Negócios

Ele tem um "cardápio de startups" para grandes empresas sem braços para a inovação

Gilmar Batistela é o fundador da Evox Global, multinacional que já certificou 100 startups e ajudou mais de 20 grandes corporações

Gilmar Batistela, presidente e fundador da Evox Global: "Nosso cliente é a empresa, não a startup"

Gilmar Batistela, presidente e fundador da Evox Global: "Nosso cliente é a empresa, não a startup"

Laura Pancini
Laura Pancini

Repórter

Publicado em 21 de outubro de 2024 às 11h55.

Última atualização em 21 de outubro de 2024 às 13h49.

Nos últimos anos, os investidores vêm tendo mais cautela na hora de investir em startups. Depois de 'queimar dinheiro' em empresas que não geraram resultados, eles querem apostar em algo que já tenha uma expectativa mais clara de retorno. Essa mudança no clima é uma das forças motivadoras da Evox Global, multinacional que conecta empresas e startups.

A Evox Global avalia e certifica startups, garantindo que suas inovações funcionem bem, e depois apresenta essas tecnologias para as empresas, acompanhando todo o processo de implementação. "É como se fôssemos o canal de venda das startups, enquanto ainda somos o canal de inovação das grandes empresas", diz a sócia e diretora Natália Garcia.

Um exemplo foi a parceria com a empresa de pagamentos ELO. A marca de cartões se tornou uma das protagonistas do piloto do Real Digital (Drex), liderado pelo Banco Central, com ajuda da Evox Global. A ELO necessitava de uma parceira tecnológica especializada em blockchain, e a multinacional identificou a Bitshopp, uma startup com experiência no uso da tecnologia específica para o projeto. A parceria abriu novas oportunidades para a Bitshopp e também destacou a ELO dentre o projeto do Drex.

Quem está por trás da Evox Global?

Em apenas dois anos no Brasil, a Evox Global já certificou 100 startups e fechou parceria com mais de 20 grandes corporações. Ela começou nos Estados Unidos, no Vale do Silício, pelo empreendedor paulista Gilmar Batistela em 2019. Ele havia acabado de vender a Resource IT, sua empresa de software que chegou a ter um quadro de 3 mil funcionários, após anos no mercado de tecnologias para o mercado corporativo.

A trajetória de carreira mostrou para Batistela que as empresas, especialmente os grandes bancos, não poderiam mais depender de produtos desenvolvidos sob medida, que eram lentas e caras. Elas precisariam de tecnologias prontas que pudessem ser implementadas rapidamente, sem a necessidade de "reinventar a roda".

Foi a partir dessa percepção que ele criou a Evox Global, conectando grandes corporações a startups certificadas. Apesar de focar em tecnologias como blockchain, inteligência artificial (IA) e internet das coisas (IoT), a empresa também tem investido em greentechs voltadas à gestão de resíduos e crédito de carbono.

Para Batistela, essa é uma área com grande potencial, que deve crescer nos próximos anos, impulsionada por exigências regulatórias e a crescente preocupação com ESG nas grandes corporações. A Evox Global, por exemplo, ajudou uma instituição financeira que buscava melhorar a estratégia em volta de ações de sustentabilidade.

A tecnologia implementada, por uma startup cujo nome não foi relevado, foi uma calculadora de crédito de carbono que permite aos consumidores visualizarem, diretamente na fatura do cartão de crédito, as emissões de CO2 geradas por suas compras. Essa iniciativa contribuiu para o fortalecimento da estratégia ESG do cliente, alinhando-a às tendências globais de sustentabilidade​.

Menu principal

Para encontrar as startups que vão entrar no "cardápio da casa", a Evox Global procura por elas no Brasil e no exterior, principalmente em ecossistemas de inovação como o Vale do Silício e Israel. As startups também podem se candidatar ou ser indicadas por investidores.

Há um grupo de conselheiros formado por profissionais ligados ao mercado corporativo e de startups que fornece orientações sobre como identificar startups promissoras. Eles também contribuem para criar pontes com fundos de investimento.

Encontradas, as startups passam por um processo rigoroso de certificação, que envolve a análise de 67 critérios. "Nosso trabalho é resolver problemas das empresas, mas com segurança", diz Batistela. "No final, nós temos que atender o cliente [...] o nosso cliente é a empresa, não a startup".

Esses critérios incluem:

  • Qualidade e maturidade da tecnologia;
  • Capacidade de resolver problemas específicos de negócio;
  • Segurança cibernética da solução;
  • Saúde financeira da startup;
  • Histórico e experiência dos fundadores e equipe.

Após a certificação, a plataforma conecta a startup ao cliente corporativo. A Evox Global, então, monitora todo o processo de implementação, assumindo a responsabilidade pelo contrato e pelo sucesso da solução entregue.

Em alguns casos, a empresa avalia a possibilidade de investir na startup certificada e adquirir uma participação. Assim, também ajuda a empresa a escalar suas operações.

Acompanhe tudo sobre:StartupsInvestimentos de empresasempresas-de-tecnologia

Mais de Negócios

A3Data se prepara para novo salto com IA Generativa no centro da estratégia

Farmácia online? Com novidade, Amazon pode gerar US$ 2 bilhões neste ano

Sebrae lança programa que dará 100% de aval a negócios conduzidos por mulheres

Com dívida bilionária e novo CEO, esta rede de restaurantes dos EUA tenta se reerguer