(Freepik/Reprodução)
Ondas eletromagnéticas capazes de reorganizar átomos de modo que o novo conjunto seja mais “cômodo” para uma finalidade específica. A proposta, que mais se parece um enredo herdado da ficção científica, já é realidade para uma empresa brasileira com forte inclinação ao agronegócio, a Effatha.
A tecnologia proprietária criada pelo profissional de tecnologia Luzo Dantas Junior, batizada de Effatha Technology, foi desmembrada para dar origem a oito diferentes companhias, hoje incorporadas na Arca Real, uma holding que atende um mix de setores tão diversos quanto suas aplicações — do agro ao saneamento básico, alimentação e bebidas e saúde humana.
Entre os negócios mais proeminentes da Arca Real está a empresa dedicada exclusivamente ao agronegócio, a Effatha Agro. Nesta frente, já tem clientes no Brasil, Colômbia e Paraguai e testes em andamento em outros 12 países, de pequenos agricultores a grandes indústrias do setor que aplicam a tecnologia de divisão de átomos para melhores colheitas.
A solução da Effatha consiste na separação (ou agrupamento) de átomos, a unidade básica para a constituição de toda matéria existente no planeta. Para ser mais claro, na prática, ao emitir ondas com frequências específicas, a tecnologia da empresa é capaz de reorganizar a constituição de átomos, alterando a configuração de um elemento.
No agronegócio, por exemplo, isso é feito com a ajuda de satélites que atuam por geolocalização e repercute em safras com maior facilidade em absorver alguns nutrientes do solo, menor quantidade de defensivos e consequentemente, melhores colheitas, explica Rodrigo Lovato, cofundador e CMO da Effatha Technology.
Ao todo, são mais de 100.000 hectares atendidos pela Effatha Agro, com destaque para o plantio de soja no Brasil. “Nosso portfólio de clientes é basicamente todos os envolvidos possíveis no mundo agrícola”, diz.
Para levar a tecnologia agrícola a outras áreas com potencial similar, a Arca Biotech, divisão de saúde humana da holding, acaba de captar 4 milhões de dólares. O investimento vem do fundo brasileiro WinCapital, e pretende levar a lógica dos átomos para o tratamento de pacientes com câncer de cérebro e câncer de mama.
Neste primeiro momento, o investimento servirá para acelerar pesquisas de desenvolvimento em fases que antecedem a aplicação clínica, como testes in vitro e em animais. O trabalho ficará a cargo de cientistas no Hospital de Massachusetts, ligado ao instituto de pesquisas da Universidade de Harvard.
O racional por trás da aplicação segue o do agronegócio, mas com a diferença de limitar a multiplicação exacerbada de células cancerígenas, especificamente de tumores que atingem o cérebro e as mamas. No lugar dos satélites usados acima das plantações, anéis e outros acessórios “vestíveis” serão responsáveis por emitir as frequências para o corpo humano.
“A previsão é que este período de pesquisa demore leve três anos. Depois, devemos captar de novo para acelerar isso em larga escala”, diz Marcelo Leonessa, CEO da Effatha Technology.
Mesmo com o sucesso no agronegócio — a expectativa é faturar R$ 50 milhões na próxima safra, que se encerra em abril— o esforço da holding será o de verticalizar a tecnologia para todas as áreas de negócio atendidas pelas empresas do grupo — o que inclui companhias de serviços veterinários a empresas de água, saneamento básico e energia.
Escalar o negócio isso, porém, não depende apenas do bom desempenho do agro. Pelo contrário. Por contar com ciclos longos de colheita, o período de demonstração da tecnologia que a Effatha oferece aos agricultores acaba atrasando a velocidade de escala da empresa, visto que as indicações do serviço acontecem no boca a boca.
O desafio está na diversificação, afirma o CEO. “Agora, vamos crescer em número de clientes, variedade de culturas e setores. Os anos futuros devem ser muito promissores. Sem dúvida este ano será um marco, pois aplicações são infinitas”.
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