Lucas Azevedo, da Wit Experience: "Queremos ser o maior centro de P&D do país” (Wit Experience/Divulgação)
Repórter de Negócios
Publicado em 12 de setembro de 2023 às 07h03.
Última atualização em 12 de setembro de 2023 às 16h15.
O recifense Lucas Azevedo teve as primeiras experiências no mundo do empreendedorismo muito cedo. O primeiro negócio foi aos 10 anos de idade. Morando nas palafitas da capital de Pernambuco, ele pegou uma cartela de brincos que a tia havia jogado fora.
A bijuteria custava 50 centavos. Azevedo a vendeu na escola por 1 real. Já a primeira quebra foi aos 18. Com os conhecimentos em tecnologia que adquiriu durante a adolescência, criou uma empresa de desenvolvimento de software, que durou pouco tempo.
“No auge dos meus 18 anos, abri a primeira empresa formal, um andar no prédio do Recife Antigo”, afirma Azevedo. “Coloquei computador, tudo que tinha direito. Peguei tudo que eu tinha e não tinha, mas a empresa não durou tempo. Eu sou um nerd de tecnologia que tive que aprender o negócio. É diferente dos caras que são bons de negócio e resolvem aprender tecnologia. Faltava processo, faltava formação, e a empresa quebrou”.
Já casado, Azevedo foi trabalhar como ambulante, vendendo geladinho na rua. Voltou a guardar dinheiro para empreender novamente. Aí, usou os aprendizados do erro anterior com os anos em que empreendeu ainda no colégio e na adolescência para lançar a Wit Experience. A empresa desenvolve softwares e hardwares para outras companhias.
Um dos produtos que desenvolveram é um sistema para um cachorro-robô. Uma máquina que parece um cachorro, da Boston Dynamics, e que a Wit fez o software que serve para cobrir perímetros de indústrias, fazendo monitoramento de empresas. A máquina também é capaz de identificar pessoas não autorizadas em ambientes específicos, reconhecer fogo, barulhos de tiro e checar mudanças de temperatura em ambiente fabril.
Com a Wit Experience, vão faturar 10 milhões de reais neste ano e 40 milhões de reais no ano que vem. O objetivo da empresa é chegar a 2025 faturando 100 milhões de reais.
Depois de vender o brinco no colégio, Azevedo começou a pensar em outras possibilidades de fazer dinheiro. Aos 12 anos, começou a vender cupcake em frente a universidade Uninassau, em Recife. Foi aí que começou a aprender conceitos como fluxo de caixa e faturamento. “Depois, as pessoas já conheciam o cupcake e comecei a vender direto na padaria, assim foi entrando mais dinheiro”.
Aos 16, ouviu falar sobre as startups que nasceram nos “fundos de garagem” no Vale do Silício, e foi estudar mais sobre tecnologia. Estar em Recife ajudou, pois é uma cidade com apelo forte à tecnologia, como o Porto Digital. Azevedo aprendeu a programar e, aos 18 anos, abriu seu primeiro negócio formal, uma empresa de softwares. Só que a empresa não tinha processos bem definidos de captação de cliente, comercial e de gestão de processos. Logo, o caixa começou a ficar vazio e o negócio faliu.
A Wit Experience foi criada há seis anos para construir soluções customizadas para outras empresas por meio de design e tecnologia. A empresa desenvolve desde painéis para eventos até softwares e robôs para indústrias usarem em suas plantas.
“Na prática, queremos ser o maior centro de P&D do país”, diz Azevedo. “Queremos desenvolver tecnologia de produção 100% nacional, especialmente quando o assunto é hardware de alta complexidade. Através de pesquisa e desenvolvimento, vamos viabilizar a implantação e gestão de infraestruturas críticas, como refinarias, plataformas, parques solares e eólicos, hidrelétricas, estaleiros, instalações industriais, mineradoras e siderúrgicas”.
A ideia é que a empresa procure a Wit, e a partir de uma conversa, desenvolvam junto as tecnologias que a companhia necessita. “Nós não temos um produto ou serviço de prateleira e talvez esse seja nosso maior desafio na hora de explicar o que fazemos”, diz.
Atualmente, a empresa conta com duas unidades: uma em São Paulo e outra em Recife. Além do robô, já desenvolveram, por exemplo, um sistema de realidade virtual para o projeto Vamos Falar de TDAH que ajudou a identificar crianças com TDAH, e digitalizaram uma exposição do Sesi sobre o impressionista Durval Pereira.
A Wit Experience tem duas frentes de negócio hoje: fazer produtos digitais, como sites e softwares, e fazer os robôs e equipamentos de hardware. O faturamento é dividido, mas o “arroz com feijão” ainda são as plataformas.
O desafio da Wit é fortalecer a parte de hardware, que é o grande desejo de Azevedo. A ideia da empresa é transformar a empresa em um grande centro de pesquisa e desenvolvimento, mas falta ainda homologar algumas linhas de fomento. A boa notícia é que há cerca de 170 linhas disponíveis para fomentar pesquisa, e elas estão no radar da startup.
Para isso, também vão buscar mais clientes. Hoje, há uma limitação: como eles desenvolvem o equipamento e a tecnologia do nada, precisam que projetos cujo faturamento seja de, no mínimo, 300.000 reais. “Nos pequenos projetos, o custo é alto e não compensa”.
A primeira quebra ajudou Azevedo a ter um desenho mais estruturado de sua empresa agora. Entre os aprendizados, ficou: