Embraer divulga balanço e dá indicações sobre o futuro sem a Boeing
Como a empresa pretende reorganizar as operações no meio da crise do coronavírus é a dúvida da vez
Denyse Godoy
Publicado em 1 de junho de 2020 às 06h28.
Última atualização em 1 de junho de 2020 às 08h08.
A fabricante brasileira de aviões Embraer divulga na manhã desta segunda-feira, 1, os resultados relativos ao primeiro trimestre de 2020. Mas a grande expectativa dos investidores diz respeito à teleconferência com analistas de mercado e jornalistas que a diretoria da empresa realiza às 10h30 (horário de Brasília).
Desde que a americana Boeing rompeu o acordo para comprar a sua divisão de aeronaves comerciais, em 25 de abril, a Embraer deu poucas informações sobre como será o futuro sem a parceria que lhe renderia 5,2 bilhões de dólares (o equivalente, hoje, a 27,8 bilhões de reais – mais de cinco vezes o valor de mercado da brasileira) e acesso aos parceiros comerciais e militares dos Estados Unidos para seus jatos executivos e de combate. O inesperado rompimento deixou a brasileira sem palavras. Mais de um mês depois, espera-se que a companhia mais tecnológica do país tenha alguma ideia de que rumo seguir.
A Embraer já anunciou que vai processar a Boeing pela quebra de contrato. A peleja judicial deve ser longa, no entanto, e a brasileira precisa de uma nova estratégia com urgência. No balanço a ser publicado hoje, um dos números mais importantes é o do caixa – quanto fôlego a fabricante brasileira tem para seguir com as suas operações.
No período de janeiro a março, a receita da Embraer deve ter se multiplicado por três em relação ao mesmo intervalo de 2019, atingindo 9,4 bilhões de reais, enquanto o prejuízo de 160 milhões de reais deve ter se transformado em lucro de 2 bilhões de reais, segundo as estimativas de consenso de mercado. Os números refletem os negócios fechados antes da pandemia do novo coronavírus.
A situação financeira da Embraer tende a piorar. O fim da parceria com a Boeing foi um dos danos impostos pelo surto da covid-19 à Embraer. A brasileira precisa enfrentar ainda a perspectiva de queda nas suas vendas nos próximos meses. No primeiro trimestre deste ano, as entregas da Embraer caíram 36% ante o mesmo período de 2019, para 14 aviões, e a carteira de pedidos recuou 5,4% em relação ao quarto trimestre do ano passado, a 15,9 bilhões de dólares, após o cancelamento de um pedido de 15 jatos. Como a empresa pretende reorganizar as operações no meio dessa crise é o que os investidores querem saber agora.