Juliana Sztrajtman, CEO da Amazon Brasil: “A Amazon Brasil é uma empresa feita por brasileiros e para brasileiros” (Leandro Fonseca /Exame)
Repórter
Publicado em 15 de dezembro de 2025 às 09h53.
Última atualização em 15 de dezembro de 2025 às 13h16.
“O ano que vem já começou. Estamos num ritmo que eu não estou esperando janeiro”, afirma Juliana Sztrajtman, CEO da Amazon Brasil, ao podcast De Frente com CEO, da EXAME.
Depois de uma Black Friday marcada por crescimento e atração de novos clientes, a companhia entrou em dezembro mantendo o pé no acelerador, com a expectativa de que as festas de fim de ano repitam - e ampliem - o ritmo de novembro.
O otimismo, segundo a CEO, tem base global: só nos primeiros três trimestres deste ano a Amazon global faturou US$ 500 bilhões no mundo, e tem o Brasil entre seus focos de investimento.
“A Amazon investiu no Brasil mais de R$ 55 bilhões desde 2011, com 25% desse total concentrado no último ano”, afirma a executiva que se tornou presidente da operação brasileira em janeiro deste ano.
Para 2026, a aposta é transformar um calendário carregado de eventos, como a Copa do Mundo, e feriados em alavanca de consumo, acelerando entregas, ampliando variedade dos produtos e destravando compras com novas opções de pagamento e crédito.
“Internamente, brincamos que vamos ter uma ‘Black Friday’ de seis meses com a Copa do Mundo”, diz Sztrajtman.
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A presidente explica que o otimismo com o varejo no próximo ano é devido à expectativa de busca dos brasileiros a muitos produtos para a Copa 2026.
“Vão comprar desde uma TV até itens para bebidas e comidas para consumir durante os jogos”, afirma a executiva que vê também potencial nos feriados com a Prime Video.
Em entrevista exclusiva à EXAME, a CEO da Amazon Brasil comentou sobre a sua trajetória profissional, os conselhos de liderança e as expectativas com a operação do Brasil dessa gigante do varejo e tecnologia.
Sem abrir números, Sztrajtman afirma que a Black Friday deste ano manteve o ritmo acelerado de crescimento da companhia e se destacou pela entrada de novos clientes e pelo aumento da recorrência de compras ao longo do mês. A estratégia foi desenhar um evento estendido, com cerca de 20 dias de duração, adaptado ao comportamento do consumidor brasileiro.
“Foi uma Black Friday de muito crescimento, que continuou dando o ritmo do ano”, diz.
Além dos tradicionais campeões de vendas, como celulares, televisores, fones de ouvido e caixas de som —, a executiva destaca a força de categorias ligadas ao dia a dia do consumidor, como produtos de limpeza, higiene pessoal, beleza e cuidados com a casa.
“Itens como sabão para lavar roupa, papel higiênico, shampoo, perfumes e hidratantes tiveram desempenho relevante, assim como brinquedos, que seguiram em alta com a proximidade do Natal”, diz a CEO, que reforça que com a chegada do calor, produtos como ventiladores e ar-condicionado também ganharam tração.
Outro destaque foi o lançamento da chamada “Loja de Achadinhos”, com cerca de 800 mil produtos importados a preços mais acessíveis, com descontos progressivos. Lançada poucas semanas antes da Black Friday, a iniciativa teve forte adesão e ajudou a ampliar o tíquete e a frequência de compra.
“Funcionou muito bem. As pessoas compraram desde itens de decoração até produtos para casa”, afirma Sztrajtman.
A expectativa com as festas deste fim de ano são altas, mas o ritmo não deve arrefecer no próximo ano. Entre as principais apostas da Amazon Brasil está o patrocínio do pacote de transmissão do futebol da Globo, em um ano marcado pela Copa do Mundo. Internamente, a executiva diz que o clima é de um primeiro semestre especialmente aquecido para o consumo.
Para sustentar esse movimento, a companhia seguirá investindo em logística e tecnologia. Hoje, a Amazon entrega em 100% dos CEPs brasileiros, com prazo de um a dois dias em mais de 1.500 cidades e entrega no mesmo dia em cerca de 100 municípios.
“O próximo passo é ampliar as entregas em poucas horas”, diz Sztrajtman.
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Outra frente estratégica para 2026 é o avanço em pagamentos e acesso ao crédito, considerado um dos principais destravadores do e-commerce no país.
Entre os movimentos recentes estão as parcerias com o Nubank, para ampliar opções de crédito e pagamento, e com o iFood, que ofereceu aos membros Amazon Prime (que compraram na Semana Black da Amazon e que eram novos no Clube iFood) três meses de assinatura gratuita do Clube.
“O Prime foi muito bem aceito pelo brasileiro. Frete grátis, entretenimento e mais conveniência fazem com que as pessoas voltem a comprar”, diz Sztrajtman.
Apesar do ritmo acelerado, Sztrajtman reforça que os investimentos têm visão de longo prazo.
“Não fazemos um investimento desse tamanho para um ano. É para as próximas décadas”, afirma a CEO da Amazon Brasil.
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Em um país onde o e-commerce ainda representa cerca de 15% das vendas do varejo, a Amazon vê no Brasil um dos principais vetores de crescimento do grupo global nos próximos anos.
Com 100% das rotas de entrega com IA (inclusive aprendendo padrões de recebimento do cliente), a Amazon Brasil saltou de 150 para mais de 250 polos logísticos – e não deixou de apostar no capital humano: a companhia dobrou o número de pessoas na operação brasileira: de 18 mil para 36 mil.
“Começamos o ano com 150 milhões de produtos e adicionamos mais 30 milhões”, diz a CEO que segue com a missão de expandir a companhia no Brasil - que é considerado um país emergente para a companhia.
“Entre os países que chamamos de emergentes, ou seja, os que têm a loja há menos tempo dentro do ecossistema da Amazon, o Brasil é um dos maiores”, afirma a CEO.
A gigante de varejo e tecnologia que nasceu como uma vendedora de livros nos Estados Unidos quer chegar cada vez mais longe no Brasil, e hoje, tem como principal desafio outro tipo de leitura: entender desejos, fricções e hábitos de seus clientes.
“A obsessão pelo cliente é trabalhar para o cliente”, diz Sztrajtman. “A Amazon Brasil é uma empresa feita por brasileiros e para brasileiros”.