrica da Rivian: promessa para 2022 (Nathan Frandino/Reuters)

Picape elétrica da Rivian: promessa para 2022 (Nathan Frandino/Reuters)

KS

Karina Souza

Publicado em 1 de novembro de 2021 às 21h50.

Última atualização em 1 de novembro de 2021 às 22h36.

A Rivian, uma startup de caminhões e picapes elétricas que conta com o apoio da Ford e da Amazon, quer ser avaliada em mais de US$ 50 bilhões no IPO que vai realizar na próxima semana, nos Estados Unidos, segundo informações da Reuters. Ao todo, a companhia pretende levantar US$ 8,4 bilhões com a oferta inicial de ações. Esse é um feito que foi atingido por apenas três empresas até hoje, na bolsa norte-americana: Alibaba, Meta e Uber, segundo informações da Dealogic para a agência de notícias.

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Caso consiga atingir esse feito, a empresa teria um valor de mercado maior do que o da Honda, que está em torno de US$ 51 bilhões. Mas, por que afinal a Rivian acredita que vai conseguir atingir esse objetivo?

Um dos fatores que pode ajudar a explicar os planos ambiciosos da empresa está na lista de investidores. A Rivian conseguiu reunir Amazon (que tem 20% da empresa hoje e já investiu mais de US$ 1 bilhão na companhia), BlackRock, Fidelity T. Rowe Price e Ford Motor (que tem, aproximadamente 12% do capital da empresa, segundo a CNBC).

A picape da empresa, inclusive, apareceu na transmissão do lançamento da cápsula "New Shepard" por parte da Blue Origin, companhia também fundada por Jeff Bezos. Ao todo, a Amazon já encomendou 100 mil unidades do furgão elétrico da Rivian.

Outro fator, também ressaltado pelo jornal, está na falta de competição direta com a Tesla-- já que a companhia de Elon Musk parece mais dedicada a fabricar carros para a cidade, mesmo com a previsão do Cybertuck, enquanto a Rivian quer atingir um público que precise de veículos com tração 4x4 e que não sejam atendidos atualmente por, aparentemente, nenhum fabricante.

Produção "lenta" e baterias

Ao mesmo tempo, o processo de tirar os planos do papel ainda não parecia nada fácil em janeiro deste ano. Ainda em entrevista ao jornal, o fundador e CEO da Rivian, RJ Scaringe, afirmou: "É uma orquestração complexa, milhares de peças vindas de centenas de fornecedores. É definitivamente muito mais complicado do que as pessoas pensam e muito mais difícil do que eu pensava que seria".

Atualmente, a montadora tem em seu portfólio três veículos: um SUV (chamado de R1S) e uma picape (modelo chamado R1T), além do furgão elétrico.

Por enquanto, a produção está longe da larga escala: são produzidas apenas duas R1T por dia, aproximadamente, considerando os documentos que a companhia enviou para a SEC (a CVM dos Estados Unidos): foram produzidas 56 picapes em cinco semanas. Dessas, 42 foram entregues, principalmente para funcionários.

Um dos fatores para a lentidão pode estar no fato de que, hoje, tudo isso é produzido em apenas uma fábrica, comprada da Mistsubishi e reformulada para produzir veículos elétricos.

A produção, no ritmo em que está, parece um tanto desafiador diante das aproximadamente 50 mil encomendas que a empresa tem da picape, sem mencionar as entregas para a Amazon. Além disso, a companhia está em uma indústria altamente impactada pela pandemia, com a escassez de chips gerada pela pandemia de covid-19, o que também não facilita muito as coisas em curto prazo.

Para completar a lista de desafios, a companhia enfrenta um desafio compartilhado por grande parte das montadoras que querem entrar na onda dos elétricos: a tecnologia para produção de baterias em preços competitivos. Nesse caminho, a Rivian sofreu acusações por parte da Tesla de estar roubando informações sobre a tecnologia de baterias da companhia de Elon Musk, em julho de 2020.

Em resposta, a startup afirmou que a empresa de Musk não detalhou de forma suficiente os supostos "segredos comerciais" que teriam sido roubados.

Futuro

São algumas questões que permanecem sem resposta certa, ao menos por enquanto. De todo modo, a euforia dos investidores não é injustificada: as picapes devem responder por um quinto do mercado de carros novos ao longo dos próximos anos, segundo estimativas da IHS Markit.

Nesse mercado, a concorrência tem crescido ao longo dos últimos anos. Considerando o mercado norte-americano, alguns dos veículos semelhantes seriam: o novo GMC Hummer (que vai de zero a 100 km/h em três segundos e foi anunciada por US$ 110,5 mil em abril deste ano) e a picape F-150 Lightning, da Ford, anunciada em maio com preço de US$ 40 mil a US$ 90 mil. -- sem falar na já mencionada Cybertruck.

Pensando em startups, outros nomes importantes nos Estados Unidos incluem a Fisker, Lordstown Motors e a fabricante chinesa de veículos Nio, como aponta a CNBC.

No Brasil, lançamentos recentes incluem a picape da JAC Motors, anunciada em 2020 por R$ 289,9 mil e um novo modelo a ser trazido pela RAM ao Brasil no ano que vem.

Diante da competição acirrada, as questões permanecem: a Rivian será capaz de levantar, na bolsa, quanto deseja? E, no próximo ano, vai cumprir o cronograma de entregas? Resta observar.

(com informações da Reuters)

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