Negócios

Eles venderam um negócio nos EUA por R$ 30 milhões. E vão usar este dinheiro no Brasil

Empresa atende 700 clientes fazendo gestão de estoque, principalmente do setor hospitalar

Thiago Fialho e Gláucio Dias, da GTPlan: "Aprendemos muito nos EUA. Agora, queremos aplicar esse aprendizado para conquistar novos mercados". (GTPlan/Divulgação)

Thiago Fialho e Gláucio Dias, da GTPlan: "Aprendemos muito nos EUA. Agora, queremos aplicar esse aprendizado para conquistar novos mercados". (GTPlan/Divulgação)

Daniel Giussani
Daniel Giussani

Repórter de Negócios

Publicado em 3 de dezembro de 2024 às 15h01.

Você já pode ter passado por isso, ou conhecido alguém que passou: uma cirurgia pré-marcada ser cancelada em cima da hora, às vezes sem uma explicação concreta.

A razão pode estar na falta de um remédio ou insumo essencial que o hospital nem sabia que estava acabando.

O empreendedor Thiago Fialho conhece bem essa realidade. Ele trabalhou por anos cuidando do estoque de hospitais. Quando se juntou ao sócio Gláucio Dias, decidiu criar uma empresa para ajudar as instituições de saúde a controlarem melhor seus estoques.

Foi assim que nasceu a GTPlan, uma empresa que hoje atende 700 clientes, incluindo nomes de peso como o hospital Sírio-Libanês e o Hapvida.

Criada em 2009, a GTPlan ampliou suas operações para os Estados Unidos com a SupplyMind, uma solução focada no mercado hospitalar americano.

Mas agora, os empreendedores decidiram virar a chave. A empresa vendeu a operação internacional por 30 milhões de reais e pretende usar os recursos para acelerar sua expansão no Brasil.

"Foi uma proposta irrecusável de uma empresa californiana. Vamos usar esses recursos para consolidar nossa liderança no Brasil e investir em soluções mais acessíveis e eficazes", diz Fialho.

Qual é a história da GTPlan

A GTPlan começou a partir da experiência prática de seus fundadores no setor hospitalar.

Gláucio Dias, com formação técnica em ciências da computação e um mestrado em engenharia, conheceu Thiago Fialho em 2008, durante a implementação de projetos de estoque em hospitais.

Fialho, engenheiro com passagem pelo Hospital São Luiz, já lidava diretamente com os desafios da gestão de estoques hospitalares.

"Era um setor extremamente carente, tanto de processos quanto de tecnologia", diz Fialho. "No São Luiz, as coisas ainda estavam mais avançadas, mas em muitos hospitais ainda eram muito deficitários".

A parceria entre os dois resultou na fundação da GTPlan em 2009.

Inicialmente, a empresa focava exclusivamente no setor hospitalar, com soluções voltadas à governança de estoques e segurança do paciente.

O grande salto veio com a adoção de tecnologias de nuvem. "Fomos a primeira empresa nacional a levar plataformas de supply chain para a nuvem. Isso nos posicionou como uma referência em inovação no mercado de saúde”, afirma Dias.

O que a GTPlan faz

Embora tenha começado focada no setor hospitalar, a GTPlan expandiu suas operações para atender indústrias e distribuidoras.

Hoje, a empresa opera uma plataforma de mensalidade, que auxilia na gestão de estoques, reposições e previsões de demanda.

Entre seus clientes estão hospitais como Hapvida e Unimed Campinas, mas também grandes indústrias como Gerdau, Suzano e Votorantim.

"Atendemos nichos variados, sempre com foco em garantir a disponibilidade de produtos e reduzir custos", afirma Fialho.

A plataforma da GTPlan é preditiva, utilizando algoritmos próprios para antecipar demandas futuras e otimizar a reposição de estoques.

"É uma tecnologia autoral, criada para resolver problemas reais, como evitar desperdícios e garantir a segurança do paciente", diz Dias.

Por que o Brasil agora

O mercado de supply chain na saúde vive um momento crítico.

A pandemia trouxe uma crise de custos para os hospitais, agravada pela alta do dólar e pela inflação de insumos médicos.

Apesar disso, o setor de supply chain no Brasil, mais amplo, está em plena expansão, com projeções de crescimento de 50% até 2024.

Para a GTPlan, isso significa uma oportunidade única.

A empresa, que movimentou 25 bilhões de reais em transações em 2024, com faturamento de 30 milhões de reais, projeta um crescimento de 30% na receita em 2025.

"Há uma demanda reprimida por eficiência e tecnologia no setor hospitalar. Nosso objetivo é atender essa demanda com soluções que realmente funcionem", diz Fialho.

Por que vender a operação nos EUA

A SupplyMind foi criada em 2016, quando a GTPlan buscava expandir sua atuação para o mercado americano, famoso pelo tamanho e pelos investimentos massivos em tecnologia.

“Queríamos estar onde a inovação acontece", diz. "Nos Estados Unidos, aprendemos muito sobre como operar em mercados competitivos e desenvolver soluções para grandes players de saúde”, diz Dias.

Apesar dos aprendizados e do crescimento da operação, a decisão de vender foi motivada por um conjunto de fatores.

O principal foi a proposta de uma empresa californiana, que ofereceu 30 milhões de reais pela operação e que já

“Além do valor ser muito atrativo, o momento no Brasil nos mostrou que havia mais oportunidades por aqui. Vimos que fazia mais sentido concentrar nossos esforços no mercado nacional”, afirma Fialho.

Quais são os planos futuros

Com os recursos da venda da SupplyMind, a GTPLAN vai investir no lançamento de novos módulos de inteligência artificial e automação, voltados para hospitais e indústrias. A meta é alcançar 45 milhões de reais em receita no próximo ano.

Além disso, os sócios têm planos de voltar ao mercado internacional em 2026, mirando Europa e Ásia.

"Aprendemos muito nos EUA", diz. "Agora, queremos aplicar esse aprendizado para conquistar novos mercados".

Acompanhe tudo sobre:StartupsHospitaisEstoques

Mais de Negócios

Com Black Friday, pequenas e médias empresas digitais faturam R$ 601 milhões em novembro

A Paderrí quer ver os brasileiros comendo brioches — e já fatura R$ 90 milhões

CloudWalk levanta R$ 2,7 bilhões em maior FIDC da história da empresa

Como a nova safra de apps de namoro quer mudar experiência do usuário?