Claudio Dias, da Magis5: "a gente acredita que nosso crescimento se dará por aquisição, e não por venda da empresa" (Magis5/Divulgação)
Repórter de Negócios
Publicado em 28 de agosto de 2023 às 14h55.
A paulista Magis5 aproveitou o boom do marketplace na pandemia para crescer. O negócio fornece a pequenas e médias empresas um integrador de vários marketplaces A ideia é que, em uma única plataforma, o vendedor consiga gerir e organizar as vendas em vários sites diferentes.
Como o negócio nasceu um ano antes da covid-19, quando a crise sanitária estourou no país, a operação já estava estruturada. Aí, foi só aproveitar o movimento de crescimento acelerado das vendas pela internet. Uma pesquisa da Neotrust mostrou que, em 2021, o faturamento por e-commerce foi de 161 bilhões de reais, 26,9% a mais do que em 2020 e 113,9% a mais do que em 2019.
Na Magis5, não foi diferente. O faturamento foi triplicando ano após ano. Em 2020, faturaram 700.000 reais. Em 2021, triplicaram para 3,2 milhões de reais. Em 2022, bateram os 10 milhões de reais.
“A pandemia foi muito triste, mas também foi determinante para nosso sucesso”, diz o CEO Claudio Dias. “Cresceu muito o volume de pedidos e de gente usando marketplaces. Até porque o marketplace tem uma diferença em relação a outros negócios, porque eles não têm barreira de entrada. Você vira vendedor na hora”.
Para 2023, a meta é faturar 22 milhões de reais, e chegar ao ano que vem batendo os 30 milhões de reais em faturamento. Na perspectiva de crescimento, estão as adições de novos marketplaces na plataforma. A mais nova adição é a Shein, que já é o terceiro e-commerce mais acessado do Brasil, de acordo com o Relatório dos Setores de E-commerce divulgado pela agência SEO Conversion.
A Magis5 é uma integradora de marketplaces. Ela junta várias empresas diferentes, como Mercado Livre, Shopee e, mais recentemente, Shein, e permite que uma pequena ou média empresa anuncie nessas várias plataformas por um único sistema. Nesse mesmo sistema, se a pessoa vender uma unidade do produto na Mercado Livre, o estoque é automaticamente ajustado em todos os outros marketplaces.
“A ideia é facilitar e automatizar a vida de quem está vendendo nesse marketplace”, diz Dias. “Imagina que o cliente, sem automação, faz 1.000 vendas por dia e precisa cuidar de tudo isso manualmente. Se não tiver automação, ele não consegue”.
Nesse processo, a Magis5 fatura cobrando uma mensalidade pelo uso da plataforma e também uma taxa em cima de cada compra faturada.
Dias brinca que a empresa nasceu em um grupo de WhatsApp. O empresário estava em um grupo com outros empreendedores quando conheceu seu sócio, Vitor Mateus Lima. À época, Lima era desenvolvedor em uma empresa de tecnologia e, no tempo livre, vendia produtos no Mercado Livre com ajuda de sua mãe. Como a mãe já tinha quase 70 anos, não conseguia lidar tão bem com muitas informações sobre vendas, como endereços e despachos. Por isso, Lima começou a automatizar o processo para ajudar a mãe.
“Nisso, eu e Lima marcamos um café em uma padaria para falar mais sobre o negócio e decidimos criar uma facilitadora para e-commerce”, afirma Dias. “Em 2018, estruturamos o negócio e lançamos a empresa em 2019”.
No primeiro ano, faturaram 158.000 reais. Depois, com a pandemia e o boom dos e-commerces, o faturamento escalou. Agora, enfrentam um desafio, que é continuar adquirindo clientes com a estabilidade do e-commerce. O crescimento acelerado da pandemia sossegou. Pelo contrário, no primeiro semestre de 2023, houve até uma leve queda nas vendas pela internet. Agora, há um ensaio de recuperação.
“O primeiro semestre teve retração, mas já retomamos no segundo semestre”, diz o CEO. “De junho para cá, voltamos a crescer na média de 10% por mês, que é a nossa média. Não está tão acelerado como foi na pandemia, mas é um crescimento. E a chegada de novos players, como a Shein, colocam a gente numa posição bem privilegiada”.
A parceria com a Shein vai permitir que a Magis5 integre em sua plataforma o e-commerce da chinesa. Ou seja, quem usar a ferramenta da Magis5, além de marcas como Amazon, Mercado Livre e Shopee, também poderá gerir as vendas da Shein.
“É uma expectativa gigantesca”, diz Dias. “A Shein tem dois modelos de venda: a direta por eles, por cross border e centros de distribuição, e por sellers, em um modelo de marketplace. Eles estão crescendo muito e tem muito potencial de crescimento ainda”.
Contando todos os marketplaces que têm na plataforma, a Magis5 quer movimentar 8 bilhões de reais em 2023, o dobro do ano passado.
Para crescer nos próximos anos, a Magis5 traçou algumas metas.
Também não descartam novos aportes. Em 2020, tiveram o primeiro investimento anjo, de 100.000 reais liderado pela Bossanova. Em 2022, fizeram uma rodada pre-seed de 4 milhões de reais e outra, seed, de 10 milhões de reais liderada pela Parceiro Ventures. Para ano que vem, miram uma Series A.
Acreditamos que vamos crescer por meio de aquisição”, afirma Dias. “Já compramos uma empresa. Estamos atrás de outra. Queremos atender toda a demanda do vendedor. A gente acredita que nosso crescimento se dará por aquisição, e não por venda da empresa. Queremos nos tornar o principal player”.